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Como analisar perfis falsos e robôs em campanhas eleitorais

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • 10 de nov.
  • 8 min de leitura

No ambiente digital das disputas eleitorais, perfis falsos e robôs migraram do submundo dos fóruns ao protagonismo na manipulação de debates e resultados. Eu, João Pedro G. Reis, Diretor Executivo da Communicare, já testemunhei em diferentes pleitos como contas inautênticas podem transformar uma eleição, e não apenas nas urnas, mas influenciando a percepção pública, pautas e até a reputação de candidatos ou entidades.

Para quem atua como candidato, assessor, membro de conselhos profissionais, liderança sindical ou gestor público, compreender os métodos para analisar e detectar essas práticas é condição básica para proteger a própria integridade e a do processo democrático. Ao longo deste artigo, vou apresentar uma jornada prática sobre como identificar, analisar e agir contra perfis falsos e robôs em campanhas eleitorais.


O impacto dos perfis falsos e robôs nas eleições


Imaginar que a opinião pública digital reflete somente cidadãos reais é um equívoco perigoso. Estudos recentes mostram que, por trás de números impressionantes de seguidores, curtidas ou compartilhamentos, pode se esconder uma ação coordenada por robôs ou perfis falsos com objetivos específicos de manipulação.

Segundo o pesquisador Sérgio Denicoli, da Universidade do Minho, cerca de 20% dos perfis nas redes sociais são falsos e criados para interferir no processo eleitoral brasileiro, representando uma ameaça real à democracia (fonte). Eu já vi na prática como esses perfis conseguem espalhar desinformação, criar tendências artificiais de hashtags e até mesmo intimidar adversários.

  • Perfis falsos são operados manualmente, costumam se passar por pessoas reais e desempenham o papel de influenciadores ou apoiadores inexistentes.

  • Robôs, ou bots, são scripts automatizados capazes de postar, compartilhar, curtir ou responder a comentários em massa, simulando engajamento orgânico.

O Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro monitorou o impacto dessas contas nas últimas eleições e detectou uma influência assustadoramente alta: no início das campanhas de 2022, metade dos retuítes favoráveis a um grande candidato era feita por robôs, enquanto o grupo do outro candidato teve 25% das interações impulsionadas por automação (estudo do ITS-Rio).


Como identificar perfis falsos em redes sociais eleitorais


Em minha experiência, a identificação de perfis falsos começa sempre com uma análise minuciosa das características do perfil e seu comportamento. Existem sinais clássicos que, quando observados em conjunto, quase sempre indicam atividade inautêntica. Veja alguns pontos práticos:


1. Análise do perfil e da foto


A ausência de foto real, uso de imagens de bancos gratuitos ou fotos de celebridades são comuns. Já flagrei perfis usando a mesma foto para nomes diferentes ou usando rostos gerados por inteligência artificial, esses últimos, às vezes, exibem detalhes irreais, como orelhas assimétricas ou fundos borrados.


2. Dados pessoais suspeitos


  • Nomes muito genéricos ou compostos apenas por palavras comuns

  • Falta de informações pessoais, como cidade, ocupação ou até data de nascimento

  • Biografias vazias ou textualmente repetitivas, copiando frases de outros perfis


3. Atividade e comportamento


Perfis falsos costumam ser extremamente ativos em determinados períodos, promovendo pautas específicas, repetindo comentários ou respondendo apenas sobre temas políticos. Muitas vezes, desaparecem após as eleições ou quando questionados por outros usuários.


4. Relações e conexões


  • Amizades e seguidores em grande número, porém sem interação real

  • Listas de amigos formadas, em sua maioria, por outros perfis igualmente falsos

  • Curtidas e comentários em perfis de políticos ou páginas ligadas a campanhas

Ao trabalhar a comunicação de mandatos e campanhas eleitorais na Communicare, costumo alertar os clientes: "Perceba a coerência entre o discurso e a rede de amigos do perfil. Você identifica conexões genuínas? Ou só se vê elogios, curtidas automáticas e poucas publicações pessoais?"


Robôs: como diferenciar humanos de scripts?


Detectar robôs exige um olhar atento ao ritmo, horário e padrão das interações. Em vários casos que acompanhei, campanhas digitais viram picos súbitos de engajamento justamente durante a madrugada ou em horários atípicos, sempre com mensagens repetidas em diferentes páginas.

Padrão mecânico é sintoma de automação.

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas revelou que, em apenas uma semana do segundo turno de 2018, 43% das interações no Twitter de um candidato e 28,4% das de seu adversário vinham de robôs (dados da FGV). Isso ilustra o tamanho da influência dessas contas. Para desmascará-las, note estes sinais:

  • Volume absurdo de postagens, centenas por dia, sem pausas

  • Repetição exata das mesmas frases, hashtags ou emojis em horários padronizados

  • Respostas automáticas a diferentes comentários e tópicos

  • Fusos horários incompatíveis com o padrão brasileiro

  • Agenda de atividades 24 horas por dia, sem interrupções para sono ou lazer


O papel dos robôs na manipulação de opinião


Muitas campanhas recorrem a robôs para criar a falsa impressão de um apoio massivo. Em 2020, por exemplo, uma plataforma global removeu dezenas de contas e páginas do Facebook e Instagram ligadas a grupos coordenados de perfis falsos, empregados para amplificar candidatos nas eleições municipais do Espírito Santo (relatório).

Quando o engajamento parece bom demais para ser verdade, desconfio e examino os perfis por trás das interações mais entusiasmadas do período. Surgem padrões repetitivos, avatares genéricos, perfis recém-criados e pouco histórico de postagens. Isso merece alerta e investigação detalhada.


Métodos e ferramentas para análise prática dos perfis


O processo de análise nunca depende apenas da intuição. Hoje, felizmente, é possível segmentar etapas e usar recursos confiáveis para aprofundar a investigação.


1. Monitoramento manual


Em minha atuação pela Communicare, já montei planilhas de monitoramento cruzando informações básicas de perfis suspeitos. O objetivo era buscar padrões, como imagens repetidas, frases idênticas ou listas idênticas de amigos. O monitoramento manual requer dedicação, mas é insubstituível para avaliar contexto, motivação e eventuais contatos diretos dos perfis suspeitos.


2. Ferramentas digitais de auditoria


Ferramentas de análise de redes sociais podem automatizar parte desse trabalho:

  • Levantamento de padrões de postagem atípicos

  • Indicação de conexões comuns entre grupos de perfis

  • Resumos estatísticos sobre tipo e frequência de interações

  • Detecção de clusters suspeitos de engajamento

Uma dica importante é conferir as orientações da Communicare sobre monitoramento de desinformação eleitoral em tempo real, onde apresento recomendações e exemplos úteis para equipes de campanha e entidades públicas.


3. Investigações aprofundadas para conselhos e sindicatos


Quando o objetivo é proteger conselhos de classe, dirigentes sindicais ou associações, oriento a realizar buscas cruzadas de nomes, fotos e frases nos mecanismos de pesquisa e em plataformas como LinkedIn ou redes fechadas, para checar possíveis duplicidades ou perfis reciclados.

Investigue o padrão de criação: perfis com datas de nascimento idênticas, registros simultâneos ou poucas postagens antigas costumam ser sintoma de fraude eleitoral.


4. Cruzamento com listas conhecidas


Muitas plataformas mantêm listas públicas de contas removidas, banidas ou sinalizadas por comportamento inautêntico. Comparar perfis suspeitos com essas referências pode contribuir para a rápida filtragem de ameaças. Inclusive, escrevi sobre sinais de fraude em eleições sindicais e respostas rápidas para organizações do setor.


Como campanhas se defendem em contextos de manipulação


Ao longo dos anos na Communicare, criei protocolos de defesa orientados à agilidade e resposta pública. Sugiro a todas as campanhas e mandatos que adotem uma estratégia que inclua desde treinamentos até a contratação de auditorias digitais para períodos críticos. Veja algumas recomendações que sempre compartilho com equipes de campanha:

  • Capacitação de equipes para identificar padrões suspeitos

  • Atualização constante dos contatos para denúncias rápidas às plataformas

  • Criação de fluxos de resposta pública, com comunicados para diferenciar ataques automatizados da participação orgânica de apoiadores

  • Uso de relatórios diários para comparar padrões normais e atípicos de engajamento

  • Planejamento de campanhas de esclarecimento e fortalecimento de base

Já presenciei casos em que a resposta rápida foi o diferencial entre sucesso e fracasso eleitoral. O isolamento imediato de ataques coordenados protegeu reputações e antecipou estratégias de adversários. E também vi como a falta de preparo expôs campanhas desinformadas ao ridículo público.


Desinformação eleitoral: ação coordenada e suas evidências


Perfis falsos e robôs são apenas parte da engrenagem de campanhas de desinformação, que envolvem desde a criação de páginas e grupos até o disparo de fake news, deep fakes e teorias conspiratórias. Identificar as evidências dessas ações exige visão sistêmica e monitoração constante.

Eu costumo afirmar: “Não existe proteção absoluta, mas sempre podemos minimizar riscos com informação, organização e trabalho conjunto”. Nos materiais da Communicare sobre captação de evidências digitais contra fake news nas eleições, compartilho passos detalhados para coletar e organizar provas desses ataques para uso jurídico ou midiático.

E se a dúvida persistir se uma notícia é ou não produto de automação, recomendo sempre acompanhar orientações recentes sobre identificação rápida de fake news nas eleições de conselhos, onde abordo, inclusive, os impactos sobre diferentes segmentos do setor público e privado.


O papel da comunicação estratégica na resposta aos ataques digitais


No calor do embate eleitoral, a comunicação rápida, consistente e baseada em dados é a melhor defesa para qualquer instituto, candidato ou liderança atacada por perfis falsos e robôs. Em diversas campanhas pelas quais fui responsável, o uso ágil de comunicados oficiais, boletins de monitoramento e campanhas educativas gerou impacto duplo:

  • Reduziu o alcance de conteúdos artificiais

  • Fortaleceu a confiança dos apoiadores e do público indeciso

Transparência e agilidade sustentam reputações.

Comunique sempre que detectar ataques automatizados, seja por nota oficial, seja com material informativo em suas redes. Consistência e recorrência consolidam autoridade, transformando crises digitais em oportunidades de vínculo com o eleitor.


Governança digital: prevenção e construção de credibilidade


Cada vez mais, entidades e campanhas buscam se preparar preventivamente diante dos riscos de sabotagem digital. Defendo fortemente a criação de núcleos de governança digital ou, no mínimo, de rotinas básicas de vigilância e resposta. Estas são ações indispensáveis em contextos de polarização e altas taxas de automação.

  • Revisar periodicamente as práticas de segurança de redes e acessos

  • Elaborar relatórios de risco orientando como proceder frente a picos atípicos de engajamento

  • Estabelecer canais diretos com advogados, jornalistas e técnicos de TI

Na Communicare, desenvolvo rotinas associando auditoria manual e digital para mandatos, conselhos e sindicatos. Com isso, clientes ficam mais protegidos e preparados para agir em situações-limite, fortalecendo seu nome diante da sociedade e do mercado político.


Conclusão


Perfis falsos e robôs são ameaças reais à integridade das campanhas eleitorais e à credibilidade de lideranças e entidades. Em um cenário onde até 20% dos perfis nas redes são construídos para manipular, apenas equipes e projetos preparados conseguem minimizar os danos e transformar crises em oportunidades de fortalecimento.

Ao longo deste artigo procurei apresentar sinais práticos e exemplos diretamente conectados ao cotidiano de campanhas, sindicatos, associações, conselhos e mandatos. É fundamental trazer a temática para dentro das rotinas diárias, envolver equipes, criar fluxos de resposta e manter-se informado. Como diretor executivo da Communicare, atuo para garantir que nossos parceiros estejam sempre um passo à frente em defesa dos valores democráticos.

Se você busca estratégias para identificar, analisar ou neutralizar ataques digitais em campanhas, conselhos ou mandatos, convido a entrar em contato conosco pelo formulário disponível no site da Communicare. Vamos juntos construir ambientes digitais mais seguros para o debate democrático brasileiro.


Perguntas frequentes sobre perfis falsos e robôs em campanhas eleitorais



O que é um perfil falso em campanha?


Perfil falso é uma conta criada em redes sociais ou plataformas digitais que finge representar uma pessoa real, mas na verdade serve para enganar, manipular debates ou ampliar artificialmente o apoio a candidatos ou ideias. Em campanhas eleitorais, esses perfis podem se passar por eleitores comuns, líderes de opinião ou até por candidatos fictícios, espalhando notícias falsas, atacando adversários ou alimentando boatos. Na Communicare, recomendo sempre verificar informações básicas, imagens e conexões do perfil para identificar funções suspeitas.


Como identificar robôs nas redes sociais?


Robôs, conhecidos como bots, são scripts automatizados que executam tarefas repetitivas, como postar, curtir, compartilhar ou responder em massa, quase sempre com padrões mecânicos ou horários atípicos. Para identificar, busque por perfis que publicam em ritmo acima do razoável, repetem frases ou hashtags igual em vários lugares e raramente interagem de forma natural. Ferramentas digitais e o monitoramento manual de padrões de postagem ajudam muito nessa filtragem.


Vale a pena denunciar perfis suspeitos?


Sim. Denunciar perfis suspeitos é parte de uma estratégia preventiva. As plataformas nem sempre agem rapidamente, mas a denúncia contribui para as investigações e, se comprovada, pode resultar na remoção do conteúdo ou da conta. Em situações de ataques graves, colete provas e comunique equipes jurídicas, TI e comunicação de sua campanha ou entidade.


Quais sinais indicam um robô eleitoral?


Os principais sinais são: volume exagerado de postagens diárias, mensagens publicadas em horários incomuns (madrugada), repetição de frases ou hashtags, perfis com poucas ou nenhuma informação pessoal, pouco ou nenhum conteúdo visual ou pessoal e interações anômalas. Se notar tais padrões, monitore com atenção e considere ferramentas de auditoria de redes recomendadas.


Onde encontrar ferramentas para análise?


Existem ferramentas digitais dedicadas a análise de rede, auditoria de engajamento e detecção de padrões atípicos. Muitas possibilitam rastrear clusters, analisar conexões e identificar fluxos coordenados. Para orientações práticas, costumo indicar a leitura do conteúdo da Communicare sobre monitoramento de redes e ataques coordenados, disponível em: como monitorar redes e identificar ataques coordenados. O apoio técnico profissional especializado potencializa a resposta e qualifica o diagnóstico nesses casos.

 
 
 

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