
Comunicação moderna em conselhos: como vencer o medo do erro
- João Pedro G. Reis

- há 9 horas
- 8 min de leitura
Em um mundo onde a informação circula rapidamente e cada decisão comunicada por conselhos pode alcançar milhares em poucos minutos, o medo de errar se intensifica. Nós, da Communicare, percebemos como essa angústia afeta conselheiros, associações e sindicatos em todas as esferas, e já acompanhamos muitos que perdiam oportunidades de fortalecer sua imagem justamente pelo receio da exposição negativa.
Nesse artigo, vamos mostrar que é possível vencer esse medo. No ambiente dos conselhos, a comunicação moderna nasceu tanto da necessidade de transparência quanto da pressão pública por posturas exemplares. Mas como minimizar riscos e criar fluxos consistentes? Quais técnicas realmente funcionam?
Convidamos você a pensar conosco sobre esses pontos, entender práticas de planejamento que reduzem falhas, e conhecer exemplos de quem superou crises institucionais construindo, a partir de dificuldades, respeito e autoridade setorial.
Errar pode ser doloroso, mas temer o erro é paralisar a ação.
O medo do erro: raízes das inseguranças nos conselhos
O receio de se expor publicamente é antigo, talvez mais antigo que muitos conselhos profissionais e entidades brasileiras. Com a evolução das redes sociais e da imprensa digital, o cenário se complexificou: hoje, qualquer deslize pode ser amplificado a níveis difíceis de controlar.
Em nossos projetos, observamos que esse medo se manifesta principalmente de três formas: insegurança pessoal dos porta-vozes, receio institucional de alimentar crises já latentes e o pânico em torno da transparência exigida por órgãos de fiscalização, como pode ser verificado pelo ranking criado pelo Tribunal de Contas da União que classifica conselhos segundo seus graus de transparência (ranking criado pelo TCU).
Porta-vozes hesitam em se posicionar em pautas de impacto social.
Sindicatos evitam responder prontamente a ataques, temendo agravamento público.
Departamentos de comunicação priorizam o “seguro demais”, perdendo agilidade e grau de engajamento.
Nossa experiência mostra que o primeiro passo é entender que errar é parte do processo de amadurecimento comunicacional. Na modernidade, inclusive, há espaço para ajustes públicos e demonstrações de evolução, quando trata-se o erro honestamente, o público reage com mais respeito e compreensão.
Como o medo de errar afeta a comunicação institucional?
Segundo diferentes levantamentos sobre conselhos de administração, conselheiros ainda priorizam a autodefesa ao comunicar, em vez da missão institucional de informar e mobilizar. Isso provoca efeitos consideráveis:
Atraso em notas públicas em momentos de crise;
Dificuldade em demonstrar resultados de gestões positivas;
Desconfiança de associados, que sentem ausência de posicionamento.
Quando o medo prevalece, perde-se o dinamismo necessário para enfrentar desafios. Um detalhe: embora todos estejam sujeitos a críticas, também é verdade que lideranças respeitadas se consolidam por meio das respostas que dão, e não apenas pela ausência de polêmicas.
Aprendemos, em diversas situações, que conselhos que erram e reconhecem o equívoco publicamente acabam criando laços mais sólidos com seus representados. O segredo está em como planejar para evitar falhas e, caso ocorram, apresentar respostas ágeis, claras e humanizadas.
Técnicas de planejamento que reduzem riscos
Para enfrentar o receio de exposição negativa, precisamos investir em planejamento. Isso vale tanto para grandes campanhas institucionais quanto para comunicados de rotina. Destacamos abaixo técnicas amplamente utilizadas, que já aplicamos com sucesso em campanhas políticas, sindicatos e conselhos de classe:
Mapeamento de riscos: Sempre orientamos nossas equipes a mapear possíveis interpretações negativas antes de qualquer publicação. Listamos cenários, avaliando as chances de polêmicas nas redes e nos colegiados. Isso virar rotina traz serenidade.
Aprovação em múltiplas etapas: Adotamos processos de dupla checagem e aprovação, reduzindo drasticamente a chance de erro. Uma redação passa pelo responsável de comunicação, depois pelo jurídico e, se necessário, pela presidência do conselho.
Simulações de crise: Realizamos exercícios práticos, onde criamos situações hipotéticas de crise. O time responde como em uma situação real, ajustando fluxos para torná-los mais ágeis.
Repositórios de respostas: Construímos bancos de respostas e documentos para questões sensíveis, permitindo reações assertivas sem improvisos.
Verticais de acompanhamento: Monitoramento constante das menções ao conselho, com relatórios periódicos que apontem tendências e sinalizem reclamações ainda discretas.
Como criar protocolos internos de checagem e aprovação?
A burocracia muitas vezes é vista como barreira e, de fato, muitas entidades sofrem com lentidão. Mas, em nossa experiência, criar protocolos não significa engessar, pelo contrário, um fluxo claro facilita decisões rápidas quando realmente necessário.
Definição dos níveis de sensibilidade: Não tratamos um post de aniversário da entidade da mesma forma que uma resposta a um ataque jurídico. Classificamos o grau de impacto de cada conteúdo.
Padronização dos responsáveis: Nominamos sempre quem opina e quem aprova, eliminando zonas cinzentas típicas de estruturas horizontais.
Checagem cruzada: Dois pares de olhos sempre enxergam mais que um só. Incluímos etapas em que ao menos dois setores revisem textos, artes ou vídeos antes de liberar o envio.
Checklist de publicação: Criamos listas objetivas para cada tipo de conteúdo, com tópicos rápidos, ortografia, legalidade, alinhamento com valores institucionais e, se pertinente, necessidade de consulta ao jurídico.
Logs e relatórios: Toda decisão é registrada. Se for preciso identificar onde houve falha, temos histórico para ajustar fluxos e prevenir reincidências.
Se essa estrutura soa um pouco trabalhosa, ressaltamos o quanto ela traz tranquilidade quando todos sabem exatamente os passos de cada tipo de comunicação. Com isso, arriscamos menos, e agimos mais.
Superando crises: exemplos reais de conselhos e sindicatos
Sabemos que teoria, na prática, é outra coisa. Por isso, trazemos situações vividas, discutidas e aprendidas em campo, algumas generalizadas para preservar confidencialidade.
O erro na publicação e a recuperação ética
Em certo conselho regional, uma nota foi publicada com um dado equivocado sobre atuação de fiscalizações. Em menos de duas horas, começaram críticas nas redes sociais (uma tempestade, como se costuma dizer). Nossa orientação foi direta: emitir um novo comunicado, expor o erro com sinceridade, retificar o dado e detalhar o compromisso de revisar processos internos.
O desfecho? A maioria dos comentários passou a elogiar a postura transparente. O episódio, transformado em exemplo de evolução, serviu para revisar vários outros fluxos internos e influenciou positivamente a cultura da organização. Essa experiência se conecta à discussão do fortalecimento da cultura comunicacional em conselhos.
Sindicatos e a tempestade das fake news
Em outro caso, uma associação sindical foi alvo de notícias distorcidas com potencial de abalar sua credibilidade. Em vez de se calar, a diretoria, com a assessoria da Communicare, adotou uma postura ativa:
Montagem de um QG digital: Acompanhamento em tempo real das menções, respostas rápidas a questionamentos e compartilhamento de informações detalhadas apenas com fontes seguras.
Vídeos-carta do presidente: Explanação clara dos fatos, reconhecendo limitações e reforçando políticas internas.
Interação direta com críticos respeitosos: Fomentar o diálogo transformou parte da oposição em apoio, mostrando que ouvir e dialogar pode surpreender positivamente.
Após o episódio, a associação ganhou novos associados, aumentou seu alcance digital e tornou-se referência para outras entidades que enfrentam dificuldades parecidas.
O papel da diversidade decisória
Não podemos deixar de citar que a presença de mulheres em conselhos brasileiros ainda é baixa, apenas 15,2% segundo o IBGC. Por incrível que pareça, equipes mais diversas, quando empoderadas, tendem a se arriscar mais em comunicação, por trazer visões complementares na gestão do medo de errar.
O avanço desses indicadores caminha junto ao amadurecimento institucional: aprendemos (e ensinamos) que diferentes trajetórias profissionais contribuem para diminuir a intolerância ao erro, tornando o debate interno mais rico e o ambiente menos hostil a tentativas legítimas de acerto.
Como lidar com a pressão pela transparência?
Transparência é exigência legal, mas, principalmente, instrumento de sustentabilidade institucional. O TCU destaca em seu ranking nacional que conselhos profissionais já evoluíram na publicação de informações em formato aberto, com alguns sistemas atingindo quase 100% do que determina a lei.
Mas a transparência não elimina o medo do erro: ela traz novas responsabilidades. Em nossa atuação, recomendamos:
Descentralizar a produção da informação, distribuindo tarefas entre áreas técnicas e comunicação.
Oferecer capacitação para todos os porta-vozes, inclusive não especialistas, para ampliar o domínio sobre temas sensíveis.
Monitorar tendências negativas e preparar respostas orientadas para dados, sempre que houver questões delicadas.
Nesse contexto, melhorar a comunicação assertiva em associações significa superar a hesitação e apresentar posições estratégicas sobre pautas de alta exposição, sempre com clareza e cuidado.
Boas práticas para superar o medo e errar menos
Nem só de protocolos vive a boa comunicação. Superar o medo passa também por mudanças culturais, que, sabemos, nunca acontecem da noite para o dia.
Formação contínua dos times: A cada semestre, sugerimos reciclagem para todos os envolvidos em comunicação institucional. Isso inclui não só comunicadores formais, mas presidentes, diretores e membros eventuais do conselho.
Ambiente de diálogo aberto: Encorajamos o debate interno sobre decisões comunicacionais críticas. Erros passados devem ser analisados sem caça às bruxas, apenas como oportunidades de ajuste.
Revisar políticas à luz das crises recentes: Toda vez que uma crise acontece, propomos revisar imediatamente os procedimentos. Essa agilidade impede a repetição dos mesmos equívocos.
Promover campanhas internas sobre aceitação do erro: Muitas organizações avançaram ao expor, dentro de casa, que errar é inevitável e que correção rápida importa mais do que acerto absoluto sempre.
Errar menos não significa nunca errar, significa estar pronto para agir e corrigir.
Para quem quer se aprofundar, já listamos 15 boas práticas em comunicação e relações institucionais, muitas delas, facilmente aplicáveis tanto para conselhos, quanto para associações e sindicatos de todo perfil.
Prevenção: quando errar se torna aprendizado público
Muitos conselhos compreendem, após uma crise, que o verdadeiro erro teria sido não falar, ou falar tarde demais. Transformar tropeços em cases de aprendizado público mostra que ali trabalham pessoas reais, acessíveis e comprometidas com a verdade.
Já elaboramos campanhas orientadas para transformar falhas em oportunidades de educação: lives, artigos, vídeos explicativos e Q&As que aproximam a entidade dos seus públicos, seja para explicar decisões polêmicas, admitir mudanças de rota ou fortalecer compromissos sociais.
O medo de errar trava, mas a transparência move.
Reforçamos: uma comunicação moderna e estratégica não está baseada em infalibilidade, mas em ética, planejamento prático e disposição para corrigir caminhos. E, acima de tudo, ela se constrói dia após dia, com humildade e coragem.
Conclusão: agir, aprender e transformar com a Communicare
Se há algo que a experiência da Communicare ensina, é que o medo do erro, por mais paralisante que pareça, pode ser vencido. Com organização, protocolos claros e coragem para dialogar com a sociedade, conselhos, associações e sindicatos podem, e devem, se tornar exemplos de comunicação transparente, rápida e construtiva.
Preparamos nossas estratégias para conselhos que buscam justamente esse avanço: proteger-se sem se ausentar, agir com responsabilidade sem paralisar pela dúvida, e construir alianças sólidas com públicos cada vez mais exigentes.
Se o seu conselho, sindicato ou associação quer fortalecer sua comunicação institucional, supere o medo do erro conosco. Fale com nossa equipe pelo formulário de contato da Communicare e descubra como podemos transformar juntos a reputação da sua entidade.
Perguntas frequentes
O que é comunicação moderna em conselhos?
Como perder o medo de errar ao falar?
Perder o medo de errar começa pelo preparo, e se consolida pela prática. Investir em planejamento, treinar porta-vozes, criar protocolos internos e debater publicamente decisões mais sensíveis reduz a ansiedade da exposição. Reconhecer que o erro faz parte, criar ambiente seguro para discussões e aprender com situações passadas também ajudam muito. O suporte profissional contribui para tornar esses processos mais naturais.
Quais são os principais erros em conselhos?
Entre os erros mais comuns estão a demora em responder a crises, a falta de clareza nos comunicados, a ausência de checagens rigorosas e o excesso de formalismo que impede uma comunicação mais próxima. Outro erro recorrente é o medo de assumir publicamente falhas, o que, na prática, afasta o público e gera mais desconfiança. Por isso, insistimos na importância de protocolos bem planejados e atualização constante das equipes.
Como melhorar a comunicação nos conselhos?
É indispensável investir em capacitação, construir fluxos claros de aprovação, usar ferramentas inovadoras e manter diálogo aberto entre todos os membros. Monitorar tendências externas, aprender com outras organizações, revisar protocolos após crises e estimular novas lideranças também transformam o cenário comunicacional. O apoio de especialistas em comunicação política e institucional acelera este processo.
Vale a pena investir em capacitação de comunicação?
Sim, e muito. Capacitação constante eleva o padrão dos porta-vozes, reduz erros, aproxima o conselho do público e fortalece a atuação institucional. Oferecer treinamentos e oficinas, além de reciclagens regulares, contribui para ampliar a segurança de quem comunica e previne desgastes por falhas evitáveis. Conselhos que investem nisso avançam mais rápido na construção de sua autoridade pública.




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