
Estratégias de comunicação eficazes durante a pré-campanha
- Carlos Junior
- 16 de out.
- 8 min de leitura
Quando começamos a falar de pré-campanha, invariavelmente nos deparamos com dúvidas sobre limites legais, estratégias viáveis e, principalmente, como posicionar um(a) candidato(a) de modo autêntico, relevante e sem cometer infrações eleitorais. Na Communicare, temos observado que a antecipação inteligente e o planejamento de comunicação nesse período podem definir o sucesso de uma candidatura, seja no campo político tradicional, institucional ou sindical.
A pré-campanha é uma fase de construção de reputação, e não de competição direta. É aqui que a semente do relacionamento com a sociedade é plantada. E, para que ela floresça, é preciso entender as regras, as pessoas e o tempo de cada coisa. Ao longo deste artigo, vamos caminhar juntos por ideias, exemplos e orientações para transformar a comunicação pré-eleitoral em um ativo valioso para candidatos, assessores e gestões públicas.
O que é pré-campanha e o que pode ser feito?
Primeiro, precisamos esclarecer: a pré-campanha não é uma miniatura da campanha eleitoral. Na verdade, trata-se do período anterior ao início oficial das campanhas, quando os candidatos podem se apresentar, mostrar sua trajetória, debater ideias e ampliar sua rede de contatos, desde que não haja pedido explícito – nem implícito – de voto.
Este é o momento de mostrar empatia e de se conectar com a população de modo legítimo. A legislação eleitoral brasileira, em especial a Lei nº 9.504/97, deixa claro: não se pode pedir votos, fazer promessas explícitas ou utilizar espaços e formatos reservados pela lei para o período oficial da campanha. Por isso, cada mensagem precisa ser pensada nos mínimos detalhes – e é aí que a estratégia faz toda a diferença.
“Pré-campanha é reputação, não disputa.”
Entre o que se pode e não se pode fazer, destacamos:
Apresentar ideias e opiniões sobre problemas locais, nacionais ou de interesse coletivo;
Participar de eventos, debates e fóruns, sempre focando em temas, não em promessas eleitorais;
Construir redes de relacionamento, ampliando a base de contatos;
Produzir conteúdos digitais informativos, educativos ou opinativos sem pedir votos.
Para um panorama detalhado sobre o que é permitido ou vedado nesse contexto, sugerimos conferir nosso guia sobre impulsionamento de conteúdo na pré-campanha em nosso blog.
Os objetivos reais da comunicação na pré-campanha
Nessa fase, o objetivo principal é criar um laço genuíno com público-alvo e fortalecer a reputação do(a) pré-candidato(a). É um processo de construção de imagem, reputação e credibilidade, que só terá frutos se for acompanhado de autenticidade.
Vale lembrar: pessoas ainda não estão pensando em candidatos. Estão preocupadas com problemas do bairro, questões de saúde, educação dos filhos, segurança local. Ou seja, antes de pensar em votos, é preciso alcançar relevância na vida delas.
Ampliar o conhecimento sobre quem é o(a) pré-candidato(a);
Destacar sua trajetória e valores;
Compreender e debater sobre dores da comunidade;
Ser reconhecido(a) como alguém acessível e confiável;
Construir pontes que facilitem a mobilização futura.
Em muitos casos que acompanhamos aqui na Communicare, vimos que o segredo está em falar das pessoas, não de si. Narrativas centradas nos reais problemas locais, ouvindo e interagindo, atingem níveis muito superiores de engajamento.
Conteúdos estratégicos: como definir o que comunicar?
A escolha dos conteúdos é um processo delicado. A partir de dados, análise de território e escuta social, desenhamos roteiros para cada frente de atuação do(a) pré-candidato(a). Mas, qual o melhor conteúdo nesse cenário?
Foco nos temas relevantes
Segundo estudos sobre análise de campanhas políticas em redes sociais, pautas regionais precisam ser adaptadas à percepção do público. Em regiões onde segurança é uma grande preocupação, falar sobre isso aproxima as pessoas. Onde serviços básicos falham, o debate deve ir direto à dor da comunidade.
Assim, sugerimos:
Identifique os temas mais discutidos localmente (por dados, redes sociais, pesquisa de campo ou conversas informais);
Construa argumentos a partir desses assuntos, mostrando conhecimento profundo – não promessas, mas reflexões e sugestões;
Apresente iniciativas que repercutam positivamente (ações sociais, apoios, participação em projetos);
Traga opiniões sobre fatos da atualidade, sempre respeitando os limites legais.
Exemplo prático
Imagine uma liderança sindical que, durante a pré-campanha, promove um almoço com profissionais da categoria. Nada de discursos sobre candidatura ou eleição. O papo gira em torno dos principais desafios do setor, conquistas históricas e ideias de melhorias. No final, todos saem sentindo que fizeram parte de uma construção coletiva. Essa vivência tende a criar mais proximidade que horas de falas protocolares.
Estratégias presenciais: a força do contato pessoal
No Brasil, gostamos de conversar olhando nos olhos. Reuniões informais, almoços, visitas a eventos comunitários ou encontros em sindicatos e associações são espaços muito potentes para gerar identificação – desde que não sejam transformados em palanques antecipados.
Evite menções à candidatura, eleição ou pedido de apoio;
Traga dados, exemplos e perguntas que estimulem o debate;
Seja porta-voz de interesses coletivos, não dos próprios projetos políticos.
Escutar é o segredo.
Muitas vezes, nestes encontros surgem histórias que podem inspirar os conteúdos digitais da pré-campanha, alimentando um ciclo de diálogo contínuo e construção coletiva.
Como abordar temas sensíveis?
Nem sempre é fácil discutir tópicos polêmicos de maneira neutra. Mas, ao adotar uma postura respeitosa e construtiva, o pré-candidato amplia as chances de ser percebido como alguém equilibrado. Estudos sobre transparência política nas redes sociais reforçam a necessidade de clareza e responsabilidade, inclusive fora do ambiente digital. Cada fala, cada reunião, é monitorada e pode viralizar rapidamente.
Estratégias digitais: presença ativa sem pedir voto
Não há como ignorar: as redes sociais são, hoje, praças virtuais de encontro. Boa parte do debate público é mediado pelo digital. Só que, diferente das timelines pessoais, a comunicação pré-eleitoral exige disciplina, consistência e compreensão profunda da dinâmica das plataformas.
É comum vermos pré-candidatos postando sobre datas comemorativas, fotos familiares ou eventos sociais. Mas, para além disso, é preciso criar valor, entregar conhecimento e ouvir o público.
Pilares para conteúdo digital na pré-campanha
Informação: notícias e análises sobre temas de interesse local ou setorial;
Conexão: vídeos e stories ouvindo pessoas, mostrando visitas, participações e bastidores da atuação;
Educação: dicas, explicações sobre direitos, debates sobre legislação;
Proximidade: lives, conversas abertas, enquetes e perguntas para estimular a participação.
A segmentação digital é outra frente de impacto. Segundo artigo publicado pela UFRJ, mensagens direcionadas por território ou faixa etária aumentam exponencialmente as chances de engajamento. Por isso, vale personalizar conteúdos por temas e linguagens adequadas a cada grupo de interesse.
Postar é ouvir, não só falar.
Frequência e regularidade
Não se constrói reputação sumindo das redes e voltando só perto do pleito. Regularidade é sinônimo de memória para o eleitor. Em nossa experiência, recomenda-se planejar um fluxo semanal de postagens, variando formatos (vídeo, texto, imagem, enquetes) e horários, equilibrando picos de audiência.
Recomendamos a leitura de nosso artigo sobre como construir uma narrativa impactante na pré-campanha política nas redes sociais.
O perigo do superficial: desinformação e engajamento raso
Segundo a socióloga Natasha Bachini, entrevistada na Rádio USP, a velocidade das mídias digitais pode tornar o debate político raso e facilitar a circulação de informações falsas. Para evitar esses riscos, é preciso investir em conteúdos consistentes, checagem rigorosa dos dados e respostas rápidas a boatos ou fake news.
Nós, da Communicare, sempre recomendamos três passos para um posicionamento digital sólido:
Adote fontes públicas ou confiáveis para fundamentar opiniões e análises;
Monitore conversas em tempo real, antecipando dúvidas ou distorções;
Foque em responder, esclarecer e interagir – jamais em polemizar por polemizar.
Reputação se constrói todo dia.
Microtargeting e base de contatos engajada
Não basta ser visto por muitos, mas por quem, de fato, importa. O microtargeting, segmentação minuciosa para grupos específicos, tem sido cada vez mais empregado. Dados do estudo sobre redutos eleitorais de São Paulo demonstram que concentrar esforços em determinados públicos ou territórios pode potencializar resultados, mesmo diante de classes políticas com perfil mais disperso.
Portanto, invista em criar bancos de contatos (respeitando as regras da LGPD), organizando listas por segmento (sindicalistas, conselheiros, moradores de bairros estratégicos). Comunique-se diretamente, usando mensagens personalizadas e canais privados, sem nunca extrapolar limites legais.
Como captar e dialogar com diferentes bases?
Use ferramentas de disparo de newsletters com temas de interesse local/setorial;
Mantenha grupos segmentados em aplicativos de troca de mensagens, com avisos, pesquisas e debates;
Ofereça participação em eventos fechados, palestras e lives.
Diversificação dos canais: presença integrada
Já não basta escolher entre estar presente só em uma rede social ou só em eventos presenciais. O ideal, quando pensamos em pré-campanha, é integrar canais digitais e presenciais, reforçando as mensagens e mantendo a autenticidade da narrativa.
Combine conteúdo em redes sociais, grupos de mensagens e plataformas profissionais;
Pense em podcasts, vídeos explicativos e newsletters como possibilidades para aprofundar temas;
Agende eventos offline e registre-os no digital, mostrando bastidores e valorizando a escuta.
Em campanhas mais amplas (como as de sindicatos, conselhos profissionais ou mandatos parlamentares), recomendamos trabalhar públicos e formatos de forma personalizada, como detalhamos em nosso texto sobre estratégias digitais para impactar eleitores na pré-campanha.
Cuidados e limites legais: não peça voto, nem insinue
Talvez esse seja o ponto nevrálgico da comunicação pré-eleitoral: respeitar as regras. Mesmo menções indiretas ou insinuações de candidatura ou voto podem ser questionadas juridicamente. Frases como “conto com seu apoio”, “prepare-se para a renovação” ou “chegou a hora” soam como pedidos de voto disfarçados. Evite-as.
O foco deve ser na escuta, no debate construtivo e na entrega de valor para os diferentes grupos atendidos, sempre com atenção redobrada às leis, à privacidade dos dados e à rastreabilidade das comunicações, como destaca pesquisa sobre transparência eleitoral nas redes sociais.
Se resta dúvida sobre formatos e limites, orientamos a leitura do nosso guia sobre como maximizar a visibilidade e conectar-se com eleitores na pré-campanha eleitoral.
Planejamento e monitoramento: a diferença está na constância
Comunicação de pré-campanha sem planejamento é como navegar sem mapa. Aqui, defendemos o uso de ferramentas para acompanhar o alcance, tipos de engajamento, temas de maior interesse do público e, claro, espaço para ajustes de rota sempre que for necessário.
Você pode criar um calendário editorial, usar dashboards simples de monitoramento em redes sociais e criar protocolos de resposta para situações sensíveis. Monitorar comentários, mensagens diretas e participar de enquetes ou questões que surjam em comunidades virtuais também são práticas que fazem diferença. Falando nisso, nossa equipe publicou um roteiro exclusivo sobre como desenvolver um plano de comunicação política eficaz. Vale conferir.
A constância revela compromisso.
Mesmo assim, reconhecemos: não há fórmula engessada. Depende do território, do segmento, do perfil do público e das aspirações do(a) pré-candidato(a). Mas, assumir o risco de não planejar é desperdiçar capital político antes mesmo do jogo começar, e isso não é o que queremos ver acontecer.
Conclusão: Relacionamento genuíno faz toda a diferença
Em resumo, acreditamos que, na pré-campanha, tudo gira em torno da construção de relacionamento verdadeiro. O foco deve estar em ouvir, dialogar, expor ideias, reconhecer limites legais e cultivar uma narrativa próxima da realidade do público. Pedir voto – ainda que veladamente – é um erro que pode custar caro.
Por isso, sugerimos sempre ponderar: este conteúdo (texto, vídeo, reunião) entrega algo de útil às pessoas? Comunica empatia? Traz informações de relevância? Se a resposta for sim, você está no caminho certo.
Na Communicare, reunimos equipe multidisciplinar, experiência prática em eleições e mandatos em todo o Brasil, e domínio das melhores ferramentas digitais para desenhar estratégias de pré-campanha sob medida para cada contexto. Se deseja profissionalizar sua comunicação na pré-campanha, entre em contato conosco pelo formulário da agência para agendar uma conversa e ampliar sua reputação, sem correr riscos desnecessários. Estamos prontos para somar!
Perguntas frequentes sobre pré-campanha
O que é pré-campanha eleitoral?
Pré-campanha eleitoral é o período anterior ao início oficial das campanhas, quando possíveis candidatos podem se apresentar, debater ideias e construir reputação, mas sem pedir votos. Neste momento, o foco é criar relevância, ampliar contatos e posicionar-se publicamente, sempre respeitando os limites legais estabelecidos pela legislação eleitoral brasileira.
Como criar uma estratégia de comunicação?
O primeiro passo é compreender profundamente o território de atuação e as dores do público alvo. Em seguida, defina os objetivos principais, escolha temas de interesse local, construa conteúdos variados (presenciais e digitais) e crie um calendário de ações. Monitorar resultados e ajustar estratégias faz parte do processo, garantindo eficiência e autenticidade.
Quais canais usar na pré-campanha?
Indicamos integrar redes sociais, eventos presenciais, newsletters, grupos de mensagens e até podcasts e vídeos explicativos. O segredo está em adequar a presença a cada grupo de interesse, usando múltiplos canais em sinergia para fortalecer a reputação do(a) pré-candidato(a) junto ao público certo.
Como engajar eleitores na pré-campanha?
O engajamento nasce do diálogo, não da autopromoção. Ouça, debata, responda dúvidas e convide pessoas para construir conjuntamente soluções ou debates. A participação em eventos informais, realização de enquetes, produção de conteúdos educativos e presença ativa nos canais digitais potencializa a proximidade e favorece o engajamento legítimo.
Vale a pena investir em redes sociais?
Sim, desde que com estratégia: redes sociais são ferramentas de conexão, escuta e mobilização quando utilizadas com inteligência e regularidade. O segredo está em manter a frequência, respeitar os limites legais e adaptar o conteúdo às demandas do público, como mostramos no artigo. Redes nunca substituem o olho no olho, mas ampliam a voz e a visibilidade de quem comunica bem.




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