
Inteligência artificial generativa: riscos e aplicações eleitorais
- João Pedro G. Reis

- 10 de nov.
- 7 min de leitura
Ao longo dos últimos anos, pude acompanhar de perto a transformação digital no cenário político brasileiro, testemunhando como novas tecnologias mexem com estratégias, equipes e decisões em campanhas eleitorais. De todas as inovações recentes, nenhuma mexe tanto com os bastidores como a inteligência artificial generativa (IAG). Mais do que um modismo, ela já impacta a produção de conteúdo, a percepção de eleitores e a própria dinâmica democrática. E tudo indica que, nas eleições de 2026, esse impacto será ainda mais visível.
Como a inteligência artificial generativa mudou o jogo
Se há uma década a automação se limitava ao envio de e-mails e segmentação de públicos, hoje produzimos vídeos, discursos e até imagens personalizadas em segundos. Isso mudou profundamente a rotina dos profissionais de comunicação política. Ao lado da equipe da Communicare, precisei testar, implementar, corrigir e escalar soluções de IA generativa para candidatos e entidades, sempre com foco em resultados reais.
O que diferencia a IA generativa?
O grande diferencial da inteligência artificial generativa está na sua capacidade de criar conteúdo inédito, original e adaptável para diferentes contextos, públicos e plataformas. Não depende de bancos de dados estáticos, mas aprende com padrões, interações e feedbacks constantes.
Produção rápida de mensagens personalizadas
Automação de vídeos, áudios e imagens ajustadas por segmento
Análise preditiva do comportamento do eleitorado
Simulação de discurso e respostas em debates online
Monitoramento em tempo real de sentimentos e tendências
Esse cenário é fascinante, mas, também, traz preocupações inéditas.
Riscos inerentes ao uso da IA generativa em eleições
Por ter vivido campanhas em diversas frentes, digo: inovação tecnológica sempre carrega uma dose importante de insegurança. No caso da IAG, o debate se intensifica por três motivos principais:
Possibilidade de superprodução de conteúdos falsos ou enganosos
Riscos de manipulação algorítmica com base em dados sensíveis
Fragilidade de sistemas expostos na nuvem e infraestrutura digital
Segundo matéria publicada pela Istoé sobre relatório anual de segurança, estima-se que cerca de 70% das cargas de trabalho em nuvem apresentam vulnerabilidades não corrigidas. Isso expõe tanto candidatos quanto eleitores aos riscos de invasão e manipulação (fonte: relatório anual de segurança da Tenable).
"O maior risco não é a tecnologia em si, mas o uso que se faz dela."
Riscos diretos para o ambiente eleitoral
Compartilho, a seguir, os três cenários que mais têm me preocupado no contato com lideranças e equipes de mandato:
Desinformação em escala: A geração automática de fake news torna a batalha pela narrativa muito mais intensa.
Deepfakes e manipulação de imagem: Com poucos cliques, é possível criar vídeos falsos, imputando falas e comportamentos a candidatos.
Vazamento e uso indevido de dados sensíveis: Perfis personalizados podem ser usados para campanhas ilícitas, violando a segurança do processo eleitoral.
Esses riscos tornam ainda mais urgente o monitoramento especializado, com protocolos de verificação da fonte e validação das informações em tempo real. No conteúdo monitorar desinformação eleitoral em tempo real em 2026, compartilho estratégias práticas adotadas pela Communicare para identificar e neutralizar esse tipo de ameaça.
O crescimento explosivo do uso de IA e seus impactos econômicos
Dados recentes publicados no 2025 State of GenAI Report indicam que o volume de utilização da IA generativa cresceu 890% no último ano. Paralelamente, o impacto econômico estimado pode chegar a 40% sobre o ambiente produtivo, refletindo tanto em ganhos de escala quanto em desafios na automação de funções.
Um estudo conjunto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Banco Mundial aponta que até 38% dos empregos na América Latina e Caribe podem ser diretamente influenciados por IA generativa. O dado mais relevante para a política é que a tecnologia tende a aumentar a produção e transformar funções, em vez de eliminar postos.
"A IA generativa não substitui o profissional, mas potencializa quem sabe usá-la."
Aplicações eleitorais da IA generativa: inovação sob medida
Em meu trabalho como consultor, já vi a inteligência artificial transformar campanhas tímidas em verdadeiros cases de engajamento digital. Isso porque a IAG permite analisar microsegmentos, prever reações e ajustar mensagens instantaneamente.
Como a IA generativa otimiza campanhas?
Nos bastidores, o uso estratégico da IA generativa acontece em etapas bem definidas. Tenho aplicado essas etapas junto às equipes da Communicare, especialmente em campanhas que focam em fortalecimento de base, conselhos de classe e entidades sindicais:
Produção de conteúdo personalizado – Textos para redes sociais, manifestos, discursos e materiais segmentados por público.
Simulação de repercussões – Ferramentas que testam a reação dos eleitores antes do lançamento de propostas polêmicas.
Monitoramento de sentimento – Análise automatizada do humor do eleitor nas redes, identificando temas de alto impacto (mais em monitoramento de sentimento em eleições de base).
Criação de bots inteligentes – Atendimento automatizado, busca ativa por dúvidas do eleitorado e resposta imediata a fake news.
Ao integrar IA generativa ao processo de campanha, criamos um ciclo virtuoso de análise, ajuste e impacto direto na comunicação do mandato.
Desinformação automatizada: quando o perigo é real
Vi de perto como algoritmos podem ser usados para o bem e o mal. Uma das situações mais alarmantes, que relatei em um episódio de assessoria recente, foi a rápida propagação de uma notícia falsa relacionada à votação em determinada cidade. Bastaram minutos para que centenas de perfis automatizados espalhassem o conteúdo, exigindo um trabalho ágil da equipe de monitoramento.
Nestas situações, protocolos de coleta e análise de evidências digitais, como detalho em captação de evidências contra fake news, fazem toda a diferença. Na Communicare, estruturamos fluxos de combate, priorizando rapidez e precisão na identificação de padrões suspeitos.
"Em campanhas, segundos podem fazer toda a diferença entre desmentir e consolidar um boato."
Principais formas de uso indevido
A seguir, listo os casos mais recorrentes de mau uso da IA generativa em ambientes eleitorais, com base em experiências práticas:
Criação autônoma de deepfakes em vídeo: Com poucos segundos de áudio e imagens, algoritmos montam sequências que simulam voz e gestos de candidatos.
Mensagens direcionadas para desinformação: Machine learning identifica grupos vulneráveis e dispara fake news sob medida.
Atuação de robôs em debates digitais: Participação automatizada em discussões públicas, forjando consenso ou aumentando polêmicas de forma artificial.
O monitoramento constante se revela não apenas recomendado, mas absolutamente necessário.
IA generativa e microtargeting político
Para quem trabalha com base sindical, conselhos e eleições associativas, a ideia de microtargeting nunca esteve tão avançada. A possibilidade de adaptar mensagens a microgrupos do eleitorado permite uma comunicação de alto impacto e fortalecimento de base, como explico detalhadamente no blog da Communicare.
Essa segmentação, aliada ao poder preditivo da IA generativa, facilita:
Testar políticas públicas em públicos menores antes de escalar
Antecipar crises de imagem e planejar respostas
Personalizar agendas de campanha conforme o interesse local
Em um caso recente, ajustamos o tom de mensagens para diferentes segmentos de profissionais da saúde, maximizando engajamento e reduzindo riscos de desgaste recorrente com determinados temas. Isso só foi possível graças à análise preditiva baseada em IA.
Estratégias para reduzir riscos e aumentar a confiança nas eleições
Mesmo reconhecendo o potencial dos modelos generativos, defendo responsabilidade máxima na adoção dessas soluções. A segurança da informação e a transparência do processo eleitoral precisam ser tratadas como prioridade absoluta.
Práticas recomendadas na gestão de riscos digitais
Estruturei, junto ao time da Communicare, protocolos que considero fundamentais para uma atuação segura no uso de IAG:
Análise crítica das fontes e validação de informações sensíveis
Treinamento das equipes para identificação de padrões falsos e robôs em redes
Implementação de sistemas redundantes e criptografia em todas as camadas de comunicação
Adoção de práticas éticas na coleta e uso de dados individuais
Rotina de auditoria permanente nas aplicações de IA
A matéria do DataCenterDynamics, ao abordar o aumento de 890% no tráfego de IAG, reforça a urgência de elevar o padrão de segurança em todas as frentes (crescimento do risco de cibersegurança).
Gestão de crise: nunca espere o incêndio começar
Em muitos treinamentos que ministrei por todo o Brasil, repeti um conselho imutável: planejamento é tudo. Ter protocolos bem definidos para cenários de crise é o que separa equipes amadoras de campanhas vencedoras. No texto gestão de crise nas redes – erros comuns em 2026, detalho erros evitáveis e práticas recomendadas, incluindo checklist de resposta rápida para incidentes digitais.
"Estar preparado é o melhor antídoto contra surpresas inesperadas."
IA generativa e o fortalecimento da democracia
Apesar dos desafios, sigo convencido de que a inteligência artificial, quando guiada por princípios éticos e transparência, pode fortalecer o processo eleitoral e a formação cidadã. A ampliação do acesso à informação, o combate ágil à desinformação e a personalização das campanhas ampliam o debate público e criam oportunidades para mandatos que realmente dialogam com suas bases.
Em todos os projetos liderados pela Communicare, a máxima é clara: a tecnologia deve servir à democracia, e não ao contrário.
Para 2026, nossa missão é seguir integrando soluções inovadoras, mas sempre atentos aos riscos, ao contexto legal brasileiro e à defesa intransigente da ética pública. Por isso, recomendo sempre que gestores, candidatos e equipes de mandatos tenham ao lado parceiros que compreendam tanto as potencialidades quanto as vulnerabilidades desse novo contexto digital.
Um convite: conheça os serviços da Communicare, converse com minha equipe, tire dúvidas e prepare sua campanha para um cenário onde a informação anda em velocidade máxima. Preencha o formulário de contato em nosso site e descubra como estratégias seguras e customizadas podem posicionar sua comunicação eleitoral, institucional ou sindical acima da média brasileira.
Perguntas frequentes sobre IA generativa em eleições
O que é inteligência artificial generativa?
Inteligência artificial generativa é um conjunto de tecnologias capazes de criar conteúdo novo e inédito – como textos, imagens, áudios e vídeos – a partir do aprendizado de grandes volumes de dados. Essa geração de conteúdo é adaptável ao contexto, público e objetivos específicos, sem depender apenas de informações já existentes. Isso diferencia a IA generativa de outros tipos de IA, voltados somente à análise e classificação.
Quais são os riscos nas eleições?
Os principais riscos envolvem a disseminação automatizada de desinformação (fake news), uso de deepfakes para manipulação de imagem e discurso de candidatos, além do vazamento e uso indevido de dados sensíveis do eleitorado. Vulnerabilidades em infraestrutura digital, especialmente na nuvem, e a dificuldade em diferenciar conteúdo real de artificial também aumentam os desafios para o processo eleitoral.
Como usar IA generativa em campanhas eleitorais?
É possível aplicar IA generativa em campanhas eleitorais para produzir rapidamente materiais personalizados, simular reações do público, automatizar respostas em redes sociais, monitorar tendências e sentimentos e segmentar mensagens para microgrupos do eleitorado. O segredo está na integração responsável, com equipes treinadas para validar conteúdos e protocolos de segurança robustos para garantir a autenticidade das informações.
É seguro usar IA em processos eleitorais?
O uso da IA pode ser seguro, desde que sejam adotadas medidas de proteção como criptografia de dados, auditorias frequentes e protocolos de resposta a incidentes digitais. Também é vital treinar as equipes para identificar padrões suspeitos e garantir a verificação constante das informações geradas automaticamente. Assim, a segurança depende mais das práticas e políticas adotadas do que da tecnologia em si.
Quais aplicações de IA já existem nas eleições?
Atualmente, as principais aplicações envolvem produção automatizada de conteúdo para redes sociais, monitoramento em tempo real de debates e sentimentos do eleitor, criação de assistentes virtuais para esclarecimento de dúvidas, simulação de cenários e previsões de comportamento eleitoral. Há também sistemas para detectar e combater fake news e robôs em circulação. Cada uma dessas aplicações já faz parte da rotina de estratégias eleitorais modernas conduzidas por especialistas em comunicação.




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