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Narrativas de construção de poder para pré-candidatos

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • há 19 horas
  • 9 min de leitura

No campo da comunicação política, as narrativas de construção de poder são um recurso central para pré-candidatos que desejam ocupar novos espaços e influenciar corações e mentes. Todos os anos, testemunhamos nomes desconhecidos se tornarem figuras de destaque porque traçaram linhas claras entre discurso, valores pessoais e aspirações coletivas. Mas como se faz isso, na prática? Em nossas experiências na Communicare, aprendemos que a força de uma pré-campanha está muito menos em slogans bem elaborados, e mais na costura cuidadosa de histórias conectadas à realidade local e às expectativas do eleitor.

Neste artigo, vamos mostrar como as narrativas não só criam identificação, mas também estabelecem a identidade e o diferencial do pré-candidato diante de adversários cada vez mais preparados. Vamos avançar juntos da teoria à prática, trazendo métodos, exemplos, estudos recentes e um passo-a-passo para que cada liderança política, assessor ou equipe de mandato esteja pronto para construir uma narrativa consistente e que realmente funcione nas pré-campanhas no Brasil.


O que significa construir poder em uma pré-campanha?


Antes de mergulhar nas estratégias, precisamos alinhar expectativas. Construir poder não é apenas chamar a atenção ou ganhar curtidas nas redes sociais. É um processo contínuo de conquista de legitimidade, capacidade de mobilização e, claro, de influência sobre grupos estratégicos.

Nossa visão é de que uma candidatura sólida nasce quando essas dimensões se articulam:

  • Legitimidade: O pré-candidato precisa ser visto como alguém que pertence àquele campo, conhece seus dilemas e tem condições reais de resolvê-los.

  • Mobilização: É a capacidade de engajar pessoas ao redor de uma proposta, não apenas de obter adesão superficial ou temporária.

  • Influência: Vai além do convencimento lógico; diz respeito a inspirar novas percepções e ações em segmentos sociais-chave.

É aqui que a narrativa ganha centralidade: ela traduz valores, ideias e propostas em histórias capazes de transformar potenciais eleitores em defensores ativos.


Por que a narrativa é tão importante na fase de pré-campanha?


Costumamos pensar na narrativa como algo relevante só na fase de campanha oficial. Porém, o momento mais estratégico para definir e testar a narrativa é justamente a pré-campanha. Aqui, há espaço para ajustar mensagens, sentir a reação de diferentes públicos e identificar os temas que realmente mobilizam.

Segundo um estudo da FGV sobre campanhas em redes sociais no Rio de Janeiro e Recife, candidatos que conseguiram destacar pedaços da identidade coletiva e frames de pertencimento acabaram por conquistar maior engajamento e intenção de voto. Temas como liberdade, família, igualdade e representação não surgem do nada; eles são resultado de análise e escuta qualificada das bases.

Narrativa não se impõe, se constrói na escuta e na coerência.

A pré-campanha serve justamente para isso: burilar argumentos, testar diferentes abordagens e entender como cada segmento eleitoral responde ao discurso. Isso evita rupturas bruscas quando as atenções aumentam e as críticas se tornam mais incisivas.


Como identificar temas mobilizadores no contexto eleitoral?


É comum ouvirmos dúvidas como: “mas por onde começo a construir minha narrativa?” Nossa resposta, fruto de atuação na Communicare, é sempre a mesma: primeiro, você precisa conhecer profundamente o território político, social e digital onde quer atuar.


Escuta ativa de demandas e dores sociais


Quem ignora as demandas locais tende a soar artificial. Sugerimos, no início do processo:

  • Realizar rodas de conversa presenciais e virtuais

  • Analisar comentários em perfis relevantes das redes sociais

  • Conversar com lideranças comunitárias e representantes de grupos específicos (mulheres, juventude, sindicatos, conselhos de classe...)

Mantenha sempre antenas ligadas para temas com poder de mexer com emoções e desejos de transformação.


Análise do ambiente digital e informação segmentada


Os dados de comportamento digital nas redes viraram uma fonte riquíssima de insights. Uma pesquisa publicada pela FGV mostrou que, durante a pré-campanha, Instagram foi responsável por mais de 90% do engajamento de postagens políticas nas capitais brasileiras (conforme estudo da FGV sobre campanhas digitais). Ou seja, é possível e recomendável fazer enquetes, acompanhar quais hashtags possuem mais retorno e até observar reações em vídeos curtos.

Para agregar soluções práticas, também sugerimos cruzar essa escuta digital com pesquisas qualitativas, assim como já abordamos em nosso conteúdo sobre estratégias digitais para impactar eleitores na pré-campanha.


Referência a crises e respostas institucionais


Ciclos eleitorais recentes evidenciaram que crises de saúde, economia, segurança e ética fortalecem temas específicos. Narrativas que respondem diretamente a essas realidades tendem a ganhar eco. Um exemplo clássico é a ascensão de candidaturas ligadas à defesa da família durante momentos de instabilidade social. Por outro lado, crises de representatividade abriram caminhos para candidatos ligados à promoção de direitos humanos e inclusão, padrões identificados em análise de campanhas políticas da FGV.


Que elementos estruturam uma boa narrativa de construção de poder?


Ao analisarmos experiências bem-sucedidas, identificamos cinco ingredientes centrais:

  1. Propósito claro: Por que você quer ser eleito? Não é sobre cargo ou vaidade, mas sobre missão. O eleitorado responde à convicção, não à ambição pessoal.

  2. Proximidade e autenticidade: A história deve ter cheiro de verdade. Use passagens da própria trajetória, exemplos locais, erros e acertos.

  3. Conexão emocional: Grandes narrativas tocam. Se for só racional, não cola.

  4. Capacidade de inspirar soluções: Ao apresentar problemas, é preciso mostrar caminhos de mudança possíveis, e que dependam da força coletiva.

  5. Memória e identidade: Rememore conquistas anteriores, valores da comunidade e símbolos locais para gerar identificação contínua.

Uma narrativa consistente acompanha o pré-candidato em toda sua comunicação, inclusive nas redes sociais, eventos presenciais e interações espontâneas.

Tudo comunica. A coerência é sua maior aliada.

Exemplos práticos: narrativas que constroem poder


Vamos imaginar dois cenários, baseados em experiências reais, mas adaptados ao contexto nacional e singular de pré-campanhas que acompanhamos na Communicare:


1. Narrativa do “filho da terra”


Pré-candidato nasceu, cresceu e atua no município pequeno. Sua narrativa pode girar em torno da ideia de pertencimento e compromisso de quem viu de perto os desafios locais. Frases recorrentes:

  • “Eu vivi cada etapa dessa comunidade”

  • “Ser vizinho é saber ouvir e agir junto”

Nesse caso, usamos histórias de infância, trajetórias de familiares respeitados, uma linguagem mais informal e próxima, visitas a lugares conhecidos nas postagens e nos eventos.


2. Narrativa da superação e representatividade


Aqui, partimos da trajetória de alguém que venceu obstáculos, sendo mulher, pessoa negra, jovem ou parte de uma minoria. O foco está em inspirar outras pessoas a acreditarem que podem, juntas, transformar políticas excludentes. Expressões como:

  • “Quantas vezes disseram que não era pra mim…”

  • “Vamos abrir portas para todos, não só para alguns”

Símbolos de resistência, alianças com lideranças comunitárias e, principalmente, escuta ativa das demandas históricas são a base desta narrativa. E não é incomum usar relatos pessoais que demonstrem vulnerabilidade, desde que autênticos.


3. Narrativa de inovação e renovação


Candidatos jovens ou com carreira técnica forte apostam em trazer o novo. Mas isso não significa romper com tudo, e sim propor avanços baseados em dados e experiências de sucesso em outras cidades ou países:

  • “Chegou a hora de pensar diferente, sem perder nossas raízes”

  • “Vamos construir juntos as soluções do futuro”

Essas narrativas ganham força quando acompanhadas de propostas concretas apresentadas com clareza e honestidade.


Como alinhar a narrativa à identidade do pré-candidato?


Não existe narrativa universal. Cada história precisa ser entalhada de acordo com a trajetória, o estilo e a personalidade do pré-candidato. É nesse ponto que muitos escorregam: copiam histórias alheias ou tentam forjar imagens distantes de quem são de verdade.

Para evitar distorções, sugerimos o método dos 4C:

  • Coerência: Há convergência entre discurso, atitudes e trajetória?

  • Clareza: As mensagens são simples e diretas?

  • Consistência: A comunicação repete, sem cansar, os principais elementos da narrativa?

  • Contato: Existe uma busca ativa de conexão com públicos estratégicos?

Em resumo: a narrativa ideal é aquela que você conta sem esforço, de olhos fechados, porque faz parte de sua história real. Isso tende a gerar confiança, como já discutimos em nossa análise sobre a importância de narrativas autênticas e baseadas em fatos.


Como diferenciar a narrativa diante de concorrentes?


Em cenários altamente competitivos, com múltiplas candidaturas nas mesmas bases, diferenciar a narrativa é um desafio e tanto. A experiência mostra que pequenas nuances fazem diferença na percepção do eleitor.


Investigando o contexto dos adversários


A primeira etapa é realizar um mapeamento honesto das principais narrativas no campo em que se atua, seja em sindicatos, conselhos, prefeituras ou associações. Quais temas foram capturados pelos concorrentes? O que ficou sem resposta? A melhor tática é não disputar palavras, mas disputar símbolos, valores e formas de relacionamento com o eleitor.


Aprofundando temas ainda pouco explorados


Encontrar “territórios virgens” é tarefa rara, mas possível: políticas públicas para grupos negligenciados, defesa de causas ambientais locais, propostas inovadoras no uso de tecnologia, entre outros. É aqui que um bom assessor ou consultoria faz diferença ao escanear o ambiente e encontrar pautas negligenciadas.


Promovendo debates propositivos e protegendo candidaturas vulneráveis


Nem sempre a narrativa de desconstrução é sinônimo de ataque. Promoção de debates construtivos, proteção de candidaturas vulneráveis – como mulheres e pessoas negras, diante da violência política – são estratégias cada vez mais valorizadas (conforme apontam pesquisas recentes da FGV).

Por isso, o controle de danos e a ativação da base de apoio devem ser pensados antes mesmo dos ataques surgirem. Nem sempre conseguimos prever todas as situações, mas planejar respostas alinhadas à narrativa fortalece a reputação e o vínculo com quem mais importa.


Como garantir impacto com narrativas nas redes sociais?


Apesar do poder das redes, não podemos esquecer: elas são ferramentas, não soluções. O impacto narrativo depende de formatos, frequência, linguagem e interação real com seguidores. Segundo levantamento da FGV sobre engajamento digital, formatos visuais como vídeos curtos e stories concentram o maior retorno em pré-campanhas recentes.

  • Crie séries de conteúdos com progressão temática (ex: “Minha história em 3 capítulos”)

  • Use recursos multimídia: imagens, infográficos, depoimentos de terceiros e lives

  • Preste atenção às reações em tempo real e ajuste rapidamente pontos de tensão ou dúvidas


Erros comuns e como evitá-los


Se podemos resumir os tropeços mais frequentes nos seguintes pontos, seriam estes:

  • Forçar discursos desconectados da própria história

  • Falar apenas para grupos internos, sem buscar novas audiências

  • Ignorar temas sensíveis ou fingir que polêmicas não existem

  • Ausência de padrões visuais e sonoros na comunicação

  • Falta de planejamento para crises e ataques na internet

Preparamos um conteúdo específico para ajudar na definição de estratégias eficazes em marketing político, caso você queira aprofundar.


Integração entre narrativa e estratégia de mobilização


A narrativa bem construída serve como fio condutor para todas as táticas de mobilização:

  • Organização de eventos presenciais e lives digitais em torno de temas centrais

  • Material gráfico e audiovisual alinhado ao tom da história escolhida

  • Ativação de núcleos de apoio que disseminem a mensagem de forma espontânea e autêntica

Dessa integração surge a capacidade de transformar simpatizantes em militantes ativos.

Caso deseje entender mais sobre como aumentar sua visibilidade e conectar-se genuinamente com o eleitor, sugerimos a leitura de nosso conteúdo sobre como maximizar a visibilidade e conectar-se com eleitores na pré-campanha eleitoral.


Conclusão: Narrativas constroem poder e vencem o tempo


No fim das contas, uma boa narrativa sobrevive à passagem do tempo, aos ataques e às mudanças de humor do eleitorado. Contar sua própria história com verdade, alinhando missão, valores e percepção coletiva, é o melhor investimento que um pré-candidato pode fazer antes mesmo das pesquisas começarem.

Na Communicare, ajudamos lideranças, equipes e assessorias a encontrar essa voz única, planejar a execução e monitorar como a narrativa ecoa nos diferentes públicos durante toda a pré-campanha. Se você busca sair do comum e transformar sua caminhada política, convidamos a preencher nosso formulário e conversar com a nossa equipe. Juntos, podemos construir a sua história de poder, reconhecimento e engajamento real.


Perguntas frequentes sobre narrativas de construção de poder



O que é narrativa de construção de poder?


Narrativa de construção de poder é o conjunto de histórias, símbolos e mensagens que reforçam a identidade, missão e diferencial de um pré-candidato. Ela serve como cola entre o que é dito e como o público percebe a candidatura, criando identificação, mobilização e legitimidade.


Como construir uma narrativa eficaz?


Comece conhecendo profundamente a sua trajetória, escutando as bases sociais e identificando temas mobilizadores no contexto local. Organize sua narrativa em torno de um propósito claro, seja autêntico nas histórias e escolha sempre conectar emoção, coerência e soluções práticas para os desafios da comunidade.


Por que candidatos precisam de narrativas fortes?


Sem uma narrativa forte, candidatos tendem a se diluir no mar de vozes do ambiente eleitoral. A narrativa é responsável por fixar a imagem, diferenciar e criar uma razão pela qual as pessoas devem acreditar e apoiar aquela liderança. Ela sustenta o engajamento durante crises, ataques ou momentos de indecisão.


Quais são exemplos de boas narrativas políticas?


Narrativa de pertencimento (“filho da terra”), de superação pessoal e de renovação com inovação são exemplos frequentemente eficazes. O mais importante não é copiar modelos, mas adaptar o discurso à identidade real do pré-candidato, com histórias que condizem com sua história e trajetória.


Como adaptar a narrativa ao público-alvo?


Segmentando a comunicação para diferentes grupos sociais, ajustando linguagem, formato e veículos de acordo com o perfil do eleitorado. Use dados de comportamento digital, pesquisas locais e feedbacks espontâneos para calibrar e corrigir a narrativa em tempo real, sempre mantendo a coerência central do discurso.

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