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Como reduzir erros na comunicação pública: procedimentos essenciais

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • há 19 horas
  • 8 min de leitura

A comunicação pública está no centro do debate institucional e político no Brasil. Em nosso trabalho na Communicare, percebemos que, apesar da presença constante nos canais digitais e tradicionais, as falhas de comunicação ainda assombram entidades, governos, sindicatos, associações e conselhos profissionais. Afinal, poucos erros custam tão caro quanto a perda de credibilidade diante da opinião pública, muitas vezes, por descuidos absolutamente evitáveis.

Transparência previne crises.

Mas como driblar equívocos e reforçar a confiança do público? Reunimos neste artigo, com a experiência adquirida em estratégias políticas e institucionais, os principais procedimentos e rotinas para minimizar falhas, eliminar ruídos e criar uma cultura de clareza e responsabilidade na divulgação de informações.


O impacto dos erros na comunicação pública


Antes de destrincharmos métodos e ferramentas, vale uma parada para entender por que a comunicação pública é tão sensível a descuidos.

Um levantamento da LatAm Journalism Review, que cita pesquisa do Reuters Institute, revelou que 78% dos brasileiros acham que jornalistas ocultam seus erros. Para 43% da população, a mídia manipula opiniões. Tal percepção se amplia ainda mais sobre autoridades e órgãos públicos.

Reportagem no Brasil de Fato reúne especialistas que apontam falhas na comunicação como motivo da perda de popularidade de governos: linguagem pouco acessível, falta de diálogo real com diferentes públicos, ausência de estratégia digital, e claro, o impacto das fake news.

O Centro de Liderança Pública lista sete fatores para aumentar a efetividade da comunicação pública: definir objetivo, conhecer a audiência, calibrar a mensagem, escolher canais, selecionar porta-vozes, aplicar o orçamento corretamente e medir resultados. Todas essas etapas reduzem o risco de ruídos e distorções.


Por que ocorrem tantos erros?


Comitês de crise, notas explicativas e retratações públicas mostram que equívocos na comunicação institucional são mais comuns do que gostaríamos de admitir. Mas, por que isso se repete?

  • Falta de processos claros: Não existe um roteiro para revisar, aprovar e validar informações antes de divulgar.

  • Pressa para publicar: O imediatismo, típico das redes sociais e da cobertura jornalística, aumenta a chance de publicar algo incorreto.

  • Desalinhamento interno: Equipes que não compartilham os mesmos conceitos, valores e objetivos tendem a errar mais.

  • Pouca escuta do público: Desprezar o entendimento do receptor (suas dúvidas, priorizações e emoções) mina a clareza da mensagem.

  • Desinformação: Ruído gerado por boatos, notícias falsas e distorções no ecossistema digital amplia desafios para lideranças e instituições.

Evidências do Poder360 mostram que 47% dos brasileiros evitam se informar. Motivos? Excesso de mensagens negativas e pouco adaptadas à realidade do público.


Procedimentos para reduzir erros: o que funciona?


Não existe fórmula mágica, mas sim rotina disciplinada, que diminui o espaço para falhas. Selecionamos métodos que aplicamos nas assessorias da Communicare, testados em campanhas eleitorais, comunicação de mandatos, conselhos profissionais e entidades de classe.


Criação e uso de checklists


O checklist é uma ferramenta simples, mas poderosa. Funciona como um escudo contra distrações, lapsos e omissões.

O checklist salva decisões apressadas.

Recomendamos estruturar o checklist em fases:

  • Público-alvo definido: Está claro para quem vai a mensagem? Alguém revisou?

  • Consentimento de dados: Toda informação está autorizada para publicação?

  • Checagem de fontes: Todas as informações foram validadas em fontes seguras?

  • Erros de grafia e sentido: O texto foi revisado por pelo menos duas pessoas?

  • Conexão com objetivos estratégicos: A peça reforça propósitos e valores da instituição?

  • Simulação de possíveis polêmicas: Alguém fez o papel do “advogado do diabo” tentando enxergar fragilidades?

Na comunicação institucional, protocolos assim reduzem riscos de ruído, pois aumentam a responsabilidade em cada etapa.


Validação do conteúdo: revisão cruzada e aprovação em cadeia


Um dos maiores fatores de segurança é a revisão cruzada. Isso evita que vieses pessoais, desatenções ou interpretações erradas passem despercebidos.

  • Designar duplas para revisões interdepartamentais.

  • Solicitar opinião de alguém externo ao núcleo de criação.

  • Criar alçadas de aprovação em temas delicados (jurídico, RH, gestão, comunicação).


Simulação de cenários de crise


Frequentemente, propomos nas consultorias da Communicare a realização de simulações: treinar situações hipotéticas de crise ajuda equipes a identificar pontos cegos. Por exemplo:

  • Teste de respostas para perguntas incômodas, direcionadas a porta-vozes.

  • Simulação de “tsunami digital” com comentários negativos em larga escala.

  • Role play de atendimento à imprensa diante de vazamentos ou retratações públicas.

Registrar aprendizados dessas simulações permite refinamento contínuo das rotinas e antecipa estratégias que podem ser decisivas.


Ferramentas e rotinas para maior segurança


Além dos processos humanos, a tecnologia oferece aliados para minimizar riscos na comunicação pública. Eis algumas das ferramentas e rotinas mais eficientes que implementamos em projetos da Communicare:

  • Softwares de controle de versões: Ferramentas como Google Docs permitem track changes, facilitando revisão histórica e evitando versões conflitantes.

  • Gerenciadores de tarefas: Aplicativos como Trello e Asana ajudam a distribuir funções, prazos e conferências, trazendo mais clareza para o fluxo de produção.

  • Plataformas de automação: Agendamento automático para postagens reduz riscos de publicação fora do horário, evitando improvisos de última hora.

  • Monitoramento de redes: Ferramentas para rastrear menções, sentimentos do público e palavras-chave sensíveis funcionam como um radar para antecipar crises.

  • Banco de dados atualizado: Documentos com perguntas frequentes, respostas-padrão e contatos oficiais agilizam reações e previnem divergências.

  • Treinamento contínuo: Workshops, webinars e role plays atualizam o time para evitar armadilhas comuns.

Treinamento reduz exposição a riscos.

Nossos projetos costumam aliar tecnologia a processos claros, o que se reflete em maior tranquilidade e menos retrabalho.


Rotinas de controle: como manter a disciplina?


Não basta ter protocolos, é preciso cultivar o hábito coletivo da responsabilidade compartilhada. Algumas sugestões práticas, extraídas do cotidiano em campanhas políticas e instituições públicas:

  • Rotina de briefings rápidos: Encontramos eficácia em reuniões curtas, diárias ou semanais, para repassar agenda do dia e alinhar marcos importantes.

  • Compartilhamento de aprendizados: Sempre que ocorre uma falha, em vez de buscar culpados, sugerimos registrar o erro (de forma pedagógica) e compartilhar lições, prevenindo reincidência.

  • Política de portas abertas: Incentivamos colaboradores a tirar dúvidas e reportar desconfortos, evitando ruídos por insegurança e suposições.

  • Documentação acessível: Procedimentos escritos, disponíveis na intranet, padronizam comportamentos e facilitam onboarding de novos integrantes.

Na elaboração de planos de comunicação política, por exemplo, reforçamos sempre a documentação e o registro passo-a-passo das decisões.


Conteúdo simples, claro e relevante


O rigor nos procedimentos só terá valor se entregarmos mensagens que realmente dialoguem com a sociedade. Segundo o Centro de Liderança Pública, considerar vieses cognitivos, simplificar linguagem, adaptar o conteúdo para o público, escolher os canais adequados, tudo isso contribui para a efetividade da comunicação pública.

  • Evite jargões: Reduza ao máximo termos técnicos ou siglas desconhecidas.

  • Frases curtas e diretas: Cada frase deve carregar uma ideia.

  • Traduza números: Expresse dados em exemplos do cotidiano.

  • Chame o público para a ação: Convide para interagir, perguntar, participar, isso reforça o pertencimento.

No blog da Communicare, costumamos dizer: claridade não é supérflua. É premissa de responsabilidade democrática.


Gestão de crises e comunicação reativa


Mesmo o roteiro mais rígido do mundo não previne 100% dos imprevistos. Por isso, sugerimos investir em plano de crises: um manual com orientações práticas do que fazer diante de:

  • Publicação de dados equivocados.

  • Vazamentos indesejados.

  • Invasão/fraude em perfis oficiais.

  • Notícias falsas ou campanhas de desinformação.

Uma boa estrutura de crise contém:

  1. Passos para informar as lideranças e acionar áreas técnicas.

  2. Modelos de notas de esclarecimento e pedido de desculpas.

  3. Lista de respostas-padrão para dúvidas mais comuns.

  4. Fluxo de contato com veículos de imprensa.

  5. Métodos para monitorar o impacto das ações e corrigir rotas rapidamente.

Para saber mais sobre estratégias para gerenciar crises de imagem, recomendamos esse material. Mantendo processos ágeis e respostas coordenadas, minimiza-se a exposição negativa.


Treinamento: o elo que integra processos e pessoas


Depois de tudo isso, uma pergunta: de nada adianta protocolos se as pessoas não abraçam a cultura de revisão, revisão e mais revisão.

Por isso, defendemos treinamentos constantes, toda vez que:

  • Novos funcionários chegam na equipe.

  • Houver mudança de estratégias ou ferramentas utilizadas.

  • Pós-crise, para revisão de rotas e reconstrução da confiança.

Nesses encontros estimulamos caso prático, dramatizações e a construção coletiva de soluções. A meta é criar grupos capazes de enxergar vulnerabilidades uns nos trabalhos dos outros, num ambiente de apoio, não de fiscalização punitiva.

Treinar é antecipar problemas antes que eles aconteçam.

Ciclos periódicos aumentam o engajamento, inclusive na gestão do ciclo de influência pública, fortalecendo a reputação institucional.


Responsabilidade digital: dados e privacidade


Outro aspecto que merece atenção diz respeito ao tratamento e divulgação de dados pessoais. A nova realidade jurídica, com a LGPD e maiores cobranças do público, exige cuidado redobrado em:

  • Solicitar consentimento de uso de imagens, nomes, depoimentos e dados sensíveis.

  • Revisar listas de quem deve ou não aparecer em divulgações.

  • Evitar compartilhamentos automáticos entre múltiplos canais sem revisão prévia.

Acidentes de vazamento ou mal-entendidos envolvendo privacidade são cada vez menos tolerados pelo público ou pela mídia. E o retrabalho costuma ser muito maior do que um olhar crítico no início do processo.


O papel das lideranças e porta-vozes


Por fim, reforçamos que porta-vozes bem preparados diminuem erros e ruídos. Isso inclui não apenas treinamento de media training, mas também o alinhamento cotidiano do discurso com os valores da instituição.

  • Checagem da atualização dos dados antes de responder entrevistas.

  • Simulações de coletivas e situações adversas.

  • Construção de narrativas sustentáveis, que não mudam conforme a repercussão.

Lembre-se: a palavra do porta-voz, quando incoerente, compromete projetos inteiros.


Como medir erros e corrigir rotas?


Por mais cuidadoso que seja o processo, falhas acontecerão. O que diferencia organizações maduras é a capacidade de identificar padrões e mudar procedimentos.

  • Monitoramento de reclamações e feedbacks: Ferramentas simples de escuta ativa, abertas ao público, ajudam a identificar ruídos recorrentes.

  • Análise dos retrabalhos: Quantas notas tiveram de ser refeitas? Quantas postagens foram corrigidas?

  • Plano de correção clara: Comunicar rapidamente as atualizações mostra compromisso com a responsabilidade social.

  • Relatórios periódicos: Reuniões mensais de avaliação permitem ajustes contínuos.

O ciclo de aprendizagem institucional é permanente, e, talvez, a principal vacina contra a arrogância que tantos prejuízos já causou.


Conclusão: comunicação pública segura é rotina, não sorte


Como expusemos ao longo deste artigo, reduzir erros na comunicação pública exige disciplina em todas as etapas: do planejamento ao pós-crise, da escrita do release até sua repercussão nas redes sociais, passando por revisões, simulações e treinamentos regulares. Uma rotina de checagem constante, o uso inteligente de ferramentas digitais, a capacitação contínua de equipes e a certeza de que erros podem e devem ser corrigidos de maneira transparente são os pilares de uma comunicação sólida, relevante e confiável.

Na Communicare, aplicamos diariamente esses aprendizados em nossos projetos e consultorias, construindo reputações que resistem ao tempo e às crises. Se a sua instituição deseja blindar sua comunicação, fortalecer a credibilidade e evitar retrabalho ou desgastes públicos, fale conosco pelo nosso formulário e descubra como nossos métodos podem transformar seus resultados.


Perguntas frequentes sobre redução de erros na comunicação pública



O que é comunicação pública eficaz?


Comunicação pública eficaz é aquela que alcança seu público-alvo com clareza, transparência e relevância, promovendo entendimento real e prevenção de ruídos, segundo recomendações práticas do Centro de Liderança Pública (CLP). A mensagem deve ser compreensível, adaptada ao contexto da audiência, e aberta à participação social.


Como evitar erros comuns na comunicação?


Evitar erros depende de processos estruturados: uso de checklists, validação cruzada de conteúdos, simulações de cenários de crise, treinamentos constantes e clareza nos fluxos de aprovação. Além disso, recomenda-se ouvir o público e analisar reações rapidamente, como vimos em estudos trazidos pela imprensa.


Quais procedimentos ajudam a reduzir falhas?


Entre os procedimentos que mais ajudam estão: checklist de revisão, revisão cruzada entre equipes, roteiros de comunicação de crise, treinamentos práticos e uso de ferramentas digitais de controle de versões e monitoramento. A disciplina diária nestas rotinas é o diferencial para prevenir retrabalhos e manter a segurança na transmissão de informações.


Por que revisar mensagens é importante?


Revisar mensagens evita equívocos de linguagem, informação desatualizada, erros de digitação e interpretações ambíguas, fatores que podem comprometer a credibilidade. A revisão, preferencialmente feita por mais de uma pessoa, traz novas perspectivas e reduz riscos de exposição negativa.


Como treinar equipes para melhor comunicação?


Treinar equipes exige encontros regulares, estudo de casos reais, simulação de crises, role plays de entrevistas e trocas de aprendizados após falhas identificadas. Investir em capacitação contínua transforma rotinas e constrói uma cultura interna de responsabilidade, colaboração e transparência, pilares da comunicação pública de sucesso.

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