
Como atuar na comunicação política: 10 dicas para se destacar
- Carlos Junior
- 15 de out.
- 8 min de leitura
A comunicação política mudou drasticamente na última década. Antes, bastava colocar alguns cartazes nas ruas e preparar um bom discurso para palanque nas eleições. Porém, com a digitalização das relações sociais, a ascensão das redes e o amadurecimento de um eleitorado cada vez mais atento, as exigências cresceram. Não é raro ouvirmos pessoas dizendo que comunicação política só é relevante em ano eleitoral, mas nada poderia estar mais longe da realidade. Atuar nesse setor exige atualização constante, habilidade para entender o cenário em todas as esferas e dedicação diária.
Política vive todos os dias.
Por que comunicação política não é só para eleição?
Vamos começar derrubando um mito: comunicação política vai muito além dos períodos eleitorais. Prefeitos, vereadores, governadores, deputados, sindicatos, conselhos regionais e lideranças de entidades vivem a pressão da opinião pública o tempo inteiro. Todo ato é observado, discutido, analisado. Uma fala fora de hora, um post mal interpretado ou a ausência nas redes podem custar anos de reputação – e votos futuros.
Segundo dados do Jornal da USP, o Brasil conta com mais de 156 milhões de eleitoras e eleitores inscritos, com presença crescente de mulheres (53% do total) e envelhecimento do eleitorado. Ao mesmo tempo, a representatividade das minorias ainda é baixa, abrindo espaço para estratégias de posicionamento e fortalecimento de imagem que precisam ser trabalhadas o ano todo, não só a cada quatro anos.
Entendendo o mercado e suas oportunidades
No Brasil, a extensão do setor público e do associativismo abre uma amplitude enorme de oportunidades. São milhares de cargos eletivos distribuídos entre as esferas municipal, estadual e federal. Veja alguns números:
5.570 prefeitos nas prefeituras
5.568 câmaras municipais com vereadores
27 governos estaduais
513 deputados federais
81 senadores
Milhares de sindicatos e associações profissionais
Centenas de conselhos de classe federais e regionais
Cada uma dessas estruturas demanda comunicação institucional e política, tanto para falar com o público interno quanto externo. O campo é amplo, mas carente de profissionais especializados, especialmente os que entendem as especificidades regionais, sociais e culturais.
Minha trajetória: Um relato sobre como começar
Na Communicare, tivemos colegas que começaram cedo. Aos quinze anos, por exemplo, um de nossos fundadores se envolveu em campanhas estudantis e, pouco depois, já ajudava em campanhas de vereadores de cidades vizinhas. Nessa época, o trabalho era colocar panfletos em caixas de correio, colar cartazes durante madrugadas frias e coordenar carreatas. Não havia glamour: a experiência vinha do chão, da rua e do contato direto com as pessoas.
Esse é um dos atalhos menos falados: engajar-se no diretório municipal de algum partido político local. Os diretórios precisam de organizadores voluntários e vão ensinar, em poucos meses, o funcionamento dos bastidores. Desde a estratégia de distribuição de material, passando pela preparação dos candidatos para debates até o mapeamento dos principais temas da cidade, tudo é aprendizado valioso.
Fizemos campanha para vereador, prefeito, deputado, acompanhamos a preparação para debates em rádios, a criação de pautas, a celebração de vitórias modestas e, também, a administração de derrotas. Esse início humilde construiu valores fortes que, anos depois, fundaram a base da Communicare.
Prática de rua prepara para decisões de gabinete.
Conheça o profissional de comunicação política
O perfil procurado pelas equipes de comunicação política mudou. Já não basta ser alguém que escreve bons textos ou domina ferramentas digitais. O setor busca pessoas que, além da técnica, tenham sensibilidade para interpretar cenários variados e, sobretudo, saibam dialogar com públicos diferentes.
Boa escrita
Capacidade de análise do contexto social
Curiosidade sobre política e legislação
Gestão de crise e calma sob pressão
Facilidade com redes sociais e plataformas digitais
Compreensão sobre marketing eleitoral
Postura ética e respeito à diversidade
Essas qualidades são requisitos, mas, claro, podem ser desenvolvidas com estudo e prática diária. Incentivamos todos os profissionais a buscar cursos, treinamentos e, acima de tudo, buscar espaço para experimentar. No início, pensamos que só precisamos escrever releases ou publicar artes, mas percebemos que quem se destaca geralmente é quem entende de estratégia e se envolve em todas as etapas dos bastidores.
10 dicas para se destacar na comunicação política
Chegando à parte central do nosso artigo, preparamos dez dicas valiosas, baseadas tanto em experiências próprias quanto nas mudanças que o mercado apresentou nos últimos anos.
Entenda o cenário político e institucional Leia jornais, acompanhe sessões legislativas municipais, estaduais e federais. Busque entender como as decisões são tomadas, quais os principais temas em debate. Uma boa dica é pesquisar resultados eleitorais anteriores, entender o perfil dos eleitos e suas estratégias de comunicação.
Busque experiência desde cedo Se envolva em campanhas, mesmo que de forma voluntária. Atue na coordenação de eventos, participe da organização e distribuição de material de campanha, colabore em debates internos e ajude as equipes a resolver problemas práticos. A experiência vale tanto quanto certificados acadêmicos.
Destaque-se nas redes sociais O estudo da Fundação Getulio Vargas mostrou como estratégias digitais determinaram vitórias recentes e, inclusive, a reeleição de grandes nomes. Sugerimos que produza conteúdos relevantes no Instagram, Facebook, X e LinkedIn. Compartilhe análises, faça comentários estratégicos sobre fatos do dia e, aos poucos, conecte-se com políticos locais.
Estude marketing político e suas ferramentas Existem disciplinas específicas sobre marketing eleitoral e institucional. Estude conceitos como microtargeting, pesquisas qualitativas, storytelling, impulsionamento pago e análise de dados. Um bom começo é nosso artigo Marketing político: guia completo com estratégias eficazes.
Atue junto aos diretórios partidários Procure saber quem comanda o diretório partidário do seu município. Os partidos precisam de jovens e profissionais interessados para ajudar em tarefas como eventos, redes sociais e comunicação interna. Essa vivência abre portas e ajuda a entender como nasce uma campanha de sucesso.
Mantenha-se atualizado em tecnologia e ferramentas digitais Novas ferramentas aparecem o tempo todo. Plataformas como Canva e Hootsuite, notícias segmentadas, sistemas de envio automático de mensagens e até inteligência artificial já fazem parte da rotina. Dedique tempo para aprender e testar.
Desenvolva networking, mas com autenticidade Participe de eventos da área, fóruns, treinamentos gratuitos e presenciais. Troque contatos, mas se interesse genuinamente pelo que as pessoas fazem. Pedidos de indicação surgem principalmente entre quem gosta de compartilhar conhecimento.
Produza conteúdo autoral Conte sua trajetória, explique projetos, faça análises sobre campanhas recentes. Quem se mostra disposto a compartilhar ideias constrói reputação rapidamente. Compartilhe experiências reais e mostre como enxerga os desafios do setor.
Dedique-se ao estudo constante Aqui na Communicare, temos o hábito de estudar tendências internacionais, pesquisas, cases nacionais e exemplos históricos. O aprendizado é contínuo e alinhado às demandas do mercado. Um bom ponto de partida é o artigo como desenvolver um plano de comunicação política eficaz.
Saiba mostrar valor ao se candidatar a vagas No currículo e na entrevista, foque menos em tarefas menores (como “publicação de posts” ou “produção de relatórios”) e mais em como sua atuação contribuiu para construir reputações, fortalecer marcas ou solucionar crises. Posicione-se como quem entende do impacto real da comunicação estratégica na vida pública.
Onde buscar aprendizado prático?
Compreender comunicação política não é restrito aos bancos universitários. Uma das maiores escolas continua sendo a rua. Trabalhar no “corpo a corpo”, observando as demandas da população, ouvindo críticas, identificando oportunidades de engajamento e entendendo limites de atuação oficial.
Se desejar seguir o caminho acadêmico, procure cursos de Comunicação Social, Relações Públicas, Jornalismo, Marketing ou Gestão Pública. Todos agregam e são bem-vindos. Mas, no cotidiano, a busca por conteúdo online também rende ótimos frutos: eventos online sobre comunicação política, grupos de discussão nas redes sociais e leituras regulares de portais confiáveis sempre agregam.
No próprio blog da Communicare são discutidos temas sobre campanhas eleitorais, fortalecimento de mandatos e marketing de causas. Um exemplo direto são os artigos estratégias de marketing eleitoral para iniciantes e o que é comunicação institucional e sua importância na política, muito indicados para quem deseja aprofundar prática e teoria sobre campanhas, eleições e relacionamento com a sociedade.
Como se posicionar corretamente no mercado?
Não basta ser competente, é preciso ser visto. Construir uma carreira sólida em comunicação política depende de um cuidado constante com a própria reputação.
Compartilhe resultados, quando possível, de campanhas que participou
Mantenha postura ética e respeitosa em debates virtuais
Evite excessos nas polêmicas: atue mais como solucionador de conflitos do que como incendiário
Busque feedback honesto de quem já trabalha no setor
Invista em materiais portfólio: coletânea de posts, releases, vídeos, exemplos de crises resolvidas
Há um diferencial em quem consegue demonstrar “como” atua, não só “onde” já trabalhou. O mercado está em busca de profissionais que conseguem transformar situações negativas em oportunidades de crescimento da imagem pública.
Reputação se constrói todos os dias, não só em ano de eleição.
Como mostrar valor ao concorrer a vagas?
Quando o momento de buscar uma oportunidade chega, muitas pessoas cometem o erro de apenas listar funções operacionais. Não caia nessa armadilha. Mostre de que forma sua participação ajudou a resolver desafios e a construir credibilidade para mandatos, sindicatos, conselhos ou lideranças políticas. Apresente exemplos concretos, resultados mensuráveis (quando possível) e demonstre domínio sobre diferentes formatos de conteúdo.
Evite focar apenas em “edição de arte”, “produção de texto” ou “gestão de publicações”. Foque no impacto dessas ações. Por exemplo:
“Liderança de equipe digital responsável por ampliar em 40% o alcance orgânico durante a pré-campanha”
“Criação de estratégia para gerenciamento de crise que resultou em restauração de reputação para o mandato”
“Coordenação de produção de conteúdo educativo, fortalecendo vínculo com associações locais”
Esses são indicativos claros de que você entende comunicação política não como rotina, mas como missão estratégica. Adaptar essa mentalidade é um divisor de águas para quem quer chegar longe.
O papel da diversidade e a busca por representatividade
Nem toda comunicação é neutra ou igual para todos os públicos. Dados apresentados pelo Jornal da USP mostram que embora as mulheres representem mais da metade do eleitorado brasileiro, ocupam apenas 15% das cadeiras no Congresso Nacional. Diversidade, inclusão, respeito às diferenças religiosas, raciais, geracionais e de orientação sexual são aspectos que o bom comunicador precisa considerar e, na prática, defender.
Canais digitais e marketing político não mudam realidades sozinhos, mas são armas potentes para dar voz a grupos sub-representados e fortalecer causas legítimas. Dominar a linguagem da inclusão e saber dialogar com as demandas do presente são obrigatórios para quem ambiciona protagonismo.
Conclusão: comunicação política é construção constante
A trajetória para se destacar na comunicação política é feita de etapas, de erros e acertos, mas sempre de aprendizado. Não existe fórmula pronta; existe trabalho diário, vontade de aprender e disposição para participar. O profissional que cresce é aquele que entende os anseios do povo, respeita sua história, se atualiza e transforma desafios em oportunidades de fortalecimento institucional.
Se deseja dar os primeiros (ou próximos) passos no setor, recomendamos continuar por aqui: o blog da Communicare é uma referência para conselhos, dicas e aprofundamento em temas como campanhas de desconstrução, fortalecimento de base e pesquisas de opinião. Para ações práticas e desenvolvimento de estratégias eficazes, veja também o artigo dicas essenciais para impulsionar sua campanha eleitoral.
Chegou seu momento? Conte conosco para potencializar sua atuação em comunicação política, institucional ou eleitoral. Conheça mais nossos serviços e entre em contato pelo formulário disponível em nosso site. Estamos prontos para transformar trajetórias e fortalecer reputações.
Perguntas frequentes sobre comunicação política
O que é comunicação política?
Comunicação política é um conjunto de estratégias, práticas e conteúdos voltados a estabelecer, informar, persuadir e engajar públicos em torno de candidatos, partidos, mandatos, instituições, sindicatos e entidades do setor público. Isso envolve desde o relacionamento com a imprensa até o uso avançado de redes sociais e é fundamental para a gestão da imagem, do discurso e da participação cidadã.
Como começar na comunicação política?
Para começar, sugerimos buscar experiências práticas, como atuar em campanhas locais (mesmo como voluntário), aproximar-se de diretórios partidários municipais e participar de eventos e cursos focados em comunicação e política. O contato diário com profissionais da área também acelera o aprendizado. Mais do que um diploma, contam a curiosidade, a disposição para aprender e o interesse genuíno em política.
Quais são as melhores estratégias para se destacar?
Algumas estratégias envolvem investir em networking, produzir conteúdo autoral nas redes, estudar constantemente temas políticos, participar de projetos práticos e entender profundamente o público-alvo. Desenvolver habilidades de gestão de crise, análise de dados, boa escrita e comunicação assertiva completam o perfil dos mais procurados pelo mercado.
Vale a pena investir em comunicação política?
Sim. A comunicação política não só contribui para fortalecimento de candidaturas e mandatos, como também é um diferencial para gestores que desejam engajar a sociedade e defender projetos. O campo está em ampla expansão, oferecendo oportunidades contínuas em entidades públicas e privadas.
Onde aprender mais sobre comunicação política?
Indicamos ler artigos especializados no blog da Communicare, que abordam temas como planejamento estratégico, campanhas e tendências tecnológicas. Além disso, participar de cursos, eventos do setor, debates públicos e consumir conteúdos de referência nacional são boas formas de ampliar o conhecimento.




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