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Comunicação eleitoral inclusiva: acessibilidade para todos

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • 13 de nov.
  • 8 min de leitura

Sou João Pedro G. Reis, Diretor Executivo da Communicare, e, ao longo da minha trajetória em comunicação e estratégia política, aprendi muito sobre o quanto a inclusão e a acessibilidade podem transformar o cenário das campanhas eleitorais brasileiras. Neste artigo, compartilho provocações, experiências e soluções para tornar a comunicação eleitoral realmente acessível a todos, discutindo dados, tendências e práticas que fazem a diferença.


O porquê de falar sobre acessibilidade na comunicação eleitoral


Muitas vezes subestimada, a questão da acessibilidade na comunicação no contexto eleitoral impacta diretamente no direito ao voto, no engajamento cidadão e na construção de campanhas mais legítimas e plurais. Não se trata apenas de uma exigência legal, mas de uma postura cidadã e estratégica. Penso que, se o objetivo de uma campanha é dialogar com eleitores, todos devem ser considerados e contemplados.

Quem não comunica para todos, limita sua força política.

Recentemente, dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que, nas Eleições Municipais de 2024, apenas 37,4% das seções eleitorais no Brasil eram acessíveis, somando 178.838 seções adaptadas. Além disso, 1.451.846 eleitores declararam algum tipo de deficiência, com deficiências de locomoção, visual, auditiva e dificuldades para exercer o voto. Os números mostram expansão do cadastramento: em 2016, tínhamos 598 mil eleitores declarados com deficiência e, agora, são mais de 1,4 milhão (dados do TSE).


Desafios reais da acessibilidade nas eleições brasileiras


No contato com candidatos e entidades, escutei muitas dúvidas e relatos sobre obstáculos enfrentados por parte de eleitores. Entre os desafios mais citados destacam-se:

  • Falta de informação clara em materiais de campanha sobre recursos de acessibilidade disponíveis;

  • Sinalização inadequada das seções acessíveis e ausência de rampas ou pisos táteis;

  • Peças de comunicação e conteúdos digitais sem adaptação para leitores de tela, Libras ou audiodescrição;

  • Desconhecimento dos próprios candidatos sobre as medidas implementadas pelo TSE;

  • Pouca atenção às diferenças culturais e de linguagem que impactam grupos minoritários.

Experiências compartilhadas por colegas em todo o país reforçam que o acesso efetivo à mensagem eleitoral ainda é limitado, principalmente para cidadãos com deficiência visual, auditiva ou de locomoção. Segundo o TRE-PR, no Paraná, mais de 98 mil eleitores declararam deficiência e 36% deles a de locomoção.


Impactos positivos da comunicação eleitoral inclusiva


Observo, na minha prática, que campanhas inclusivas tendem a ter maior engajamento, ampliar alcance e construir reputação positiva, tornando-se referência para outras ações políticas e institucionais. Os benefícios incluem:

  • Crescimento na participação dos eleitores com deficiência na agenda política;

  • Redução da exclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade;

  • Fortalecimento da imagem do candidato ou instituição;

  • Mais legitimidade no discurso e no exercício dos direitos democráticos;

  • Possibilidade de diálogo direto com grupos estratégicos para a representatividade.

Uma campanha eleitoral que ignora barreiras de acessibilidade comunica não só com menos gente, mas também comunica menos valor. E cada voto pode ser decisivo em eleições apertadas.


O que a legislação brasileira orienta sobre acessibilidade eleitoral?


O Estatuto da Pessoa com Deficiência, em vigor desde 2015, determina condições de acesso e uso dos espaços públicos e privados, prevendo comunicação acessível para todos os cidadãos com deficiência. Além disso, normas do TSE exigem a adoção de urnas eletrônicas adaptadas, intérpretes de Libras, materiais em Braille e a possibilidade de transferência do local de votação para seções acessíveis.

Em São Paulo, por exemplo, 29,2% do eleitorado com deficiência do país encontra-se registrado lá, com avanços institucionais principalmente para pessoas com deficiência de locomoção e para quem relata dificuldade para exercer o voto (fonte: TRE-SP).

Apesar do avanço legal e institucional, vejo que a comunicação eleitoral ainda não acompanha esse ritmo na prática, ficando limitada a adaptações pontuais, sem um plano abrangente e inclusivo de verdade.


Como estruturar uma comunicação eleitoral realmente inclusiva?


Para mim, o ponto de partida é reconhecer que inclusão começa no projeto da campanha, no papel e na tela. O ideal é envolver pessoas com deficiência desde os primeiros momentos. Seguindo a experiência da Communicare, apresento um roteiro prático:

  1. Análise estratégica do público: identificar perfis, demandas e barreiras de acessibilidade na área de atuação;

  2. Avaliação e adaptação dos materiais físicos: folders em Braille, panfletos com letras ampliadas, sinalizações com alto contraste, QR Codes para audiodescrição;

  3. Produção de conteúdo digital universal: sites acessíveis (WCAG), vídeos legendados, audiodescrições, Libras e linguagem direta;

  4. Capacitação da equipe e formação de ponte com associações e conselhos;

  5. Revisão dos roteiros de fala para discursos inclusivos, livres de vieses, abrindo espaço para mais participação (leia sobre discursos políticos inclusivos);

  6. Monitoramento dos canais: ouvir feedbacks, testar continuamente e melhorar conforme relatos dos próprios eleitores.

Percebo que pequenas adaptações geram enormes mudanças: um vídeo de um candidato que aparece interpretado em Libras e com legendas, por exemplo, amplia o alcance da mensagem. Um panfleto com fonte ampliada atrai olhares de quem normalmente ficaria de fora. E, principalmente, é importante lembrar que a verdadeira inclusão não é só física ou tecnológica. É atitude.


Consequências práticas da exclusão nas campanhas eleitorais


Apesar dos avanços, vejo que a exclusão digital, arquitetônica e comunicacional ainda gera impactos severos em diversos contextos eleitorais. No Estado de Goiás, em oito anos, os eleitores com deficiência cadastrados cresceram mais de 123%, segundo o TRE-GO. Mesmo assim, muitos relatam falta de informação sobre seções acessíveis e ausência de materiais adaptados durante as campanhas.

As consequências mais sentidas, de acordo com relatos e experiências coletadas pela Communicare:

  • Eleitores desmotivados, sentindo-se invisíveis ou negligenciados;

  • Afastamento de grupos que poderiam ser agentes multiplicadores da candidatura ou causa;

  • Reforço de estigmas e preconceitos sociais;

  • Judicialização ou denúncias junto à Justiça Eleitoral.

Comunicação equivocada pode custar votos e confiança.

Campanhas realmente inclusivas evitam esses riscos e geram valor institucional duradouro.


Ferramentas, recursos e soluções acessíveis para campanhas


Listo aqui recursos e medidas que deram resultado concreto em campanhas que conduzi pela Communicare, em alinhamento com as mais recentes recomendações do TSE:

  • Textos claros, diretos e em linguagem simples;

  • Vídeos legendados, com opção de janela para Libras e audiodescrição dos atos e imagens;

  • Sites e aplicativos otimizados para leitores de tela, contraste de cores ajustável e navegação simplificada (use guias como o checklist de acessibilidade digital);

  • Materiais impressos com fontes ampliadas, informações em Braille e QR Codes para acesso em áudio;

  • Capacitação periódica das equipes de campanha;

  • Divulgação ampla sobre os direitos do eleitor e recursos disponíveis para facilitar o processo;

  • Testes frequentes de acessibilidade nas plataformas utilizadas na pré-campanha, campanha e mandato.

Tenho convicção de que uma comunicação bem adaptada fortalece o vínculo com a base, além de empoderar conselhos profissionais, sindicatos, associações e entidades públicas em seus processos eleitorais.


O papel da equipe e dos multiplicadores em campanhas inclusivas


Nenhuma ação isolada substitui o preparo coletivo. Na Communicare, insisto sempre na formação de agentes de acessibilidade dentro das equipes. Isso inclui:

  • Pessoas responsáveis por supervisionar a aplicação dos recursos e coletar feedbacks dos eleitores;

  • Multiplicadores para orientar mesários e voluntários durante as eleições, tornando a experiência de votação mais fluida e respeitosa;

  • Parcerias com associações de pessoas com deficiência, conselhos e especialistas do setor;

  • Divulgação consistente e transparente das novidades em canais públicos.

Está comprovado que campanhas que contam com agentes de acessibilidade apresentam mais engajamento e participação efetiva de todos os públicos. E isso constrói uma imagem política moderna e ética.


Como incluir acessibilidade desde o planejamento até o pós-eleição


Minhas recomendações para candidatos, assessores e instituições:

  1. Na pré-campanha, levante dados locais sobre o número de eleitores com deficiência, demandas específicas e estruturas disponíveis;

  2. Monte um plano de comunicação acessível, integrando o tema no discurso, nas peças e nas redes sociais (veja as estratégias para campanhas inclusivas);

  3. Inclua espaço para avaliação e sugestões, usando múltiplos formatos de contato;

  4. Durante e após o pleito, colete relatos, monitore reclamações, registre as ações e prepare relatórios para as próximas campanhas, ajustando sempre os processos.

Incluir pessoas com deficiência e necessidades diversas no planejamento e na execução das ações eleitorais enriquece o debate, melhora a campanha e democratiza a participação política.


Casos e pequenas vitórias: exemplos inspiradores


Em algumas oportunidades, tive a felicidade de acompanhar entidades sindicais, mandatos e conselhos regionais que transformaram sua comunicação a partir de pequenas ações inclusivas, mesmo com poucos recursos:

  • Criação de audiodescrição e interpretação em Libras para vídeos institucionais, garantindo alcance a todos os filiados;

  • Adoção de canais de WhatsApp acessíveis, respondendo dúvidas em áudio e texto claro;

  • Implementação de materiais impressos acessíveis distribuídos em eventos da categoria;

  • Inclusão do tema da acessibilidade em debates e plenárias, gerando identificação e engajamento de mais pessoas.

São avanços que inspiram e que mostram, na prática, que comunicação inclusiva é possível, mesmo em realidades desafiadoras. Cada ação conta.


Principais aprendizados: acessibilidade como estratégia e legado


Em campanhas eleitorais, a acessibilidade deixou de ser diferencial para se tornar obrigação ética e política. Minhas experiências mostram que quem prioriza inclusão desde o início não só alcança mais eleitores, mas constrói mandatos e instituições mais respeitados, preparados para o futuro.

A jornada é coletiva, baseada em escuta ativa, pesquisa, adaptação e compromisso. Conteúdos acessíveis, linguagem simples, canais abertos para sugestões e decisões amparadas por dados concretos são caminhos que todo líder precisa percorrer para fortalecer a democracia.

Na Communicare, trabalhamos para que todos os públicos recebam mensagens claras, participem do debate e exerçam seus direitos plenamente, em sindicatos, conselhos, associações e campanhas eleitorais de todo o Brasil. Reforço: Inclusão não se resume a recursos. A verdadeira inclusão está na atitude, na postura e na vontade de mudar.


Conclusão: transformando campanhas com acessibilidade e propósito


Comunicar com propósito é garantir que todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas. A acessibilidade eleitoral é parte essencial desta missão, ampliando não apenas o direito ao voto, mas também fortalecendo a cidadania, a reputação e a confiança em instituições e lideranças.

Se você deseja estruturar uma campanha inclusiva, ética e inovadora, conte com a Communicare. Nossa equipe está preparada para acompanhar mandatos, sindicatos, conselhos e assessoramentos públicos na transformação da comunicação política e institucional. Acesse nosso formulário de contato no site e descubra como podemos juntos gerar impacto positivo e visibilidade para sua causa ou mandato.


Perguntas frequentes sobre comunicação eleitoral inclusiva



O que é comunicação eleitoral inclusiva?


Comunicação eleitoral inclusiva é o conjunto de práticas, recursos e atitudes adotados para garantir que todas as pessoas, independentemente de suas deficiências ou necessidades específicas, compreendam, participem e tenham pleno acesso às informações e mensagens de campanhas eleitorais. Isso envolve linguagem clara, materiais adaptados, uso de tecnologia assistiva e abertura para feedbacks.


Como tornar campanhas acessíveis para todos?


Para tornar campanhas acessíveis, é fundamental mapear o público, criar materiais em múltiplos formatos (Braille, Libras, legendas, audiodescrição), treinar equipes de voluntários e garantir que sites e redes sociais sigam padrões de acessibilidade reconhecidos. Envolver pessoas com deficiência na criação dos conteúdos e nos testes das ferramentas potencializa a inclusão e amplia resultados positivos.


Quais recursos garantem acessibilidade eleitoral?


Os principais recursos para acessibilidade eleitoral incluem urnas eletrônicas adaptadas com teclado em Braille, recursos em Libras, audiodescrição, vídeos legendados, panfletos em letras ampliadas e materiais digitais adequados para leitores de tela. Além disso, sinalização adequada, rampas, pisos táteis, canais de comunicação acessíveis e capacitação das equipes completam o quadro essencial de inclusão.


Por que investir em comunicação inclusiva?


Investir em comunicação inclusiva amplia o alcance da mensagem, fortalece a imagem do candidato ou da instituição, reduz barreiras de participação e promove a democracia de forma efetiva. Campanhas acessíveis são mais respeitadas e, com frequência, resultam em maior engajamento e apoio, além de cumprirem com as legislações vigentes.


Quem pode ajudar na acessibilidade eleitoral?


Agências de comunicação especializadas, como a Communicare, associações de pessoas com deficiência, profissionais de acessibilidade digital e equipes treinadas são fundamentais para desenvolver e implementar ações inclusivas em campanhas eleitorais. O apoio de especialistas e a consulta direta ao público-alvo fazem toda a diferença na criação de estratégias verdadeiramente acessíveis e eficientes.

 
 
 

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