top of page

Como garantir a acessibilidade digital em campanhas eleitorais

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • há 6 horas
  • 9 min de leitura

Eu já presenciei o impacto real de uma campanha digital inclusiva. Em meio à avalanche de conteúdos que marcam cada disputa eleitoral, garantir que toda a população seja realmente alcançada é não apenas uma questão de respeito, mas de estratégia política. Falo isso com base em anos de experiência na linha de frente da comunicação política nacional, em diferentes contextos e desafios que, aos poucos, firmaram a acessibilidade digital como um pilar de resultado. Hoje, compartilho como eu enxergo esse tema e como, pela perspectiva da Communicare, ele se tornou inegociável nas campanhas que desenhamos.


Por que pensar em acessibilidade digital desde o início?


A discussão sobre acessibilidade digital cresceu junto ao avanço das campanhas digitais. De um lado, 74% da população com mais de 10 anos no Brasil já tem acesso à internet, o que significa mais de 130 milhões de pessoas conectadas, segundo o Comitê Gestor da Internet. Do outro, o comparecimento de pessoas com deficiência às urnas saltou mais de 30% desde a eleição anterior, ultrapassando 631 mil eleitores, segundo dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral.

Não são apenas números: são histórias, direitos, presenças que mudam o rumo das campanhas. E, sinceramente, ignorar essa fatia relevante da sociedade é desperdiçar potencial democrático e enfraquecer a reputação da candidatura, do mandato ou da entidade.

Acessibilidade não significa adaptar, mas sim incluir desde a origem.

O que é acessibilidade digital na esfera eleitoral?


Por vezes noto que existe muita confusão conceitual. A acessibilidade digital em campanhas eleitorais não se restringe às pessoas cegas ou surdas. Ela é o compromisso de eliminar barreiras tecnológicas, de navegação e de comunicação para qualquer cidadão, incluindo idosos, pessoas com deficiência, usuários com limitações temporárias e até aqueles com conexão de internet instável ou aparelhos antigos.

Portanto, acessibilidade digital é o conjunto de práticas, técnicas e recursos adotados para garantir que qualquer eleitor, independente de suas condições físicas, sensoriais, cognitivas ou tecnológicas, consiga acessar, compreender, interagir e participar das ações e conteúdos da campanha eleitoral.


Princípios práticos para construir campanhas eleitorais acessíveis


Da teoria para a prática: transformar discurso de inclusão em experiência real depende de decisões estratégicas, técnicas e criativas. A seguir, passo pelos pontos que considero indispensáveis para garantir esse compromisso:


1. Linguagem simples, objetiva e inclusiva


  • Evite jargões, siglas sem explicação e textos longos demais.

  • Prefira frases curtas e vá direto ao ponto, facilitando a compreensão de diferentes públicos.

  • Inclua opções em Libras e tradução multilíngue quando viável, especialmente em regiões com diversidade cultural ou migratória relevante.


2. Contraste de cores e legibilidade


  • Verifique se o contraste entre textos e fundos permite fácil leitura mesmo para quem tem baixa visão ou daltonismo.

  • Evite combinações como verde/vermelho ou azul/roxo que frequentemente confundem usuários com deficiências visuais.

  • Prefira fontes simples, tamanho mínimo de 16 px, e espaçamento amplo entre linhas.


3. Conteúdos multimídia acessíveis


  • Vídeos devem ter legendas sincronizadas, audiodescrição e tradução em Libras quando possível.

  • Áudios (podcasts, jingles etc.) precisam de transcrição publicada junto ao player.

  • Imagens e gráficos devem incluir descrições alternativas (alt text), o que além de inclusivo também melhora SEO.


4. Navegação descomplicada em sites e aplicativos


  • Menus devem seguir lógica clara e hierarquia simples.

  • Use links descritivos (ao invés de “clique aqui”, explique para onde o link leva).

  • Compatibilize formulários, quiz e enquetes para preenchimento via teclado e uso por leitores de tela.

  • Evite pop-ups intrusivos, barras de rolagem complexas ou menus ocultos que dificultam o acesso.


5. Compatibilidade com tecnologias assistivas


  • Testes com leitores de tela (como NVDA, JAWS ou VoiceOver) são indispensáveis.

  • Facilite o ajuste de contraste, zoom e outros recursos dos sistemas operacionais.

  • Formulários e botões precisam estar preparados para navegação por voz ou teclado.


6. Informações claras sobre acessibilidade e canais de suporte


  • Destaque no site e redes sociais a política de acessibilidade e como solicitar adaptação ou suporte.

  • Mantenha canais de contato acessíveis (WhatsApp, chat, email e telefone) e com atendimento preparado para acolher diferentes necessidades.

Incluir é preparar o caminho e ainda abrir a porta.

Estudo de caso: A experiência da Communicare em campanhas acessíveis


Costumo dizer que acessibilidade digital exige menos improviso e mais intenção estratégica. Prova disso são os aprendizados que colecionei ao liderar projetos para campanhas municipais, estaduais e nacionais com a equipe da Communicare.

Numa dessas campanhas, lembro que a grande virada aconteceu quando reformulamos todo o site da candidatura, priorizando contraste, navegação por teclado e explicações em áudio sobre cada página. Ao lado disso, adaptamos lives e vídeos para incluir legendas e intérprete de Libras. O engajamento no Instagram, por exemplo, cresceu 26% após a adoção de audiodescrição e legendas fixas nos vídeos semanais. E, surpreendentemente, surgiram relatos de pessoas idosas, com deficiência visual ou auditiva, e até jovens de linguagens diversas, dizendo que finalmente se sentiram convidadas ao debate. É sobre isso.


Redes sociais, microtargeting e acessibilidade digital: O desafio da personalização sem exclusão


Se antes o principal canal de campanha digital era o Facebook, hoje o Instagram já representa quase metade das plataformas registradas pela classe política, segundo relatório da FGV. A comunicação por meio de grupos de WhatsApp, Twitter e TikTok também se intensificou, ampliando o desafio de garantir experiência acessível a todos os públicos.

O microtargeting, debatido inclusive na 16ª Redesp, é recurso valioso, mas precisa ser aplicado com inteligência para não reforçar barreiras. Não adianta segmentar campanhas por gênero, renda ou região e esquecer de adaptar os conteúdos para quem depende de legendas, áudios alternativos, contraste adequado e descrições objetivas. É aqui que mora o equilíbrio entre eficiência e inclusão.


Dicas detalhadas para tornar cada etapa da campanha mais acessível



Sites e landing pages eleitorais


  • Prefira menu fixo e bem contrastado, usável tanto por mouse quanto por teclado.

  • Inclua botão de acessibilidade visível, permitindo ajuste de contraste, aumento de fonte e leitura via sintetizador de voz.

  • Teste, sempre que possível, em navegadores diferentes e dispositivos variados (desktop, tablet, smartphone, smart TV).

  • Considere certificações como WCAG 2.1, mas priorize a experiência do usuário brasileiro, com foco em situações reais.

Um exemplo de estrutura efetiva de site pode ser consultado no artigo sobre site eficaz para comunicação política integrada no contexto eleitoral, produzido pela nossa equipe.


Materiais de campanha para redes sociais


  • Em imagens: use alt text objetivo, com linguagem simples.

  • Evite artes “poluídas”, cheias de informações pequenas e com pouco contraste.

  • Legende todos os vídeos, inclusive stories e reels.

  • Quando possível, adicione um intérprete de Libras nos cantos das telas em vídeos ao vivo.

  • Pense na variedade de formatos: carrosséis, audioposts, texto em áudio, Cards em PDF acessível etc.


Lives, debates virtuais e podcasts


  • Tradução simultânea em Libras, audiodescrição e legendagem em tempo real elevam o alcance.

  • Permita perguntas por texto, áudio e vídeo, possibilitando participação de todos.

  • Mantenha páginas de download ou repositórios de gravações acessíveis, PDFs comentados, resumos em texto simples, arquivos de áudio editados.

No artigo sobre estratégias digitais para campanhas eleitorais vitoriosas detalho outros cases e frameworks testados na prática.


Desafios e barreiras mais comuns na acessibilidade digital eleitoral


A intenção é nobre, mas a execução costuma esbarrar em alguns blocos de pedra, normalmente evitáveis com atenção e planejamento:

  1. Falta de testes reais: confiar apenas em simulações técnicas e deixar de ouvir usuários reais com deficiência.

  2. Excesso de conteúdo visual sem alternativa: carrosséis, cards e memes sem descrição afastam parte da audiência.

  3. Textos genéricos e informais demais nas legendas: dificulta a compreensão de quem depende da informação escrita ou sintetizada.

  4. Plataformas desatualizadas ou incompatíveis: muitos sites ainda não oferecem suporte a recursos modernos de acessibilidade.

  5. Desatenção à acessibilidade em posts patrocinados: anúncios pagos precisam ser acessíveis tanto quanto orgânicos.

Conteúdo acessível alcança, convence e mobiliza mais.

Como adaptar o planejamento de campanha para abraçar a acessibilidade digital?


Na minha experiência, a resposta começa antes de qualquer coisa: na cultura da equipe e na escolha dos fornecedores. Envolva pessoas com deficiência nas etapas de brainstorming, seja contratando consultores, seja promovendo testes simples. Priorize plataformas e sistemas que atendam aos requisitos técnicos de acessibilidade, mas não caia no automatismo. O olhar humano, atento às demandas locais, sempre faz diferença.

Todas as etapas, do brainstorm criativo à publicação do conteúdo, devem incluir um checklist de acessibilidade. E mais: insista para que todos os fornecedores, sejam de tráfego pago, design, vídeo ou texto, sigam o mesmo padrão. Esse compromisso impacta até mesmo a confiabilidade da candidatura, especialmente num contexto em que a Justiça Eleitoral prioriza ações digitais acessíveis como critério de transparência.


Ferramentas, recursos e referências para campanha digital acessível


A cada ciclo eleitoral, surgem novos instrumentos para apoiar a inclusão digital em campanhas. Eu listo aqui alguns recursos que já empreguei em projetos com resultado positivo:

  • Editor de textos com checagem automática de legibilidade e contraste: são úteis para ajustar cor, tamanho de fonte e tornar textos mais claros.

  • Plugins e extensões de acessibilidade: para adaptação de sites, ajuste de contraste, leitura em voz alta e navegação facilitada por teclado.

  • Ferramentas de transcrição automática e legendagem em tempo real: aceleram a produção de vídeos e podcasts acessíveis.

  • Banco de imagens inclusivas e ferramentas de descrição automática: melhoram o impacto nos posts das redes sociais.

  • Testadores de usabilidade com foco em inclusão: promovem testes rápidos e detectam “pontos cegos” na experiência do usuário final.

Para quem busca aprofundar esse conhecimento, recomendo a leitura dos materiais da Communicare sobre marketing digital político, conformidade e segurança digital e publicidade eleitoral, que também abordam aspectos importantes da acessibilidade em diferentes canais.


Regulamentação, segurança digital e riscos jurídicos


A legislação eleitoral brasileira reconhece a acessibilidade digital como requisito ético e, em vários casos, legal. O próprio Tribunal Superior Eleitoral recomenda adaptações para garantir igualdade de acesso à informação, além de incentivar a denúncia e correção rápida de barreiras identificadas. Isso se intensificou na esteira do crescimento do microtargeting e da personalização, exigindo ainda mais atenção aos públicos tradicionalmente excluídos.

Ignorar diretrizes de acessibilidade pode resultar em judicialização de campanhas, perda de credibilidade e até cancelamento de páginas ou conteúdos. Mas mais do que o medo do risco, a experiência mostra: há ganhos concretos ao investir em inclusão, da mobilização nas redes ao entusiasmo no voto espontâneo.

Inclusive, nos nossos projetos na Communicare, seguimos manual rígido para vetar posts não acessíveis e criamos protocolos internos de atualização contínua, o que permite respostas rápidas caso novas necessidades surjam ao longo do pleito.

A inclusão digital é ponte direta para a participação cidadã nas eleições.

Dúvidas e erros recorrentes: como superar?


Sempre costumo receber perguntas do tipo “mas será que isso realmente faz diferença?” ou “é obrigatório investir tanto em acessibilidade nas campanhas?”. Sinceramente, vejo que a diferença aparece nos detalhes, em cada voto conquistado por respeito, em cada eleitor que retorna porque a mensagem chegou. Não é custo, é investimento em reputação e resultados.

Erros, claro, acontecem. Mas o segredo está na pronta correção: se identificou que um vídeo não tem legenda, ajuste imediatamente. Se recebeu feedback de uma pessoa que não conseguiu ler seu card, reformule a arte. E, acima de tudo, crie canais para ouvir críticas construtivas. O medo paralisa, mas a disposição de acertar aproxima.


Conclusão: inclusão como diferencial e legado


Ao longo da minha trajetória, testemunhei candidaturas crescerem porque não apenas falaram, mas praticaram a inclusão digital. Na Communicare, todos os projetos de marketing político, sindical e institucional incluem essa premissa desde os primeiros rascunhos. Dos posts mais simples ao engajamento de bases em regiões remotas, acessibilidade digital não é só direito: é estratégia de conexão.

Se sua entidade, mandato ou candidatura deseja ampliar impacto, fortalecer reputação e, principalmente, dialogar com todos de verdade, este é o momento de investir em acessibilidade digital. Recomendo que acesse o site da Communicare e entre em contato pelo nosso formulário. Tenho certeza de que juntos podemos construir campanhas que são realmente para todos.


Perguntas frequentes sobre acessibilidade digital em campanhas eleitorais



O que é acessibilidade digital em campanhas?


Acessibilidade digital em campanhas é o cuidado de garantir que todos, inclusive pessoas com deficiência, idosos e quem enfrenta limitações tecnológicas, possam acessar, compreender e participar dos conteúdos e ações políticas online, sem barreiras técnicas ou comunicativas. Isso envolve adaptar sites, redes sociais, vídeos, áudios, imagens e canais de interação para serem navegáveis e compreensíveis, independentemente do perfil do eleitor.


Como tornar uma campanha mais acessível?


Para tornar uma campanha mais acessível, adote desde o início práticas como linguagem clara, contraste adequado de cores, legendas em vídeos, descrição em imagens, formulários simples e canais de diálogo acessíveis. Inclua recursos para Libras, audiodescrição e teste as publicações em diferentes dispositivos e sistemas. Ouça o público e ajuste sempre que necessário.


Quais ferramentas ajudam na acessibilidade digital?


Ferramentas como os leitores de tela (NVDA, JAWS, VoiceOver), plugins de contraste, extensões de aumento de fonte, editores de texto que verificam legibilidade, aplicativos de transcrição automática e bancos de imagens inclusivas são muito úteis. Além desses, plataformas que permitem testar a usabilidade com foco em inclusão ajudam a validar o que funciona no contexto real da sua campanha.


Por que acessibilidade digital é importante em eleições?


A acessibilidade digital garante que campanhas políticas sejam realmente democráticas, ampliando o acesso à informação e à participação de públicos historicamente excluídos. Isso impacta diretamente a reputação, a legalidade da comunicação eleitoral e pode ser o diferencial para conquistar o voto de quem jamais foi ouvido plenamente.


Quais erros evitar na acessibilidade digital?


Evite ignorar testes reais com pessoas com deficiência; não publique vídeos sem legendas ou imagens sem alt text; não dependa só de design visual complexo; não subestime a necessidade de canais de suporte preparados. O principal: não trate acessibilidade como obrigação burocrática, mas sim como parte central da comunicação eficiente e inclusiva.

Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação

pronto para fazer sua campanha eleitoral com a gente?

Entre em contato, nosso time está disponível para te atender.
Para oportunidades, confira a nossa
central de carreiras.

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • LinkedIn

Belo Horizonte - MG:

Rua Professor Eugênio Murilo Rubião, 222 - Anchieta

Brasília - DF:

Ed Lê Quartier, SHCN, sala 420

Florianópolis -  SC 
Av. Prof. Othon Gama D'Eça, 677 - Sala 603 - Centro

 +55 31 9843-4242

contato@agcommunicare.com

©2019 - 2025

 por Communicare

CNPJ: 41.574.452/0001-64

bottom of page