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Como usar dados de biometria eleitoral para segmentar campanhas

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • há 6 horas
  • 8 min de leitura

Quando penso na evolução da comunicação política no Brasil, uma das transformações que mais me chama atenção é a integração de dados biométricos ao universo eleitoral. Como Diretor Executivo da Communicare, acompanho de perto o impacto dessa ferramenta na precisão das campanhas e no fortalecimento da confiança do processo democrático. Ao longo deste artigo, quero mostrar como a biometria eleitoral pode ser o ingrediente invisível que amplia as possibilidades de segmentação, personalização e engajamento, sempre com responsabilidade e respeito à privacidade.

Biometria redefine a estratégia eleitoral.

O que é biometria eleitoral e qual seu papel nas eleições?


Biometria eleitoral, em termos simples, é a coleta e o armazenamento de dados físicos dos eleitores, especialmente impressões digitais, fotografia facial, e assinatura digital. No Brasil, esse cadastro virou regra em quase todo o território, com mais de 83% do eleitorado já identificado biometricamente nas Eleições de 2024.

Além de garantir a autenticidade do voto e evitar fraudes, essa base de dados esconde uma riqueza analítica: perfis demográficos detalhados, padrões de comparecimento e distribuição geográfica excepcionais.


O cenário brasileiro da biometria: números e desafios


Antes de qualquer coisa, é vital entender que o território brasileiro é continental e sua população, extremamente diversa. Segundo dados divulgados pelo TSE e repercutidos pela imprensa, no início de 2024, o Sudeste possuía os menores percentuais de cadastramento biométrico, enquanto Norte e Nordeste superavam 93% em muitos estados.

Para ilustrar esse mosaico:

  • Em Pernambuco, por exemplo, 83,48% dos eleitores estavam cadastrados com biometria em fevereiro de 2025, mas cidades como Cedro e Poção ficavam com taxas em torno de 15% (estatísticas de Pernambuco).

  • Há esforços específicos, como o do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, que até maio de 2026 pretende coletar biometria de 349 mil pessoas, focando inclusive nos jovens que tiraram o título de eleitor durante a pandemia (projeto do TRE-MA).

Esse panorama revela que a estratégia de segmentação deve ir além de dados brutos. Deve considerar assimetrias locais, bolsões de jovens não cadastrados e padrões de aderência à tecnologia. E, claro, tudo isso alinhado à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que limita o uso e o compartilhamento dessas informações a propósitos legítimos e seguros.


Biometria: vantagens na segmentação de campanhas


Talvez você se pergunte: afinal, por que dados biométricos ajudam tanto na segmentação eleitoral? Vou listar algumas razões que observo no dia a dia de quem trabalha estrategicamente com informação:

  • Geolocalização precisa: O cruzamento de dados biométricos com mapas eleitorais permite identificar áreas de maior ou menor cadastramento, facilitando campanhas locais mais certeiras.

  • Identificação de públicos específicos: Por meio dessas bases, candidatos e equipes podem visualizar concentrações de eleitores por faixa etária, bairro e até zona eleitoral.

  • Pessoas novas no sistema: Jovens e migrantes que acabaram de se cadastrar são mapeados rapidamente. Essa dinâmica ajuda a priorizar comunicações personalizadas.

  • Redução de fraudes: Quando integração com ferramentas digitais ocorre, há clara diminuição de inconsistências e desperdício de recursos com públicos inexistentes.

Combinando tudo isso, costumo dizer que as campanhas ganham um mapa detalhado das oportunidades e dos riscos. Um retrato fiel, que pode ser explorado de forma ética e focada no interesse público. Aqui na Communicare, sempre orientamos gestões e candidatos a estruturar ações alinhadas à proteção de dados e ao respeito à cidadania.

Segmentação orientada pela biometria é precisão com ética.

Como coletar, tratar e usar os dados dentro da lei


Os bancos de dados biométricos pertencem à Justiça Eleitoral. O uso dessas informações por times de campanha só é possível de maneira indireta: via cruzamento de dados agregados e públicos, como estatísticas geográficas, taxas de cadastramento e indicadores demográficos fornecidos pelos Tribunais Regionais Eleitorais.

Para não ficar abstrato demais, veja um roteiro prático que costumo adotar em consultorias e projetos da Communicare:

  1. Consultar estatísticas públicas atualizadas: Iniciar com relatórios periódicos do TSE, TREs e boletins municipais.

  2. Mapear áreas por bairro, distrito ou município: Observar onde o cadastramento está alto, médio ou baixo.

  3. Comparar com o perfil eleitoral das últimas eleições: Ver se há aumento de novos eleitores cadastrados e mudanças demográficas.

  4. Cruzar dados biométricos com indicadores sociais: Escolaridade, renda média, indicadores de participação cívica.

  5. Criar segmentações para cada público-alvo: Usar ferramentas como microtargeting (aqui indico nosso artigo sobre microtargeting político) para estruturar campanhas específicas para bairros, faixas etárias ou setores econômicos.

Esse fluxo respeita as limitações legais e garante o uso construtivo dos dados. Ao orientar nossos clientes no setor público, sindical ou associativo, sempre deixo evidente que a inteligência estratégica só é legítima quando usada para aprimorar a comunicação e aproximar eleitos e eleitores.


Casos reais e simulações de segmentação


Já precisei construir estratégias para municípios onde menos de 20% dos eleitores estavam cadastrados. O desafio nesse contexto é duplo: primeiro, identificar quem são essas pessoas; segundo, pensar em formatos que não excluam quem ainda não acessou a biometria.

Vou contar um caso hipotético, inspirado em situações reais que vivenciei:

Uma campanha em uma cidade do interior detectou, pelo painel do TRE local, a menor taxa de biometria da região. Ao investigar, percebi que a maioria dos não cadastrados tinha mais de 60 anos ou pouca familiaridade digital.

Diante disso, orientei a equipe a investir menos em canais digitais de mobilização naquele recorte e mais em equipes de campo, rádio e parcerias com associações de bairro.

Em paralelo, a coleta acelerada em grandes centros urbanos exige que campanhas usem painéis atualizados quase em tempo real, principalmente onde há grande fluxo de jovens de 16 a 24 anos (grupo priorizado em projetos como o do TRE-MA).


Resultados em números: São Paulo nas Eleições de 2024


Relatório do TRE-SP mostrou que cerca de 2,5 milhões de eleitores votaram usando impressões digitais cadastradas por outros órgãos parceiros, com índice de aproveitamento superior a 94%. Isso indica enorme aderência à biometria em ambientes urbanos, e, consequentemente, alto potencial para segmentações sofisticadas nesses locais.

Em cidades onde a biometria está mais consolidada, costumo recomendar campanhas com conteúdo hipersegmentado, como detalho no artigo sobre hipersegmentação nas eleições de 2026. É uma aposta certeira para mandatos e partidos que desejam crescer presença digital e engajamento localizado.


Estratégias práticas para campanhas baseadas em biometria


Agora, vou compartilhar algumas linhas de ação práticas que uso para transformar dados biométricos agregados em ações táticas:

  • Mensagens personalizadas por região: Criar campanhas específicas para bairros com maior ou menor adesão biométrica, ajustando os canais e linguagem. Regiões urbanas, digital; regiões rurais, offline e visitas presenciais.

  • Mobilização de jovens: Focar microcampanhas nas zonas com mais títulos recém-emitidos (16 a 24 anos), usando eventos, influenciadores e redes sociais com linguagem adequada.

  • Incentivo à regularização: Mapear áreas onde o cadastro biométrico ainda está baixo e inserir conteúdo educativo incentivando a regularização, mostrando as vantagens de estar apto a votar.

  • Segmentação com CRM: Integrar essas bases agregadas a outras fontes, como CRM de atendimentos e bases próprias (tema que aprofundo no artigo sobre integração de dados CRM com microtargeting eleitoral).

São ações simples, mas que quando combinadas entregam resultados superiores à abordagem tradicional. A estratégia certa exige pesquisa, atualização constante e cuidado com a privacidade.


Erros comuns e como evitá-los


Já vi muitas campanhas errando por confiar apenas em dados absolutos, esquecendo de analisar as causas do baixo ou alto cadastramento. Listo alguns erros que costumo alertar clientes para não cometerem:

  • Supor que todos engajados digitalmente também são cadastrados biometricamente.

  • Ignorar disparidades em bairros periféricos ou áreas rurais e tratar o território como homogêneo.

  • Deixar de adaptar mensagem conforme faixa etária, gênero ou perfil de informação de cada região.

  • Expor dados sensíveis ou agir fora dos padrões éticos previstos na LGPD.

Evitar esses erros exige acompanhamento constante e sensibilidade ao contexto local. A experiência da Communicare em microtargeting para sindicatos já demonstrou que adaptar a abordagem é fundamental para potencializar resultados e proteger a imagem das organizações.


Exemplo prático de segmentação: simulação de campanha municipal


Imagine que uma cidade do interior tem o seguinte perfil:

  • População: 30 mil habitantes.

  • Total de eleitores: 24 mil.

  • Taxa de biometria: 70%.

  • Bairros periféricos com apenas 35% de biometria.

Nesse cenário, faria o seguinte:

  1. Segmentar comunicados e ações de rua para regiões com baixa biometria, investindo em contato humano e apoio logístico ao cadastro.

  2. Nas áreas com cobertura acima de 85%, priorizar comunicação digital e campanhas de incentivo ao comparecimento no dia da eleição.

  3. Criar conteúdos distintos para jovens, idosos e migrantes internos, aproveitando gap de informação entre os diferentes públicos.

  4. Monitorar semanalmente os painéis de atualização do TRE e ajustar a estratégia conforme novos dados são publicados.

Evidentemente, cada município exige ajustes finos. Mas a lógica central é sempre identificar oportunidades de conversa que respeitem as limitações tecnológicas e culturais daquele território.


Como integrar biometria a outras fontes de dados?


Uma questão recorrente entre dirigentes e assessores é unir informações biométricas a bases de CRM, pesquisas ou ferramentas digitais. O segredo está em cruzar dados agregados, nunca individuais, para refinar audiências, definir perfis de eleitorado e testar hipóteses de microsegmentação.

Um material que produzi sobre conteúdo segmentado para públicos específicos pode auxiliar na definição de mensagens para clusters identificados via biometria.


Cuidados legais e limites éticos


Não posso falar sobre segmentação por biometria sem reiterar: a LGPD impõe limites claros quanto ao uso de dados biométricos brasileiros. Nenhum candidato, partido ou entidade pode acessar, manipular ou armazenar informações sensíveis de terceiros sem autorização expressa e finalidade pública legítima.

O uso deve ser orientado, sempre, por painéis estatísticos agregados, análises regionais e cruzamentos com bases públicas. Na dúvida, vale consultar um especialista, e, se necessário, o Jurídico local para evitar riscos e interpretações equivocadas.

Privacidade e transparência vêm antes do resultado.

O futuro das campanhas e da comunicação política


O que se vislumbra para as eleições de 2026 e 2028 é um ambiente ainda mais data driven. A biometria, integrada a outras plataformas, permitirá campanhas hipersegmentadas, conteúdo relevante em tempo real e engajamento de públicos antes invisíveis.

Para clientes da Communicare, candidatos, assessores, sindicatos, conselhos regionais, associações e equipes parlamentares, esse é um convite à inovação, mas também à responsabilidade. Profissionais preparados, com base ética e técnica, serão essenciais para garantir que a biometria seja aliada da democracia, não um risco.


Conclusão


Em minha trajetória liderando a Communicare, percebo que a biometria eleitoral abriu um novo capítulo na comunicação política brasileira. Sem ela, campanhas falam para multidões anônimas; com ela, é possível construir diálogos reais, direcionados e mais efetivos. Isso não significa abandonar as tradições, mas aprender a combinar ciência de dados, inteligência territorial e, acima de tudo, respeito à cidadania.

Se você deseja desenhar estratégias mais assertivas ou discutir como implementar segmentação baseada em dados biométricos na sua campanha, entre em contato comigo pelo formulário no site da Communicare. Estou pronto para guiar seu projeto de maneira ética, eficiente e inovadora. Vamos juntos construir campanhas que sejam referência nacional em resultados e confiança digital.


Perguntas frequentes



O que é biometria eleitoral?


Biometria eleitoral é o procedimento de identificação do eleitor por meio de características físicas únicas, como impressões digitais, fotografia e assinatura digital. No contexto eleitoral brasileiro, ela foi implementada para aumentar a segurança do processo de votação, evitar fraudes e tornar o sistema mais transparente.


Como obter dados de biometria eleitoral?


Os dados biométricos na área eleitoral são coletados e geridos exclusivamente pela Justiça Eleitoral. Só são divulgados ao público de forma agregada, por meio de relatórios estatísticos, painéis municipais ou estaduais e comunicados oficiais do TSE e TREs. A obtenção de dados individuais, sensíveis ou não autorizados é proibida por lei.


Como segmentar campanhas com esses dados?


Para segmentar campanhas a partir da biometria, costumo analisar os dados públicos e agregados, cruzando-os com mapas territoriais, perfil demográfico dos bairros, idade dos cadastrados, entre outros pontos. Com isso, defino ações e mensagens específicas para cada público, potencializando o engajamento e reduzindo desperdícios. Aproximar dados biométricos de informações de CRM, sempre que possível, cria ainda mais precisão (desde que respeitadas todas as normas éticas e legais).


Esses dados são confiáveis para campanhas?


Sim, os dados biométricos oferecem alto grau de confiabilidade, pois são auditados e atualizados regularmente pela Justiça Eleitoral, além de resultarem de coleta presencial. No entanto, é importante analisar a cobertura em cada região: onde a biometria ainda não é hegemônica, a segmentação deve considerar alternativas para não excluir públicos sem cadastro.


É legal usar biometria em campanhas?


Sim, desde que a segmentação utilize apenas dados públicos e agregados, nunca bases pessoais, nomes ou informações sensíveis de terceiros. As análises devem orientar estratégias coletivas, não abordagens individuais. Toda atuação deve seguir a LGPD, os princípios éticos e as orientações da Justiça Eleitoral.

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