COP30: dados, picos e estratégias mapeados pela Quaest
- João Pedro G. Reis

- 24 de nov
- 11 min de leitura
A Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, ou simplesmente COP, tornou-se ao longo dos anos o ponto de convergência dos debates globais sobre meio ambiente, desenvolvimento econômico e justiça social.
Em 2025, pela primeira vez, esse evento tão significativo ocorrerá na Amazônia, em Belém do Pará, transformando a capital paraense no centro nervoso das negociações climáticas. A escolha não é só simbólica: reflete um chamado global para soluções concretas e para o protagonismo brasileiro nas agendas climáticas, energéticas e institucionais.
Neste artigo, sob a otica das análises mais recentes da Quaest, é detalhado um panorama inédito do debate público sobre a COP30, traçando seus picos de atenção, os dados mais relevantes e as estratégias digitais empregadas pelo time de monitoramento liderado por Marina Siqueira, Diretora de Sustentabilidade e Riscos da Quaest.
O protagonismo da COP30 no clima global
Se existe um consenso entre governos, sociedade civil e setor econômico é o de que a COP30 será decisiva para o futuro das políticas climáticas. Por isso, a realização do evento em novembro de 2025, na cidade de Belém, reúne expectativas e tensões que ultrapassam o debate ambiental. Receber líderes, cientistas, ativistas e representantes dos setores produtivos na principal cidade amazônica funciona como uma mensagem de força e responsabilidade por parte do Brasil.
A magnitude do evento se confirma pelos números: 53 mil leitos estão sendo disponibilizados para a recepção dos delegados, superando mais que o dobro dos 24 mil usados na edição anterior, como detalhado pela Revista Focus Brasil. Mas o desafio de sediar a conferência não se encerra em infraestrutura: envolve mobilização diplomática, coordenação com organismos multilaterais e, principalmente, a gestão da reputação do país perante a opinião pública global.
Monitoramento contínuo: como a Quaest acompanha o debate digital
Com o intuito de antecipar tendências, riscos e oportunidades para o Brasil, a Quaest desenvolveu um sistema de monitoramento minucioso da opinião pública digital sobre a COP30. Liderado por Marina Siqueira, esse trabalho se apoia em estratégias de Social Listening, combinando ferramentas que captam, em tempo real, milhares de menções em diversas plataformas, redes sociais, veículos jornalísticos e fóruns especializados.

Entre os dias 1º e 7 de outubro de 2025, o levantamento captou 126 mil menções à conferência, feitas por 42 mil autores únicos, que se espalharam por mais de 15 plataformas digitais. Isso produziu um impressionante alcance de 1,8 milhão de visualizações por hora, em três idiomas dominantes: português, inglês e espanhol.

Picos de atenção: 3 e 6 de outubro
Nessa janela de monitoramento, dois registros chamam a atenção pelos picos de engajamento. No dia 3 de outubro, a visita do presidente Lula a Belém e o pedido para iluminar a Basílica de Nazaré marcaram o primeiro grande ápice do debate. Já no dia 6 de outubro, a notícia sobre a ligação do presidente brasileiro para Donald Trump, convidando-o formalmente à conferência, gerou um novo pico de exposição – mobilizando comentários entusiasmados e críticas severas, em um típico cenário de polarização.
Esses dois episódios não só reposicionaram a COP30 como tema prioritário nos noticiários e nos trending topics, como também impulsionaram o debate diplomático, reputacional e operacional sobre o evento. O impacto foi imediato no Brasil e reverberou internacionalmente.

O retrato das menções: dados, idiomas e plataformas
Ao detalhar a paisagem digital, identificamos que a conversação sobre a conferência ficou assim segmentada:
Idiomas predominantes: português (maioria), inglês e espanhol;
Principais plataformas: Twitter/X, Facebook, Instagram, YouTube, TikTok, veículos de imprensa e sites especializados;
Volume: 126 mil menções em sete dias, de 42 mil autores, atingindo 1,8 milhão de visualizações por hora;
Natureza das postagens: de análises técnicas e opiniões especializadas a memes, críticas e elogios institucionais.
Essa amplitude de canais e formatos prova como a COP30 deixou de ser um tema restrito ao ativismo ambiental e tornou-se tópico central da arena pública, perpassando discussões geopolíticas, domésticas e de comunicação.
Dinâmica do debate nacional: temas e percepções
No Brasil, observamos que o debate digital sobre a COP30 prioriza questões pragmáticas e políticas, com predominância dos seguintes temas:
Instalações e obras para a conferência (20%);
Ligação Lula-Trump e articulação internacional (16%);
Melhorias em saneamento e saúde pública (14%);
Custos logísticos, financeiros e de realização (11%);
O papel simbólico e estratégico da Amazônia (10%);
Pautas secundárias: riscos sanitários, colapso hospitalar e impactos ambientais diretos.
Ao observarmos o comportamento desses tópicos, notamos uma clara tendência de transbordamento do debate climático para dimensões de infraestrutura, governança e política doméstica. Não por acaso, a repercussão das obras em Belém é tanto fonte de elogios quanto de críticas.
“COP30 é mais do que clima: é saúde, estrada, emprego e soberania.”
Evolução das percepções: mais positividade, menos críticas
As análises semanais da Quaest mostram uma oscilação no sentimento das menções: as positivas saltaram de 13% em setembro para 21% em outubro, enquanto as negativas caíram de 37% para 26%. Entre os elogios, destacam-se o avanço da infraestrutura, o papel diplomático exercido pelo governo federal na atração de lideranças estrangeiras e a expectativa de avanço socioeconômico. Críticas concentram-se em custos, possíveis falhas na gestão pública, preocupações sanitárias e questionamentos ambientais legítimos sobre o impacto de megaeventos.
O Observatório do Clima destaca ainda a presença de 1.602 lobistas de combustíveis fósseis na COP30, número superior ao de qualquer delegação nacional, com exceção do Brasil. Isso indica o peso do setor privado nas negociações e corrobora as críticas de certos segmentos sobre os desafios da transição energética.
A COP30 sob a ótica internacional: análise, ceticismo e expectativas
Se o debate interno é operacional, o olhar externo é mais analítico e até mesmo cético. Os dados monitorados pela Quaest revelam:
45% das menções com tom neutro e informativo, em sua maioria notícias e análises técnicas;
37% de percepções negativas, citando frustrações passadas das COPs, lentidão em implementar metas e incertezas quanto a compromissos financeiros efetivos;
17% de conteúdos positivos, que reconhecem a liderança brasileira, o protagonismo amazônico e a possibilidade de inovações em governança ambiental.
O destaque internacional lista temas de amplitude global:
Justiça climática e redistribuição de responsabilidades entre nações;
Negociações multilaterais e exigência de mais cooperação Norte-Sul;
Descarbonização do setor produtivo;
Agenda 2030 da ONU e revisão das metas de desenvolvimento sustentável;
Críticas aos custos logísticos e falta de consenso sobre financiamento internacional.
A descrença na rapidez das mudanças climáticas concretas persiste, mas há respeito pelo papel da Amazônia e esperança de que o evento em Belém seja catalisador de soluções.
Onde o debate é mais intenso?
O Brasil é disparadamente o protagonista do debate digital do evento, respondendo por 55% das menções globais à COP30. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar (10%), seguidos por Espanha (6%), Reino Unido (4%) e Colômbia (4%). É uma demonstração clara do peso simbólico e geopolítico da realização da conferência na Amazônia.

Principais focos de cada país
Estados Unidos: debate cético entre acadêmicos, ativistas e formadores de opinião. Discussões sobre a lentidão das negociações da ONU, urgência por compromissos financeiros robustos e desconfiança quanto à efetividade das medidas de combate à crise climática.
Espanha e Reino Unido: abordagem relacionada à Agenda 2030, metas documentais, justiça climática e vigilância crítica ao posicionamento do Brasil. Expectativa de revisão dos compromissos de descarbonização.
Colômbia: ênfase em cooperação amazônica, desenvolvimento sustentável compartilhado e reforço do papel estratégico do Sul Global.
Em linhas gerais, o debate internacional prioriza resultados, acordos formais e liderança colaborativa, enquanto o brasileiro está mais atento a impactos reputacionais, negociações políticas e resultados tangíveis de infraestrutura.
Síntese do engajamento: elogios, críticas e a trajetória da reputação
O monitoramento da Quaest permite ver, quase em tempo real, a trajetória do sentimento público ao redor da conferência. Elogios no contexto brasileiro referem-se à entrega das obras em Belém, ao esforço da diplomacia na atração de líderes e à chance de melhoria na imagem internacional.
Por outro lado, críticas focam principalmente no custo elevado do evento, dúvidas sobre a execução das obras, preocupações sanitárias (ainda mais relevantes devido à densidade demográfica e histórico do SUS na região, como aponta o Ministério da Saúde), além de ceticismo ambiental sobre a real sustentabilidade do evento.
No plano externo, há predominância de um olhar jornalístico, técnico e menos apaixonado. O reconhecimento do Brasil e da Amazônia como símbolos de esperança é claro, mas sempre acompanhado daquele lembrete: “precisamos de compromissos mais concretos e atingíveis”, para além dos discursos e declarações oficiais.
Promessas não plantam árvores.
Contexto político: COP30 no centro das estratégias nacionais
A realização da conferência traduz para a esfera política um acirramento de disputas, cobranças e oportunidades de afirmação. A mobilização diplomática com a visita do presidente Lula a Belém, o ato simbólico de iluminar a Basílica de Nazaré, e o inusitado convite a Donald Trump são movimentos que reposicionam o Brasil como referência diplomática, gerando reações polarizadas dentro e fora do país.
Cada um desses gestos foi cuidadosamente monitorado pela equipe da Quaest – e debatido à exaustão no Twitter, WhatsApp e fóruns de políticas públicas. A leitura rápida que fizemos: elogios e engajamento viralizaram eventos de forte carga simbólica nacional, mas a população segue crítica e vigilante quanto ao legado econômico e social das obras.
Para lideranças sindicais, conselhos profissionais e associações que acompanham nosso conteúdo estratégico por meio do blog da Communicare, é nítido o potencial de eventos globais como esse para reposicionar causas, pautas e prioridades nos radares institucionais. Acompanhar os desdobramentos e ajustes é fundamental.
O peso dos dados e da transparência
Nesse aspecto, a indústria da moda, por exemplo, mostra fragilidades importantes: apenas 12% das marcas apresentam redução real de emissões e 80% não têm compromissos claros de desmatamento zero. Esse panorama dialoga diretamente com o nível de exigência coletiva por resultados globais, sendo referência comparativa para o sistema de transparência e prestação de contas da COP30.
Justiça climática, Agenda 2030 e descarbonização: os grandes temas internacionais
No monitoramento internacional, percebemos que assuntos como justiça climática e redistribuição de responsabilidades revelam um debate em torno da equidade entre países desenvolvidos e emergentes. Essa agenda se desdobra em três frentes principais:
Negociação multilateral: busca por acordos mais inclusivos e efetivos entre potências e nações em desenvolvimento.
Descarbonização: desafios e metas para a transição energética, substituição dos combustíveis fósseis, avanços científicos e tecnológicos.
Agenda 2030: necessidade de revisitar metas, estabelecer indicadores mensuráveis e articular compromissos financeiros de apoio ao desenvolvimento sustentável.
Críticas consistentes são direcionadas aos altos custos logísticos do evento, à dispersão dos processos de financiamento e à falta de consenso sobre cronogramas e metas.
Estratégias de comunicação e monitoramento de narrativas
Como especialistas em comunicação institucional e engajamento digital para causas públicas, na Communicare consideramos determinante a adoção de tecnologias avançadas para captar tendências e modulações dos discursos públicos. A estratégia da Quaest, baseada em Social Listening, permitiu mapear em detalhes as mudanças semanais do sentimento social e político ao redor do evento.
O método consiste em monitorar, interpretar e antecipar impactos reputacionais por meio da análise de dados em tempo real. No contexto da produção de conteúdo estratégico, como o da Communicare, também indicamos o uso sustentável e criativo de painéis de dados para o planejamento de campanhas eleitorais e institucionais, conforme aprofundado em nosso artigo sobre uso de painéis de dados para planejar estratégias eleitorais.
Social Listening: como funciona na prática?
A tecnologia de Social Listening empregada pela Quaest e por nossa equipe consiste na captação automatizada e análise qualitativa de menções públicas sobre temas, marcas e personalidades em plataformas digitais. O diferencial está na segmentação por idioma, localização, tema, perfil institucional e grau de influência do emissor.
Com análises semanais durante a janela do evento, o processo se estrutura em etapas:
Filtro e organização das menções relevantes;
Análise do conteúdo das mensagens (elogios, críticas, informações, memes, fake news);
Categorização dos temas e identificação de tendências;
Medição semanal de sentimento agregado e alcance;
Produção de relatório contínuo e recomendação estratégica de ajustes de comunicação.
Reputação, riscos e desafio sanitário: preocupações emergentes
O debate nacional sobre a COP30 expôs preocupações crescentes quanto à capacidade de infraestrutura de Belém, especialmente em relação à saúde pública e riscos de colapso nos serviços essenciais, como alertado pelo próprio Ministério da Saúde. As doenças transmitidas por vetores e o impacto do clima tropical representam riscos reais e demandam planejamento coordenado entre autoridades locais, federais e entidades internacionais.
Outro ponto de alerta são as críticas sobre gestão dos custos e preparação de Belém, enfatizando a necessidade de comunicação direta e assertiva sobre onde e como o recurso público está sendo empregado. A transparência e a prestação de contas são hoje elementos indissociáveis da boa reputação institucional.
Por outro lado, como mostramos em nossos projetos, monitorar narrativas em tempo real permite preparar respostas, mitigar fake news e qualificar o debate, conforme debatemos mais detalhadamente em nosso artigo sobre monitoramento do discurso político.
Diferentes dinâmicas: Brasil e exterior, otimismo versus desconfiança
Ao analisar os dados consolidados pela Quaest, fica claro que há uma tensão entre o otimismo operacional do debate brasileiro e o ceticismo programático do debate internacional. No Brasil, valem argumentos sobre legado, lobby, obras e saúde. No exterior, o debate orbita em torno de resultados concretos, financiamento, compromissos do Norte global e justiça social.
Essa dicotomia é saudável do ponto de vista estratégico: pressiona governos e entidades a promoverem mais transparência, ampliar a divulgação e fortalecer vínculos com atores internacionais. Para quem atua em mandatos, sindicatos e conselhos de classe, compreender tais nuances é requisito para aprimorar campanhas de comunicação política baseadas em dados abertos.
Impacto na sociedade: opinião pública, informação e legado social
Pesquisa recente do Instituto Real Time Big Data aponta que 62% dos brasileiros ainda não sabem o que é a COP30, e 79% nunca tinham ouvido falar do evento antes dele ser sediado no país. Contudo, uma vez informados, 61% consideram positiva a realização em Belém. Esse achado sinaliza o papel central da comunicação, da educação midiática e do jornalismo na formação da opinião pública e no fortalecimento do legado social.
Sindicatos, gestores públicos, lideranças de mandatos e conselhos profissionais, que buscam informações práticas e aplicáveis à realidade brasileira, encontram na Communicare e em relatórios, como os que resenhamos aqui, uma referência de análise estratégica, sempre alinhada à transparência, inovação e resultados.
O caminho até novembro de 2025: o que esperar?
Até a chegada da conferência, o monitoramento semanal realizado pela Quaest permitirá observar ajustes de rota, novas narrativas e eventuais crises reputacionais. Mais do que nunca, será preciso reforçar a integração entre dados, criatividade e rapidez na comunicação institucional, tanto para conquistar a confiança da sociedade quanto para responder aos olhares atentos da comunidade internacional.
Como especialistas em gestão de reputação e análise de concorrências na política, apostamos na articulação de painéis inteligentes, comunicados ágeis e respostas embasadas como diferencial competitivo. Acompanhar tendências em tempo real, como temos feito em parceria com os dados da Quaest, também prepara lideranças políticas e gestores públicos para oportunidades e riscos ao longo do ciclo do evento.
Conclusão: dados estratégicos, comunicação ágil e legado concreto
A realização da COP30 em Belém é, ao mesmo tempo, oportunidade, teste e vitrine para a política climática e institucional do Brasil. A leitura sistemática dos dados digitais, como detalhada nos monitoramentos da Quaest, é ferramenta vital para tomar decisões informadas, preparar respostas a críticas, amplificar elogios reais e construir legado duradouro – não só na agenda ambiental, mas também econômica, social e política.
A Communicare segue atenta, trazendo semanalmente as análises que importam para quem está na linha de frente da comunicação política, institucional e eleitoral. Nossa equipe, liderada por João Pedro Reis, convida você, gestor, assessor ou líder de entidade, a transformar informação em presença digital qualificada e resultados práticos.
Se você deseja aprofundar sua estratégia de comunicação, qualificar campanhas políticas e eleitorais ou monitorar debates sensíveis à sua instituição, preencha o formulário disponível no site da Communicare. Vamos juntos posicionar sua organização com autoridade, credibilidade e inovação no cenário nacional.
Perguntas frequentes sobre a COP30
O que é a COP30?
COP30 é a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. O evento reúne autoridades, sociedade civil, representantes do setor privado e especialistas em busca de soluções, acordos e compromissos internacionais para conter o aquecimento global, promover justiça climática e avançar em metas sustentáveis.
Quando e onde será a COP30?
A COP30 acontecerá em novembro de 2025, na cidade de Belém, capital do Pará. Pela primeira vez o evento será realizado na Amazônia, destacando o protagonismo brasileiro e o papel estratégico da região para o futuro do planeta.
Quais os principais temas da COP30?
Na COP30, os principais temas de debate serão:
Justiça climática e redistribuição de responsabilidades entre países;
Transição energética e descarbonização;
Agenda 2030 da ONU e revisão das metas globais de desenvolvimento sustentável;
Infraestrutura, saúde pública e legado social dos eventos climáticos;
Governança ambiental, transparência e financiamento internacional.
Como participar da COP30?
A participação na COP30 ocorre por meio da delegação oficial dos países-membros, representações diplomáticas, setor privado credenciado, organizações da sociedade civil e imprensa. Interessados devem acompanhar os editais e orientações das Nações Unidas e do governo brasileiro para inscrição, credenciamento ou atuação em eventos paralelos e fóruns temáticos. É recomendável monitorar canais oficiais e participar de atividades preparatórias para ampliar engajamento.




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