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Como usar dados abertos em estratégias de comunicação política

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • 8 de nov.
  • 10 min de leitura

Nos últimos anos, vimos a transformação digital modificar, de forma rápida, a relação entre sociedade, agentes públicos e instituições. Vivemos um cenário onde a circulação de informações cresceu, mas também se tornou mais desafiadora. E um dos recursos mais poderosos desse novo contexto são os dados abertos. Eles compõem uma base valiosa para informar, orientar e fundamentar estratégias de comunicação política com assertividade. Mas afinal, como podemos usar dados abertos na prática para fortalecer campanhas e posicionamentos institucionais?

A informação certa muda o jogo.

Neste artigo, queremos apresentar, de forma clara, caminhos para integrar dados abertos à comunicação política, contribuindo para mais transparência, credibilidade e conexão real com o público.


O que são dados abertos e por que eles importam


Antes de falar sobre metodologias e exemplos aplicados, é fundamental esclarecer o conceito central. Dados abertos são informações públicas disponibilizadas por instituições em formato digital, acessível, gratuito e reutilizável. Eles normalmente seguem padrões que permitem leitura tanto por humanos quanto por sistemas computacionais. Esse movimento, amparado por legislações e diretrizes federais como o Decreto nº 8.777/2016, busca promover maior transparência, estimular o controle social e fomentar a inovação.

Ao adotarmos os dados abertos como fonte estratégica, ganhamos um aliado para:Identificar demandas reais da população;Compreender tendências e padrões sociais;Mensurar resultados de políticas públicas;Fortalecer discursos e narrativas com base em evidências.

Segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, a Política de Dados Abertos do Executivo Federal tem como objetivo ampliar o acesso dos cidadãos, qualificando o debate público e facilitando o uso da informação de forma prática. Mas, para que possamos transformar esses dados em ferramenta poderosa de comunicação, o desafio está em filtrá-los, analisá-los e traduzi-los para o contexto da nossa audiência. Isso é um exercício contínuo, que exige boas práticas de curadoria e criatividade na apresentação dos resultados.


Principais fontes de dados abertos para comunicação política


Muitas vezes as pessoas acreditam que os dados abertos são exclusivamente estatísticas de governos. No entanto, o cenário é bem mais amplo. Fontes públicas, conselhos de classe, entidades sindicais, universidades, institutos de pesquisa e observatórios científicos disponibilizam uma enorme diversidade de conjuntos de dados. A multiplicidade de origens permite análises multidisciplinares e comparações, essenciais para campanhas que buscam credibilidade.


Sites governamentais e bancos oficiais


  • Portais da Transparência federal, estadual e municipal

  • IBGE: Censos, PNAD, mapas demográficos, sociais e territoriais

  • TREs e TSE: dados eleitorais, prestação de contas, candidaturas

  • Sistemas do Ministério da Saúde e Ministério da Educação

  • Conecta GOV.BR: sistema de integração e compartilhamento de informações administrativas (Conecta GOV.BR economia dados 2024)

  • Conselhos profissionais e agências reguladoras


Instituições de pesquisa e inovação



Plataformas de interesse setorial


  • Organizações voltadas à ciência cidadã

  • Movimentos por transparência e integridade

  • Bancos proprietários de bases por setor, como sindicatos, associações, ONGs

Em poucas palavras, quanto mais diversa for a origem dos dados utilizados, maior é a possibilidade de cruzamentos e achados relevantes para a estratégia.


Como filtrar, tratar e transformar dados abertos em conhecimento


Ter acesso a dados abertos é só o primeiro passo. O que faz diferença de fato é a capacidade de transformar dados brutos em informação relevante. E sabemos que, nesse ponto, muitos profissionais encontram desafios. Vimos de perto casos de campanhas que se perderam na fase de coleta, sem conseguir extrair valor real dos números disponíveis.


Primeiro filtro: recorte temático e territorial


Ao iniciar uma estratégia de comunicação baseada em dados, sugerimos começar delimitando claramente:

  • O tema central de interesse (educação, saúde, mobilidade, sindicalismo, etc.);

  • O contexto geográfico relevante (nacional, estadual, regional, municipal, bairros).

Essa delimitação direciona a busca e reduz ruídos, permitindo foco naquilo que é pertinente para as campanhas e públicos específicos.


Segundo filtro: periodicidade e atualidade


Outro ponto frequentemente negligenciado é o tempo dos dados. Sabemos que informações defasadas podem deturpar a análise. Sempre nos perguntamos: “Esses números se referem a quando? Houve alguma mudança expressiva desde então?”

  • Verifique datas de atualização e recortes temporais dos dados coletados;

  • Prefira informações mais recentes – mas, quando não for possível, contextualize as limitações.


Terceiro filtro: qualidade e confiabilidade


Nem todo dado aberto tem grau de confiabilidade similar. Além das fontes oficiais, os bancos setoriais e organizações civis exigem análise crítica da metodologia de coleta usada. Nesse sentido, valorizamos processos de validação cruzando mais de uma base. Isso minimiza chances de interpretações enviesadas.

Dado sem contexto é só ruído.

Preparação e visualização


Quando recolhemos, limpamos e filtramos bases, ainda enfrentamos o desafio de apresentar esses dados de forma compreensível ao público final. Aqui vale recorrer a ferramentas de visualização: infográficos, dashboards, mapas interativos, séries temporais, entre outros.

Na nossa experiência, campanhas que conseguem traduzir estatísticas em narrativas visuais convivem com mais impacto e menor resistência.


Aplicações práticas: dados abertos nas campanhas políticas, associativas e institucionais


Agora queremos conectar teoria à prática real. Como transformar dados abertos em diferenciais palpáveis para campanhas eleitorais, sindicais, institucionais e associações profissionais? Listamos alguns exemplos do que já funcionou.


Diagnóstico de cenários eleitorais


Uma campanha para mandato legislativo pode usar estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do IBGE para identificar:

  • Bairros com menor comparecimento eleitoral

  • Faixas etárias com maior percentual de votos brancos/nulos

  • Correlação entre abstenção e indicadores de renda ou acesso a serviços públicos

Essas análises direcionam ações de microtargeting e alocação de agenda em regiões-chave. Para aprofundar nesse tema, recomendamos nosso artigo sobre microtargeting político.


Temas de mobilização sindical ou associativa


Organizações e conselhos de classe utilizam recortes estatísticos sobre remuneração, condições de trabalho, acidentes e saúde ocupacional para embasar pautas reivindicatórias ou defender políticas de valorização profissional.

  • Pesquisas sobre faixa salarial regional

  • Taxas de sindicalização por setor

  • Níveis de adoecimento relacionados à atividade

Esses números ajudam tanto no diálogo com a base quanto em negociações com gestores públicos ou privados.


Análise de opinião pública para mandatos


Outro uso recorrente está em cruzar bases de pesquisas de opinião sobre políticas públicas, expectativa econômica, saúde ou educação, para construir posicionamentos bem fundamentados e calibrar discursos de lideranças.

Ao identificar tópicos nos quais a população está mais sensível, evitam-se ruídos e desgaste de imagem. Nosso artigo sobre dados de pesquisas para fortalecer campanhas detalha essas práticas.


Desconstrução de campanhas de desinformação


Vivemos um tempo de enorme circulação de “fake news”. De acordo com pesquisa do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, 73% dos brasileiros se informam por plataformas digitais, mas metade desconfia da veracidade dessas notícias.

Dados abertos permitem o checamento rápido e transparente de informações, auxiliando na construção de respostas e esclarecimentos sólidos.


Comunicação institucional baseada em resultados


Quando um órgão, secretaria, associação ou conselho deseja demonstrar resultados concretos de sua atuação, pode utilizar dados abertos para gerar relatórios fáceis de entender, relatando impactos alcançados por projetos e serviços. Isso reforça a reputação e legitimação dessas organizações perante diferentes públicos.


Como comunicar dados abertos de forma acessível ao cidadão


Transformar números em engajamento não é tarefa trivial. Sempre perguntamos: De que adianta um gráfico perfeito se ninguém o compreende, compartilha ou se sente tocado por ele? Por isso, há boas práticas que seguimos para mensagem chegar clara, objetiva e personalizada.


Conteúdo visual e narrativo


  • Relacione números com histórias e personagens reais, tornando-os mais próximos do cotidiano;

  • Use cores, ícones e analogias simples para facilitar a memorização;

  • Produza vídeos curtos, animações ou podcasts explicando os dados sob diferentes perspectivas;

  • Mostre a relevância daquele dado para a vida do cidadão comum.

O dado só engaja quando ganha rosto e contexto.

Ações segmentadas para públicos específicos


Não existe uma única abordagem infalível. Procuramos sempre segmentar a forma de comunicar conforme o perfil do público:

  • Dirigentes sindicais: relatórios detalhados, infográficos com indicadores-chave;

  • Base de associados: vídeos explicativos e comunicação personalizada no Whatsapp, SMS ou e-mail;

  • Público em redes sociais: cards, memes e quizzes interativos;

  • Gestores públicos: resumos executivos com recomendações práticas.

A chave está em falar a língua do público, simplificando o que é complexo, mas sem perder a fidelidade dos números.


Exemplos de formatos eficientes


  • “Raio x” por município ou bairro, mostrando evolução de indicadores locais;

  • Animações sobre temas críticos: vacinação, transporte, educação;

  • Mapas interativos de distribuição de votos, filiações ou beneficiários de programas sociais;

  • Comparativos históricos que ajudem a explicar avanços ou retrocessos.


Desafios práticos para campanhas políticas no uso de dados abertos


Apesar de todos os avanços, usar dados abertos com qualidade em estratégias de comunicação política não é isento de desafios. Precisamos ser sinceros: há entraves técnicos e culturais que dificultam a plena apropriação desse recurso.

Dentre os principais obstáculos que lidamos na prática:

  • Baixa padronização dos formatos publicados por órgãos diferentes;

  • Dificuldade de cruzamento entre bases nem sempre compatíveis;

  • Curva de aprendizagem em ferramentas de análise e visualização de dados;

  • Gargalos na atualização rápida, especialmente em temas “quentes”;

  • Ceticismo de públicos que ainda não confiam plenamente em estatísticas digitais.

No entanto, também já testemunhamos experiências positivas quando há compromisso com capacitação das equipes, investimento em tecnologia e, principalmente, clareza na intenção comunicacional. O resultado aparece no engajamento e confiança crescente do público.


O futuro dos dados abertos para comunicação política no Brasil


Quando olhamos para as movimentações recentes do governo e de entidades autônomas, percebemos que a tendência é de ampliação da oferta e integração desses bancos públicos. Entre 2024 e 2027, ações de compartilhamento de dados públicos já geraram bilhões de reais em economia, evidenciando os benefícios práticos para toda a sociedade.

Consultas públicas como a recém-anunciada pelo Observatório Nacional abrem espaço para participação social no direcionamento de quais dados merecem ser abertos ou priorizados.

O movimento é irreversível. Mais transparência e qualidade nos dados públicos significa, também, mais exigência das campanhas e organizações em comunicar com precisão e responsabilidade.


Integração inovadora: estratégias combinadas


Não podemos deixar de citar, como próxima fronteira, a integração de dados abertos com estratégias de comunicação digital. Isso envolve não só o uso tático dessas informações, mas também o desenvolvimento de campanhas interativas, personalizadas e monitoradas em tempo real.

Ferramentas de automação, análise de sentimentos e microsegmentação caminham para usar dados abertos em tempo real, conduzindo não apenas a narrativa, mas também a tomada de decisões no calor dos acontecimentos.


Transparência, governança e reputação


Vivemos o início de uma era em que a transparência é premissa básica para comunicação política. O desafio será alinharmos inteligência analítica e sensibilidade comunicacional.

Transparência não existe de forma isolada. Precisa vir acompanhada pela capacidade de transformar dados em ações, esclarecimento e relacionamento permanente com a sociedade. Nesse contexto, estratégias alinhadas aos pilares de comunicação institucional descritos em nosso artigo como desenvolver um plano de comunicação política eficaz ganham ainda mais relevância.

Consolidar a reputação como liderança autêntica, tanto em mandatos quanto em entidades e sindicatos, depende desse duplo compromisso: mostrar resultados e dialogar com abertura, usando a informação pública como ponte com todos os públicos.


Como começar a usar dados abertos: roteiros e recomendações


Para quem deseja iniciar ou aprimorar o uso dos dados abertos na comunicação política, sugerimos um roteiro simples, baseado nas melhores experiências que acompanhamos:

  1. Identifique temas prioritáriosQuais assuntos mobilizam sua base? Onde estão as principais dúvidas? Compile perguntas frequentes e pontos sensíveis.

  2. Mapeie fontes confiáveisListe portais de dados governamentais, pesquisas oficiais, bancos de sindicatos ou conselhos, e institutos acadêmicos.

  3. Colete e filtre basesBaixe, organize e revise as bases. Prefira aquelas de atualização frequente e validação metodológica.

  4. Defina perguntas-chaveComo os dados podem responder às demandas ou inquietações do seu público? Use perguntas simples para orientar a análise.

  5. Visualize informaçõesTransforme números em quadros, mapas, séries ou cards. Visualizar é fundamental para facilitar o entendimento e o compartilhamento.

  6. Personalize a mensagemAdapte a forma de apresentação para cada público-alvo: base, gestores, imprensa, sociedade civil, entre outros.

  7. Monitore resultados da comunicaçãoAvalie engajamento, compreenda reações e prepare ajustes contínuos nas campanhas de acordo com os indicadores coletados.


Exemplo hipotético: fortalecimento de base sindical usando dados abertos


Imaginemos uma campanha de uma federação sindical interessada em mobilizar trabalhadores de um setor pouco engajado. A análise de dados abertos permitiu identificar regiões onde a insatisfação era maior e a comunicação sindical quase inexistente. Após identificar esses "vazios", foi possível direcionar visitas presenciais, ações digitais personalizadas e conteúdos que respondiam diretamente às dores desses trabalhadores. O crescimento nas filiações e no engajamento digital foi expressivo em poucos meses.


Conclusão


Ao longo deste artigo, refletimos sobre o impacto positivo dos dados abertos na comunicação política, institucional, associativa e sindical. Ficou claro que, quando bem trabalhados, eles deixam de ser apenas estatísticas e se tornam argumentos, ferramentas de diálogo, instrumentos para enfrentar desinformação e alavancar campanhas.

O caminho não é sem desafios. Mas a construção de autoridade, reputação e resultados passa, necessariamente, por saber buscar, tratar, analisar e comunicar dados abertos com criatividade e inteligência coletiva. Especialmente em um país como o Brasil, onde a transparência pública está entre as principais demandas sociais.

Se você ou sua organização deseja criar ou aperfeiçoar estratégias inovadoras usando dados abertos para potencializar resultados políticos, sindicais ou institucionais, nosso time está à disposição. Desenvolvemos projetos personalizados e orientação em todas as etapas: da coleta à visualização, do diagnóstico ao engajamento da base.

Entre em contato com a Communicare pelo nosso formulário para conhecer as soluções mais adequadas ao seu contexto e avançar em direção a campanhas mais confiáveis, transparentes e conectadas à realidade brasileira.


Perguntas frequentes sobre dados abertos na comunicação política



O que são dados abertos na política?


Dados abertos na política são informações públicas disponibilizadas por órgãos governamentais, institutos, conselhos e outras entidades, em formato digital acessível, livre para uso e reutilização. Essas bases podem incluir números de eleições, orçamento, indicadores sociais, pesquisas de opinião e muitos outros conteúdos relevantes para análise e ação política.


Como usar dados abertos em campanhas?


O uso pode seguir passos como identificar demandas e temas centrais da campanha, buscar as bases de dados relacionadas (como dados eleitorais, mapas socioeconômicos, nível de escolaridade, entre outros), cruzar esses números para encontrar padrões, e então criar conteúdos, argumentos ou estratégias focadas nos públicos identificados nas análises. A visualização clara (infográficos, mapas, relatórios ilustrados) faz toda a diferença nos resultados.


Onde encontrar dados abertos confiáveis?


As bases mais seguras partem de portais governamentais, plataformas de transparência política, dados do IBGE, TSE, conselhos profissionais, assim como portais de pesquisa científica e observatórios oficiais. Iniciativas de integração como o Conecta GOV.BR tornaram o acesso cada vez mais ágil e seguro. Nosso time pode auxiliar na curadoria dessas fontes.


Quais são os benefícios dos dados abertos?


Os principais benefícios são o aumento da transparência, o embasamento das estratégias de comunicação, a construção de confiança, a agilidade nas respostas e o fortalecimento da reputação junto ao público. Além disso, promovem inovação, economia de recursos e incentivo ao controle social.


Como analisar dados abertos facilmente?


O caminho mais simples é começar com perguntas claras e focar nos temas prioritários. Muitas ferramentas gratuitas e tutoriais ajudam na organização dos dados (planilhas, gráficos), mas quando os desafios incluem bases grandes ou cruzamentos complexos, o ideal é contar com apoio profissional para coleta, filtragem e visualização inteligente. Assim, evitam-se interpretações equivocadas e amplia-se o impacto dos resultados.

Lembrando sempre: a Communicare desenvolve estratégias completas para transformar dados abertos em diferenciais de comunicação política e institucional. Fale conosco para receber um diagnóstico personalizado.

 
 
 

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