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Como prevenir ataques cibernéticos em campanhas eleitorais

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • 11 de nov.
  • 9 min de leitura

Como Diretor Executivo da Communicare e especialista em comunicação política há duas décadas, já vi campanhas sólidas ruírem da noite para o dia devido a ataques cibernéticos. Se antes a preocupação era apenas caminhar nas ruas e nos debates, hoje os perigos estão também nas telas, nos servidores e nas redes. No Brasil, lideramos estatísticas que são verdadeiros alertas: segundo o Panorama de Ameaças para a América Latina 2024, nosso país enfrenta cerca de 1.379 golpes cibernéticos por minuto. É um dado difícil de ignorar.

Se você está à frente de uma campanha eleitoral, assessora um candidato, compõe uma equipe de mandato ou atua em entidades como conselhos profissionais e sindicatos, precisa encarar a segurança cibernética como parte estratégica da comunicação de campanha. Vou mostrar neste artigo como prevenir ataques digitais e blindar sua operação neste ambiente cada vez mais hostil.


O crescente risco digital em campanhas eleitorais


A política eletrônica trouxe grandes avanços, mas também abriu portas para invasões, vazamentos de dados, ataques de desinformação e tentativas de desestabilização. Em minhas consultorias pela Communicare, infelizmente, não foram poucos os relatos de equipes que tiveram redes sociais sequestradas em pleno pico de campanha, bancos de dados vazados ou sistemas boicotados.

E o cenário é ainda mais preocupante porque apenas 5% das organizações brasileiras estão realmente preparadas para ameaças cibernéticas, segundo estudo da Cisco. Isso inclui muitos partidos, mandatos, sindicatos e associações, ambientes onde o improviso digital muitas vezes prevalece.


Por que campanhas eleitorais são alvo preferencial?


Se há alguns anos hackers miravam bancos e empresas, hoje eles sabem do valor de informações estratégicas de candidatos e mandatos. Dados pessoais, listas de apoiadores, contas em redes sociais, roteiros de estratégia de mídia: tudo isso é um “prêmio” valioso para um cybercriminoso.

Numa eleição, informação vale voto.

E ainda há outro elemento: os ataques cibernéticos também buscam desestabilizar adversários por meio de vazamentos planejados, promover fake news e espalhar desinformação sincronizada. Para quem orquestra ações ilícitas, explorar falhas digitais é caminho rápido, barato e de difícil rastreamento.

Do ponto de vista institucional, ataques desse tipo podem minar a confiança do público e colocar em xeque o próprio processo eleitoral. A Estratégia Nacional de Cibersegurança (E-Ciber) lançada em 2025 reconhece essa gravidade e indica diretrizes para toda a sociedade, incluindo regulamentos e práticas recomendadas.


Cenários comuns de ameaças digitais em eleições


É preciso entender que as campanhas brasileiras enfrentam tipos variados de ameaça. Nos projetos conduzidos pela Communicare, observo que três cenários são bastante recorrentes:

  • Phishing direcionado: e-mails, mensagens ou sites falsos que enganam membros da equipe para capturar senhas e acessos;

  • Invasão e sequestro de contas de redes sociais: o ladrão assume o canal oficial e dissemina mensagens falsas ou ofensivas;

  • Vazamento de dados sensíveis: planilhas, grupos de WhatsApp, bancos de e-mails e documentos estratégicos expostos para sabotagem ou chantagem;

  • Desinformação orquestrada: disparo de conteúdo falso ou manipulado para prejudicar reputações e desviar pautas;

  • Ataques DDoS (negação de serviço): sites e formulários de campanha fora do ar em momentos críticos, causando transtornos e prejuízo de imagem.

Já convivi com casos em que todo o conteúdo da página oficial foi deletado horas antes de um debate televisivo. Em outros, grupos de apoio foram invadidos e utilizados para ataques coordenados, como destaca detalhadamente o conteúdo sobre identificação de ataques coordenados disponível em nosso blog.


Como construir uma cultura de segurança digital em campanhas?


A primeira lição para qualquer equipe eleitoral é que a prevenção vem de uma cultura consolidada de segurança digital. Não adianta criar barreiras e filtros para a tecnologia e manter comportamentos inseguros entre pessoas.

Na prática, adoto e oriento processos que fortalecem três pontos:

  1. Conscientização e treinamento de equipe: todo colaborador, do coordenador ao voluntário, precisa saber identificar riscos. Simulação de ameaças, treinamento para reconhecer mensagens suspeitas e a criação de rotinas para uso de senhas fortes são fundamentais.

  2. Protocolos documentados e revisão periódica: defina papéis claros, crie uma política de acessos, revise permissões e trace planos de contingência documentados e auditáveis.

  3. Atualização constante de ferramentas: tanto o hardware quanto os softwares, aplicativos e plataformas surgem com novas vulnerabilidades ao longo do tempo. O monitoramento de atualizações e patches de segurança nunca deve ser negligenciado.

Segurança digital é rotina, não exceção.

A importância do monitoramento contínuo e da resposta rápida


O ambiente digital é dinâmico. As ameaças mutam diariamente. Por isso, defendo que toda campanha eleitoral deve adotar sistemas de monitoramento contínuo de atividades suspeitas, acesso a logs e alertas para tentativas de invasão.

Já implementei soluções onde o próprio sistema notifica os responsáveis caso ocorra uma tentativa de login suspeita, alteração em permissões sensíveis ou downloads em massa de arquivos protegidos. Isso é ainda mais importante quando se utiliza dados para monitorar desinformação eleitoral em tempo real, prevenindo fraudes e ações coordenadas que podem viralizar em minutos.

Vejo valor também em relatórios periódicos de situação, que avaliem vulnerabilidades e tendências recentes, além de auditoria independente de servidores e sistemas críticos. Não se trata de paranoia, e sim de responsabilidade.


Ações práticas para reduzir o risco de ataques cibernéticos


Quando inicio um projeto de comunicação política na Communicare, costumo seguir um checklist rigoroso para garantir a proteção das informações. Compartilho aqui os principais pontos:

  • Implementação de autenticação em dois fatores (2FA) em todos os acessos a contas de redes e sistemas;

  • Criação de senhas longas, exclusivas e renovação obrigatória em prazos curtos para todas as contas;

  • Limitação de acessos administrativos apenas a membros de confiança e rastreamento das ações realizadas nos sistemas;

  • Backup periódico em nuvem segura ou em servidores externos confiáveis;

  • Contratação de sistemas de firewall e antivírus reconhecidos em todas as máquinas utilizadas na campanha;

  • Preparação de plano de resposta para incidentes, com lista de contatos de emergência e rotina de comunicação interna;

  • Prática regular de simulações de ataque, visando aumentar a prontidão da equipe;

  • Política clara sobre uso de dispositivos pessoais para acesso a sistemas de campanha – idealmente restringir ou auditar este acesso.

É fundamental também evitar o armazenamento de arquivos estratégicos em dispositivos desprotegidos ou em drives expostos a múltiplos colaboradores. E-mails e mensagens sem criptografia podem ser facilmente interceptados, principalmente em redes públicas de wi-fi.


Como investigar e reagir a ataques digitais


Mesmo com protocolos rígidos, nenhuma campanha está 100% protegida. Por isso, a captação rápida de evidências digitais após um ataque faz diferença para a resposta jurídica e a reconstrução da confiança. Em um dos artigos da Communicare, detalhamos boas práticas na captação de evidências digitais contra fake news e invasões.

O ideal é que o primeiro passo seja o congelamento dos acessos afetados, seguido da geração de cópias forenses dos logs e do registro de evidências junto a especialistas em segurança. O registro imediato de boletins de ocorrência e comunicação à Justiça Eleitoral pode ser determinante para coibir novos ataques e enquadrar responsáveis.

Não raro, as informações coletadas ajudam a identificar modus operandi e prevenir tentativas recorrentes. A integração entre equipes de comunicação, TI e jurídico é indispensável nesses momentos.


Como alinhar comunicação estratégica e segurança cibernética?


Defendo que os processos de segurança jamais podem ser impeditivos à boa comunicação digital. A fluidez das redes sociais, o alcance das campanhas e a coleta de opiniões por formulários online continuam sendo essenciais. O segredo está na integração de práticas de segurança às rotinas criativas e de conteúdo.

  • Ao criar posts, vídeos ou materiais de campanha, deve-se evitar a exposição acidental de detalhes logísticos, informações sensíveis ou senhas visuais.

  • Utilizar ferramentas oficiais, confiáveis e devidamente licenciadas, nunca optando por aplicativos desconhecidos por sua suposta “facilidade”.

  • Manter segregação de perfis: nunca use contas pessoais para administrar páginas oficiais, diminuindo assim o risco de invasões transversais.

  • Promover campanhas educativas sobre fake news não apenas externamente, mas também para a equipe interna, reforçando o papel de cada um na blindagem da reputação.

Mais do que precaução técnica, comunicar segurança também é uma estratégia eleitoral. Eleitores querem confiança e transparência. Uma campanha que investe em proteção transmite seriedade e respeito pelo voto.


Sua campanha cumpre a legislação de cibersegurança?


A legislação brasileira endureceu para garantir lisura no pleito. O Marco Civil da Internet, a LGPD e a recente Estratégia Nacional de Cibersegurança exigem responsabilidade no armazenamento e tratamento dos dados de eleitores, apoiadores e colaboradores.

No artigo Como garantir conformidade e segurança em campanhas online para eleições, explico como documentar consentimento, Zelar por logs de auditoria e evitar multas e judicializações. Recomendo sempre avaliar contratos de fornecedores digitais, exigir cláusulas de confidencialidade e documentar fluxos de dados.

Conformidade não é só uma obrigação legal, mas também uma demonstração de confiança ao eleitor.

Fake news, bots e manipulação digital: o desafio da desinformação


Talvez o maior impacto dos ataques cibernéticos nas campanhas seja a amplificação da desinformação. Os disparos orquestrados de fake news, uso de bots para criar “narrativas” falsas ou até mesmo para atacar reputações exigem um sistema de monitoramento especializado.

Na Communicare, costumo atuar com estratégias baseadas em monitoramento em tempo real e análise de tendências, ajudando a identificar ondas coordenadas e agir rápido antes que a notícia falsa se torne incontrolável. Esses sistemas também colaboram com a Justiça Eleitoral na identificação de disparos ilegais e na preservação das provas.

Monitorar as eleições é tarefa para profissionais preparados. Compartilho essas orientações detalhadas para que equipes entendam a gravidade desse novo cenário.


Tenho confiança nos fornecedores e parceiros digitais?


Outro ponto negligenciado por muitos gestores de campanha é a verificação constante da idoneidade dos fornecedores de ferramentas digitais. Evite confiar cegamente em agências, aplicativos, plataformas ou profissionais “autônomos” sem checar prazos de experiência, referências e histórico de segurança.

No artigo Não confie em qualquer agência: checklist de segurança para resultados reais, detalho perguntas e procedimentos para mitigar riscos em contratos terceirizados. Na dúvida, exija laudos, contratos claros e treine a equipe para desconfiar do improviso digital.


Principais recomendações para fortalecer campanhas eleitorais


Passando por tantas campanhas e clientes diferentes ao longo dos anos, aprendi que as equipes que tratam a proteção digital como prioridade conseguem atravessar crises com menos danos e mais consistência na imagem pública.

  • Crie um protocolo de segurança customizado para sua campanha, adaptado ao tamanho, âmbito e risco envolvido;

  • Mantenha o engajamento da equipe através de comunicação direta sobre vulnerabilidades e aprendizados extraídos de incidentes;

  • Adote ferramentas reconhecidas e exija relatórios periódicos dos responsáveis pela TI;

  • Fortaleça o elo entre comunicação, jurídico e tecnologia;

  • Mantenha canais de denúncia de tentativas de fraude e promova uma cultura de atualização e colaboração;

  • Invista em capacitação e monitoramento interno contínuo;

  • Conte sempre com um parceiro com experiência comprovada em segurança para campanhas políticas.


Conclusão: campanha segura é campanha vitoriosa


Se você chegou até aqui, já percebeu que prevenir ataques cibernéticos em campanhas eleitorais demanda estratégia, rotina e experiência de campo. Não há atalhos. Não basta instalar softwares sofisticados ou contratar plataformas milagrosas. O segredo está no olhar especializado sobre o ciclo completo da comunicação, aliando tecnologia, pessoas preparadas e uma enorme atenção aos detalhes.

A Communicare se posiciona como referência nacional nestes temas porque trabalhamos lado a lado com quem faz a política todos os dias. Basta pensar em tudo que pode ser colocado a perder por um ataque: reputação, projetos, mandatos, sonhos e até dados de cidadãos.

Caso queira avaliar a segurança da sua campanha, realizar um diagnóstico personalizado ou estruturar protocolos consistentes – seja para eleições, mandatos, entidades ou associações –, convido você a entrar em contato com a Communicare pelo formulário em nosso site. Nosso compromisso é transformar informação em resultado, protegendo valores que você constrói com tanta dedicação.

Fale conosco. Sua campanha, seus apoiadores e seu futuro agradecem.


Perguntas frequentes sobre ataques cibernéticos em campanhas eleitorais



O que são ataques cibernéticos em campanhas?


Ataques cibernéticos em campanhas eleitorais são ações deliberadas para comprometer, acessar ou manipular informações digitais de candidatos, partidos, entidades ou apoiadores, geralmente com o objetivo de obter vantagem, causar danos ou influenciar resultados. Isso inclui invasões a sistemas, roubo ou vazamento de dados, disseminação de fake news, sequestro de redes sociais, e sabotagem de sites ou formulários eletrônicos. As campanhas se tornam alvos bem atrativos por lidarem com informação estratégica e por poderem sofrer impactos reputacionais graves em caso de incidentes digitais.


Como proteger minha campanha eleitoral online?


Para proteger sua campanha eleitoral online é preciso criar políticas claras de segurança, limitar acessos aos sistemas, treinar constantemente a equipe sobre riscos e manter softwares e senhas sempre atualizadas. Implementar autenticação em dois fatores, realizar backups regulares, monitorar atividades suspeitas e ter um plano de resposta para incidentes são práticas fundamentais. E, se possível, contar com consultoria especializada, como a oferecida pela Communicare, ajuda a personalizar essas medidas ao seu contexto.


Quais ferramentas ajudam a prevenir ataques?


As principais ferramentas para prevenção de ataques incluem antivírus, firewalls, autenticação em dois fatores (2FA), sistemas de criptografia, plataformas de monitoramento de rede e aplicativos de backup automatizados. Além disso, soluções de análise de logs, filtragem de e-mails e alertas de login ajudam a antecipar possíveis invasões. É importante ressaltar que essas ferramentas devem ser usadas em conjunto, sempre acompanhadas de políticas e práticas de segurança alinhadas às diretrizes da campanha e legislação vigente.


Quais são os sinais de invasão digital?


Alguns sinais de invasão digital incluem alterações inesperadas em contas de redes sociais, acessos simultâneos suspeitos, perda de dados, lentidão fora do padrão em sistemas, mensagens estranhas enviadas por perfis oficiais e alertas de login não reconhecidos. Outros indícios são o vazamento de informações estratégicas, postagens que não correspondem à linha da campanha e dificuldades para acessar plataformas mesmo com as credenciais corretas. Ao notar qualquer sinal, o ideal é relatar imediatamente ao gestor responsável e tomar ações rápidas para conter danos.


Vale a pena contratar consultoria de segurança?


Sim. Contratar consultoria especializada em segurança digital faz diferença porque traz know-how, protocolos atualizados e um olhar externo capaz de identificar vulnerabilidades ignoradas no dia a dia. No contexto eleitoral brasileiro, onde os ataques acontecem com frequência e impacto crescente, contar com uma equipe experiente, como a Communicare, ajuda não apenas a prevenir, mas a reagir corretamente diante de qualquer ameaça, reduzindo prejuízos e evitando crises maiores.

 
 
 

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