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Como rastrear e combater o astroturfing em campanhas políticas

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • 12 de nov.
  • 8 min de leitura

Astroturfing passou a ser, nos últimos anos, um dos maiores desafios para a integridade do debate político e eleitoral brasileiro. Presenciar discussões manipuladas, grupos falsos e postagens fabricadas tornou-se cotidiano para quem atua em campanhas. Eu, como diretor da Communicare e profissional dedicado à comunicação e estratégia política, já testemunhei o efeito devastador dessas práticas, inclusive em mandatos e entidades de classe.

Neste artigo, vou compartilhar o que aprendi sobre como rastrear, evidenciar e combater o astroturfing, trazendo exemplos reais, estudos recentes e estratégias consultivas que podem ser aplicadas já na próxima eleição.


O que é astroturfing e como ele atua na política?


Astroturfing consiste na criação artificial de manifestações (positivas ou negativas) para fingir apoio, rejeição ou mobilização genuína sobre determinado tema, candidato ou pauta. A “grama sintética” esconde uma agenda por trás de perfis falsos, robôs e grupos coordenados por interesses ocultos.

Campanhas são, antes de tudo, batalhas por narrativas.

Os operadores de astroturfing colocam em prática uma série de táticas:

  • Perfis falsos nas redes sociais, criados em massa.

  • Grupos em aplicativos de mensagens, organizados por interesses escusos.

  • Comentários programados e hashtags forjadas para turbinar (ou rebaixar) pautas.

  • Compartilhamento coordenado de fake news, memes e manipulação emocional.

As consequências são graves: desinformação em larga escala, enfraquecimento do debate democrático e manipulação da vontade popular. Como já discutido em artigos anteriores do blog da Communicare, esse fenômeno não está restrito ao debate presidencial: também afeta eleições sindicais, da OAB, conselhos e associações em todo o Brasil.


Estudos acadêmicos recentes sobre astroturfing


Estudos publicados pela revista "Sociologia, Problemas e Práticas" analisaram mais de 89 mil tuítes sobre o debate político na Espanha em agosto de 2020. O levantamento revelou o uso estratégico de astroturfing, associado a nano-influenciadores, para gerar debates artificiais e expandir campanhas de desinformação.

Esse modelo é exportado diariamente para a política brasileira, inclusive durante processos como as eleições de conselhos de classe, mandatos coletivos, disputas sindicais e até em períodos de renovação da OAB. Em minha experiência, práticas similares vêm sendo aperfeiçoadas para burlar filtros de plataformas e enganar tanto veículos de comunicação quanto eleitores atentos.

O exemplo europeu analisado pelo estudo demonstra que o astroturfing é sistêmico: pequenos grupos conseguem influenciar discussões inteiras, amplificando pautas específicas e confundindo opinião pública.


Como o astroturfing se manifesta nas campanhas brasileiras


No Brasil, as manifestações de astroturfing adquirem feições adaptadas ao contexto nacional. Os sinais mais comuns, que identifiquei ao longo de minha atuação pela Communicare, incluem:

  • Subida repentina de hashtags durante debates eleitorais na TV ou rádio.

  • Comentários quase idênticos surgindo em várias notícias simultaneamente.

  • "Reviews" políticas e depoimentos pessoais com estrutura padronizada.

  • Grupos no WhatsApp e Telegram mobilizando compartilhamentos instantâneos de conteúdos falsos.

  • Fóruns e páginas de nicho recebendo perfis recém-criados sem histórico algum.

Em eleições sindicais, essa manipulação chega a influenciar deliberações e assembleias, levando lideranças a tomarem decisões com base em opiniões fabricadas. Já trabalhei em campanhas nas quais grupos minoritários, mas bem articulados digitalmente, conseguiram criar a impressão de absoluto consenso, mesmo sem representarem a maioria real.


Sinais práticos de astroturfing que aprendi a observar


Com base nos trabalhos realizados junto à Communicare e centenas de análises eleitorais, recomendo atenção especial a:

  • Usuários com poucas postagens antigas, mas alta atividade recente.

  • Horários de engajamento "incomuns", como picos intensos em horários de baixo movimento.

  • Perfis que seguem poucos, mas são seguidos por um volume estranho de contas semelhantes.

  • Mensagens padronizadas, mudando apenas nomes ou referências locais.

  • Redes de compartilhamento cruzado, onde conteúdos percorrem dezenas de grupos em minutos.

Em determinada ocasião, durante a apuração de ataques coordenados à reputação de um mandato, percebi que alguns perfis eram criados e desativados no mesmo dia, com atividade intensiva e linguagem replicada. Quando tracei seus rastros digitais, notei vínculos com outros grupos e páginas usadas para propagar fake news. Esse padrão se repetiu em outras campanhas analisadas pela Communicare.


Astroturfing, fake news e campanhas de desconstrução


Não se pode separar o astroturfing das estratégias de fake news e campanhas de desconstrução. Na verdade, tudo faz parte do mesmo ecossistema digital: manipular, viralizar e desestabilizar adversários ou fortalecer correntes específicas. Muitas dessas ações são integradas e buscam, acima de tudo, garantir vantagem política rápida.

Já discuti em detalhes, no blog da Communicare, como a utilização de deepfakes em campanhas políticas amplia esse risco. Vídeos, áudios e fotos artificialmente criados passam a circular como "provas" em debates, potencializando campanhas de astroturfing.

O impacto: reputações destruídas, decisões tomadas sob pressão e debates públicos contaminados por informações falsas.


Como rastrear e coletar evidências de astroturfing


Rastrear astroturfing é diferente de monitorar fake news isoladas. Envolve análise cruzada de postagens, perfis, horários e comportamentos. Em minhas ações consultivas, sigo uma sequência que recomendo para agentes públicos, candidatos e assessores:

  1. Mapeamento inicial das hashtags e termos que crescem repentinamente.

  2. Identificação de perfis com postagens padronizadas ou comportamentos de "robô".

  3. Busca de vínculos entre esses perfis e outros grupos ou páginas suspeitas.

  4. Análise dos horários, padrões de engajamento e replicação de conteúdo.

  5. Coleta de capturas de tela, links e metadados, criando um dossiê estruturado.

Sugiro utilizar soluções de monitoramento integradas, que permitam arquivar provas de descaso, abuso de robôs ou disparos em massa. O artigo da Communicare sobre como monitorar redes e identificar ataques coordenados mostra, passo a passo, como registrar evidências relevantes.

Ao criar relatórios para advogados, partidos ou sindicatos, sempre destaco: a prova da manipulação está tanto no conteúdo divulgado quanto nos laços e padrões que ligam os agentes. Guardar evidências digitais, com datas, horários e origens, é o primeiro passo para responsabilização.


Ferramentas e métodos para identificar redes falsas


Apesar de não recomendar marcas específicas, existem métodos e tecnologias que costumo aplicar ao investigar astroturfing político:

  • Análise de grafos sociais, para visualizar conexões suspeitas.

  • Extração de metadados, identificando padrões ocultos de postagens.

  • Plataformas de monitoramento que cruzam dados de diferentes canais digitais.

  • Recursos de denúncia e verificação oferecidos por redes sociais e aplicativos de mensagem.

É fundamental manter o foco no contexto: padrões que fogem totalmente do debate orgânico, concentrações de atividade e recorrência de mensagens similares sinalizam ação coordenada. Essa abordagem é explicada no material da Communicare sobre monitoramento de desinformação em tempo real nas eleições.


Boas práticas para combater o astroturfing durante campanhas


Recomendo uma postura baseada em prevenção, monitoramento e resposta ágil. Eis algumas ações já aplicadas com sucesso em campanhas assessoradas pela Communicare:

  1. Educação do time de campanha: orientar todos sobre sinais de manipulação, compartilhamento suspeito e canais de denúncia.

  2. Contratar monitoramento especializado: para rastrear redes falsas, capturar provas e responder imediatamente.

  3. Preparar respostas públicas antecipadas: criar material institucional que explica o fenômeno e desmonta falsas narrativas.

  4. Ativar canais oficiais de comunicação: estimular o eleitor a buscar informações em locais confiáveis e institucionais.

  5. Documentar e denunciar práticas abusivas: reunir dossiês para apresentar à Justiça Eleitoral, Ministérios Públicos ou entidades responsáveis.

Sempre reforço junto aos clientes da Communicare: a transparência é o melhor antídoto contra narrativas fabricadas. Abrir dados, responder dúvidas e refutar fake news publicamente faz toda a diferença.


Casos reais e aprendizados extraídos de campanhas


Vivenciei situações em que candidatos chegaram a perder espaço político por conta de agitações artificiais, em especial durante eleições de âmbito regional. Em uma delas, denúncias falsas viralizaram às 2h da manhã, exatamente quando os verdadeiros envolvidos mal acessavam as redes. O resultado: uma enxurrada de e-mails à assessoria, jornalistas em dúvida e uma narrativa negativa que persistiu por dias.

O trabalho imediato de rastreamento, coleta de prints, engajamento de influenciadores legítimos e contato com plataformas de denúncia garantiu a contenção dos danos. O segredo foi agir nas primeiras horas, deixando claro ao público a origem duvidosa das denúncias.

Outro insight relevante que extraí ao longo dos anos: nem sempre o astroturfing age para atacar, mas às vezes para forjar apoio massivo, especialmente em votações online. Já colaborei com conselhos de classe onde, sem monitoramento, pautas sensíveis receberam milhares de apoios em minutos, apenas para desestabilizar a decisão legítima dos integrantes.


Como construir defesa proativa contra astroturfing?


  • Criar políticas internas claras para comunicação digital e uso de redes sociais.

  • Investir em treinamentos frequentes sobre reconhecimento e denúncia de manipulações.

  • Desenvolver relacionamento transparente com imprensa e canais oficiais.

  • Oferecer orientações claras a apoiadores, evitando que repassem conteúdos não verificados.

  • Atualizar constantemente argumentos e respostas públicas.

Na Communicare, mantenho boas práticas como treinamentos específicos sobre cinco sinais de fraude em eleições sindicais, workshops sobre fake news no ambiente eleitoral e protocolos para arquivamento de evidências digitais.


Responsabilidades legais e limites éticos para campanhas


Além dos riscos reputacionais, a prática de astroturfing pode envolver crimes previstos em legislação eleitoral, civil e até penal. Vejo, repetidamente, equipes que subestimam o alcance desses atos, esquecendo que promover, financiar ou ser conivente com manipulações pode gerar sanções e cassações de candidaturas.

Por isso, sempre indico a busca de orientação jurídica em paralelo ao monitoramento estratégico. Integrar um time consultivo, como o da Communicare, une prevenção, contenção e defesa ética, além da valorização da integridade na trajetória pública.


Estratégias para fortalecer a confiança do eleitor diante do astroturfing


Ações bem-sucedidas de combate ao astroturfing precisam focar na confiabilidade e participação ativa do eleitor. Em projetos que gerenciei, notei aumento significativo da resistência a fake news quando a base de apoiadores era envolvida nas decisões e comunicada de forma constante e clara.

  • Promover campanhas educativas explicando o que é astroturfing e seus riscos.

  • Estabelecer canais diretos para denúncias, dúvidas e recebimento de conteúdos suspeitos.

  • Premiar e dar visibilidade quem contribui no combate à desinformação.

  • Utilizar humor, vídeos curtos e memes originais para rebater boatos e evitar viralização de mentiras.

Seja em eleições majoritárias, proporcionais, de conselhos ou entidades, aplicar essas estratégias fortalece a imunidade digital da campanha e protege a reputação do projeto.


Construindo reputação digital sólida e combativa


Por experiência, afirmo: investir em monitoramento contínuo, resposta rápida e comunicação transparente não apenas evita danos, mas solidifica autoridade no segmento. O impacto do astroturfing é drástico quando não há preparação, mas se minimiza bastante em ambientes treinados e bem assistidos.

O blog da Communicare existe para apoiar esse processo e servir de fonte segura para quem busca informação prática, confiável e alinhada à realidade brasileira.


Como Communicare pode ajudar sua campanha ou entidade


A Communicare é referência nacional em comunicação política, institucional e digital justamente pela robustez de suas soluções: desde detecção de astroturfing até blindagem reputacional e resposta estratégica a ataques coordenados. Combinamos tecnologia avançada, análise humana e experiência consolidada em eleições, conselhos e entidades nacionais.

Reforço que o combate ao astroturfing é dever coletivo, e minha equipe está pronta para atender candidatos, assessorias, conselhos, lideranças sindicais e gestores públicos que buscam segurança, ética e alto desempenho digital.

Se esse conteúdo fez sentido para você ou despertou dúvidas sobre práticas de manipulação em sua campanha, convido a preencher o formulário de contato no site da Communicare e conversar pessoalmente comigo. Teremos satisfação em construir uma solução segura, ética e sob medida para o seu projeto!


Perguntas frequentes sobre astroturfing em campanhas políticas



O que é astroturfing em política?


Astroturfing em política é a criação coordenada de manifestações (como postagens, comentários ou apoio) feitas para parecerem espontâneas e populares, mas que são, na verdade, fabricadas. O objetivo é manipular o debate público, influenciar decisões ou destruir reputações, ocultando a ação de grupos ou interesses específicos. É uma simulação de apoio ou rejeição que distorce a percepção da sociedade.


Como identificar astroturfing em campanhas?


É possível identificar astroturfing analisando uma série de sinais: perfis recém-criados com alta atividade, comentários padronizados surgindo de forma simultânea, picos incomuns de engajamento digital, conexões suspeitas entre grupos ou páginas e padrões repetitivos de divulgação. Ferramentas de monitoramento e análise de redes sociais ajudam muito, mas o olhar treinado da equipe é indispensável para perceber o contexto da manipulação.


Como combater astroturfing nas eleições?


O combate ao astroturfing envolve educação da equipe, monitoramento profissional das redes, coleta e organização de evidências digitais, respostas públicas rápidas e transparentes, denúncia dos fatos a autoridades e fortalecimento dos canais oficiais de comunicação com o eleitor. Equipes preparadas, políticas claras e o suporte técnico de uma agência especializada, como a Communicare, aumentam bastante a resistência a ataques.


Por que o astroturfing é perigoso?


O astroturfing é perigoso porque mina a confiança no processo democrático, manipula debates, engana eleitores e pode ser base para decisões equivocadas ou injustas. Ao fabricar sensação de apoio ou rejeição, pode destruir reputações, falsear consensos e contaminar o debate público com informações inverídicas, prejudicando a integridade das eleições e da participação social.


Quais ferramentas detectam astroturfing político?


Ferramentas de análise de grafos sociais, plataformas avançadas de monitoramento de redes, softwares de extração de metadados e recursos específicos para identificação de redes falsas são úteis na detecção de astroturfing político. Além disso, muitos aplicativos de mensagem e redes sociais oferecem módulos de denúncia e verificação. O mais eficiente é combinar a tecnologia com conhecimento prático de estratégias políticas.

 
 
 

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