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Como lidar com deepfakes durante campanhas políticas em 2026

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • há 17 horas
  • 8 min de leitura

Os próximos anos no cenário eleitoral brasileiro prometem desafios cada vez mais complexos na comunicação política. Entre eles, o surgimento dos deepfakes se destaca como uma verdadeira ameaça. Sabemos bem o impacto do novo cenário digital: a velocidade da informação é impressionante, mas a desinformação consegue ser ainda mais veloz. Em 2026, o termo “deepfake” já estará tão conhecido por candidatos, assessorias e equipes de mandatos quanto por eleitores atentos.

Na Communicare, vivenciamos de perto a inquietação dos candidatos e gestores diante dessa ameaça. Perguntas surgem em nossos encontros com lideranças: Como identificar um deepfake? O que fazer quando um conteúdo falso se espalha em grupos de mensagens? A seguir, vamos debater as principais estratégias, trazendo contexto prático e insights para quem atua na linha de frente da comunicação institucional, eleitoral e sindical no Brasil.


O que são deepfakes e como surgiram?


Deepfakes são conteúdos digitais, sobretudo vídeos e áudios, criados por inteligência artificial para simular situações falsas de modo extremamente realista. O termo une “deep learning” (aprendizado profundo) e “fake” (falso), explicando sua essência: a IA aprende padrões de voz, gestos, feições e sotaques para “montar” conteúdos praticamente indistinguíveis da realidade.

A presença crescente dessa tecnologia pode ser explicada pela popularização de ferramentas acessíveis e simples de usar, o que torna possível sua adoção por pessoas ou grupos mal-intencionados sem necessidade de grandes investimentos ou conhecimentos técnicos.

Falando francamente, desde 2023, praticamente toda eleição global tem relatos de vídeos, áudios e imagens adulteradas visando confundir o eleitor. Dados mostram o crescimento desse risco.


Por que deepfakes preocupam tanto as campanhas políticas?


Campanhas eleitorais, sejam municipais, estaduais, nacionais ou internas de entidades e conselhos, convivem com disputas acirradas. Mensagens falsas, principalmente espalhadas no meio digital, espalham dúvidas, distorcem fatos e podem destruir reputações em poucas horas.

Os deepfakes ampliam esse risco porque transcendem o boato textual. Uma montagem de vídeo pode simular um discurso polêmico, um pedido de propina ou um deslize, tudo virtualmente impossível de distinguir do original para o cidadão comum.

É a mentira com voz, rosto e emoção.

No primeiro turno de eleições recentes, relatórios já apontavam: vídeos manipulados, “nudes” falsos e jingles sintéticos despontaram como tendência. Não é só o político que corre riscos. Familiares, aliados e equipes também podem ser alvos.


Como os deepfakes já impactaram eleições e contextos políticos?


É quase impossível prever o próximo escândalo envolvendo IA, mas alguns exemplos ilustram bem o perigo. Na eleição municipal de 2024, áudio falso atribuído ao prefeito de Manaus circulou em grupos e motivou ação imediata da Polícia Federal. A gravação simulava a voz do prefeito, gerando boatos sobre supostos esquemas de corrupção.

Outro dado chama atenção sobre as nuances do cenário brasileiro: um estudo do IDP em parceria com o Ethics4AI analisou 56 decisões judiciais sobre deepfakes em 2024. Em 25% dos casos, juízes não identificaram o conteúdo como de natureza eleitoral. Ou seja, nossa Justiça ainda busca uniformidade jurídica sobre o tema, o que abre espaço para insegurança.


O impacto diferente para mulheres


A situação é ainda mais grave para lideranças femininas. Pesquisa internacional mostrou que 99% das vítimas de deepfakes pornográficos são mulheres, muitas delas políticas, ativistas e jornalistas. O objetivo costuma ser a difamação pessoal e a desinformação, com forte apelo misógino e repressivo.

O contexto brasileiro impõe agravantes. Em 2025, entrou em vigor a Lei nº 15.123/2025, que prevê aumento de até 50% na pena de violência psicológica contra mulher cometida com uso de IA.


Como identificar deepfakes: sinais de alerta


Muitas equipes sentem-se perdidas diante de um possível deepfake. A dúvida é natural. Afinal, como diferenciar um conteúdo sintético de um vídeo ou áudio verdadeiro?

Em nossa prática na Communicare, destacamos alguns pontos que merecem atenção:

  • Muitas vezes, deepfakes apresentam movimentos de boca, olhos e expressões levemente “robóticas”. O sincronismo labial pode parecer impreciso em trechos rápidos ou altos.

  • Áudio pode soar “limpo demais” ou apresentar poucas variações tonais.

  • Vídeos falsos costumam ser compartilhados em baixa resolução para “esconder” imperfeições.

  • Apresentação de “falhas visuais”: manchas, distorções em detalhes do rosto ou fundo.

  • Ausência de registros dessa fala ou evento em fontes confiáveis.

  • Conteúdo emocionalmente forte ou polêmico, buscando gerar indignação instantânea.

O próprio contexto pode ser indicativo: se um conteúdo surge de repente e viraliza sem respaldo de veículos sérios ou canais oficiais, desconfie.

Nem todo vídeo viral é verdadeiro. O olhar atento é a primeira defesa.

O que fazer ao identificar ou suspeitar de um deepfake contra sua campanha?


Se a suspeita for confirmada, a resposta rápida é fundamental para minimizar danos. Compartilhamos um roteiro adaptado que costumamos seguir junto a equipes assessoradas pela Communicare:

  1. Não interaja imediatamente com o conteúdo. Oriente todos da equipe a evitar compartilhamentos ou comentários públicos até análise técnica.

  2. Alerte rapidamente as lideranças e o jurídico da campanha, iniciando coleta e registro de provas (prints, links, horários).

  3. Busque apoio de especialistas em comunicação digital para análise forense. Ferramentas modernas já conseguem apontar montagem em poucos minutos.

  4. Em casos graves, acione imediatamente o Tribunal Regional Eleitoral e as autoridades competentes. Em 2026, há canais específicos nas Ouvidorias para denúncias envolvendo IA.

  5. Prepare uma nota oficial clara, comunicando a tentativa de manipulação e esclarecendo o conteúdo falso de forma transparente.

  6. Monitore os desdobramentos nas redes e converse diretamente com apoiadores e formadores de opinião para evitar amplificação.

  7. Reforce em todos os canais, principalmentes redes sociais oficiais, o compromisso com a verdade, a transparência digital e o combate à desinformação.

Essas etapas aumentam significativamente a chance de recuperação da imagem, principalmente quando se faz parte de uma estratégia maior de gestão de crises.


Monitoramento preventivo: “ouvidos digitais” sempre ligados


De modo simples, quanto mais cedo se detecta um deepfake, menor o estrago reputacional. Por isso recomendamos a todas as campanhas e mandatos a implantação de sistemas de monitoramento digital.

  • Ferramentas automáticas de escuta e varredura em redes sociais, aplicativos e blogs (usamos em nosso trabalho de comunicação digital contínua).

  • Alertas de palavras-chave, nomes de candidatos/entidades/slogan e termos sensíveis.

  • Análise de tendências para identificar picos suspeitos de compartilhamento.

  • Construção de “mapas de redes” para traçar como fake news se espalham.

Na prática, associar monitoramento digital com estratégias de identificação de ataques coordenados permite reações mais eficientes e menos traumáticas.


Estratégias de contenção: da guerrilha digital à comunicação institucional


Quando o deepfake já circula, só resta atuar para “estancar e limpar”. As ações variam de acordo com a gravidade e o alcance do caso. Compartilhamos experiências e recomendações que costumam crescer em importância no ciclo eleitoral:


Resposta rápida e multicanal


A linguagem de crise precisa ser objetiva, empática e institucional.

  • Publicação imediata de nota nas redes.

  • Contato com imprensa para esclarecimentos, “não era eu”, “o vídeo é falso”.

  • Atualizações constantes sobre a apuração no site oficial e perfis certificados.

  • Ações diretas junto aos administradores de redes e aplicativos solicitando a remoção do material prejudicial.

  • Ativação de “guerrilha digital”, com apoiadores preparados para contestar e difundir a verdade (para aprofundar, sugerimos o artigo sobre táticas de guerrilha digital em eleições).


Educação do eleitor e do time de campanha


A melhor defesa, falamos com frequência, é a boa informação. Programas de educação digital para apoiadores, mandatos e militantes ajudam a entrenar o olhar do “detector de deepfake”, desconfiar, investigar, não espalhar. Uma dica: sempre que possível, contextualize e explique para seus públicos; não basta negar.

Vale pautar rodas de conversa, reuniões de base e treinamentos internos para reforçar a cultura do uso “saudável” das redes e da imprensa.


O papel da legislação: avanços e lacunas


A Lei nº 15.123/2025 marcou um salto no combate à violência de gênero via IA, mas a verdade é que, em 2026, a legislação sobre deepfakes ainda avança mais lentamente do que a tecnologia responsável pela fraude. Há iniciativas sobre rotulagem obrigatória, transparência de uso de IA e endurecimento de penas para crimes digitais, mas muitos casos ligam-se a decisões locais e interpretações subjetivas.

O já citado estudo do IDP/Ethics4AI mostra como variações na análise jurídica ainda trazem insegurança. Por isso, defendemos sempre contar com consultoria jurídica e política atualizadas, seja em campanhas, mandatos ou entidades.


Estratégias proativas para 2026: blindando campanhas, entidades e mandatos


Entrando em 2026, não basta estar preparado para reagir. É preciso criar uma cultura permanente de prevenção. Compartilhamos práticas que implementamos e indicamos:

  • Treine toda a equipe, da recepção ao staff de redes, para identificar, deter e não amplificar boatos e deepfakes. Implemente protocolos claros de escuta, registro e repasse.

  • Mantenha comunicação institucional constante e transparente: não deixe “vazios” para boatos ocuparem.

  • Construa uma “rede de defesa” envolvendo militância, lideranças de base, entidades de classe e jornalistas aliados. Informação bem distribuída é antídoto contra desinformação.

  • Atualize sistemas de monitoramento digital e ferramentas de checagem contínua.

  • Invista, sempre que possível, no relacionamento direto com o eleitor, seja presencial ou por meio de formatos ao vivo, reduzindo o poder da manipulação digital massiva.

Para equipes que buscam ações mais profundas, consideramos fundamental consultar profissionais especialistas tanto em consultoria política para campanhas e mandatos quanto em estratégias de marketing político.


Reflexões finais: cultura de defesa e conscientização


Seria simplista imaginar um cenário sem deepfakes em 2026. Com o avanço acelerado da IA, o mundo digital seguirá sendo um tabuleiro de guerra reputacional, onde segundos fazem diferença. Mesmo assim, não estamos à mercê da desinformação.

Ao longo deste artigo procuramos, como Communicare, compartilhar possíveis caminhos. Não existe única resposta ou receita. Mas quanto mais informação qualificada, equipes treinadas e sistemas de resposta, mais serena será a travessia.

A melhor blindagem é a verdade comunicada com agilidade e inteligência.

Nossa expertise abrange desde o diagnóstico de ameaças até a estruturação de protocolos de resposta, atuação de militância digital, treinamentos internos e consultoria contínua em comunicação política. Convidamos todas as equipes, sindicatos, conselhos e associações preocupadas com segurança digital a conhecer nosso trabalho. Acesse nosso formulário e converse conosco, juntos, vamos fortalecer a comunicação transparente e ética no cenário eleitoral brasileiro.


Perguntas frequentes sobre deepfakes em campanhas políticas



O que são deepfakes em campanhas políticas?


Deepfakes em campanhas políticas são áudios, vídeos ou imagens manipuladas por inteligência artificial para simular falas e situações falsas associadas a candidatos, partidos, lideranças ou apoiadores. A intenção geralmente é enganar eleitores, criar boatos, destruir reputações ou influenciar o resultado das eleições.


Como identificar um deepfake em vídeos?


Sinais de deepfakes incluem sincronismo labial imperfeito, movimentos “travados” de olhos, distorções visuais, áudio artificialmente limpo, baixa resolução e falta de cobertura por mídias confiáveis. Se um vídeo contém informações bombásticas e não foi publicado por canais oficiais, a suspeita deve ser maior. Existem ferramentas digitais específicas e serviços profissionais que podem ajudar a identificar montagens.


Quais riscos os deepfakes trazem nas eleições?


Os principais riscos são: dano reputacional extremo a candidatos e partidos, manipulação da opinião pública, violência política direcionada (em especial contra mulheres) e insegurança jurídica no processo eleitoral. O ambiente democrático pode ser comprometido rapidamente quando deepfakes viralizam sem controle.


Como denunciar deepfakes durante campanhas?


No Brasil, denúncias podem ser feitas ao Tribunal Regional Eleitoral do seu estado, Ministério Público Eleitoral e às plataformas digitais. Guarde provas, registros de horário, links e, se possível, consulte profissionais especializados para embasar a denúncia. A atuação conjunta do jurídico, do time de comunicação e do apoio externo aumentam as chances de resposta rápida.


Existe tecnologia para combater deepfakes?


Sim, já há softwares de análise forense de vídeos e áudios que identificam sinais de manipulação. Empresas de tecnologia, plataformas sociais e agências especializadas investem em rastreamento automático e ferramentas de verificação. Mas, ainda assim, o olhar humano treinado e o monitoramento ativo continuam sendo indispensáveis para uma resposta eficaz em campanhas políticas.

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