Comunicação eleitoral em cidades turísticas: desafios e soluções

A comunicação eleitoral no Brasil apresenta nuances e obstáculos distintos quando o cenário é uma cidade turística. Essas localidades têm população flutuante, diferentes perfis culturais por estação, forte presença de comércio sazonal e desafios relacionados à fixação de mensagens políticas. Como agência referência em estratégias digitais e políticas, na Communicare sabemos que pensar e executar a comunicação nessas cidades envolve adaptar conceitos, táticas e prioridades de engajamento.

Se você trabalha em campanhas, mandatos, sindicatos ou instituições e quer entender como aumentar seu impacto em cidades com intensa movimentação turística, elaboramos este artigo para apresentar os principais desafios e soluções – sempre com exemplos aplicados à realidade brasileira e recomendações práticas validadas por nossa equipe e nosso Diretor Executivo, João Pedro Reis.

Por que cidades turísticas exigem outro olhar?

Cidades turísticas, como já mostramos em projetos passados da Communicare, fogem do padrão na comunicação política. Populações que variam conforme a época do ano alteram o sentido de pertencimento da comunidade, diluem o vínculo dos moradores temporários com o debate político local e dificultam a definição de narrativas impactantes para públicos de fora. Isso sem falar na concorrência de atenção com eventos culturais, festas, comércio e lazer, que rivalizam com qualquer campanha.

Campanhas tradicionais raramente funcionam em cidades turísticas.

É fundamental compreender que turistas não votam, mas influenciam a percepção coletiva sobre a cidade, seus gestores e candidatos, além de impactarem diretamente a dinâmica econômica e a agenda local. Enquanto isso, os moradores fixos enxergam demandas reais e cotidianas, muitas vezes ofuscadas nos momentos de pico dos visitantes.

Desafios da comunicação eleitoral em cidades turísticas

Com base em cases internos e vivências do nosso time, mapeamos os grandes gargalos desta missão. São situações que qualquer liderança, assessor ou candidato deve considerar antes de planejar sua campanha:

• População flutuante e segmentação difícil

• Dualidade de agendas (demanda de residentes e de turistas)

• Ruído causado por excesso de atrações e eventos

• Dificuldade de mensurar impacto das mídias locais

• Forte rotatividade do comércio local

• Grande influência das redes sociais nas decisões turísticas

• Dificuldade em criar pertencimento político para ‘moradores sazonais’

Cada um desses desafios exige criatividade, planejamento e sensibilidade local. E, acima de tudo, testes práticos para validar o que funciona com diferentes públicos, sazonalidades e linguagens.

Como identificar o público prioritário?

Na campanha, identificar o público-alvo é básico. Em cidades turísticas, porém, a definição ganha camadas: além dos eleitores fixos, há os "moradores temporários" (aqueles que vivem parte do ano na cidade), os comerciantes flutuantes e, claro, os visitantes. Nosso método na Communicare sugere um levantamento detalhado de:

• Tempo de residência

• Motivos para morar/trabalhar no município

• Relação com pautas políticas do local

• Incidência de novos moradores em períodos específicos

• Redes sociais mais ativas entre residentes e turistas

Esse diagnóstico ajuda a estruturar campanhas com recortes quase hiperlocais, fortalecendo o vínculo com moradores sem ignorar o contexto turístico.

Exemplo aplicado: pesquisa no Espírito Santo

Citando a pesquisa do Observatório do Turismo do Espírito Santo no Carnaval 2025, 89,6% dos turistas buscaram lazer, com 46,5% priorizando atrativos naturais e gasto médio diário de R$ 242,03. Isso revela o peso do turismo sazonal no perfil socioeconômico da cidade e mostra a importância de contextualizar ações e investir em estratégias diferenciadas para períodos de maior fluxo de visitantes.

Dificuldade de criar pertencimento e engajamento

Moradores temporários (que moram parte do ano) e turistas tendem a não se identificar com a política local. Consequência? Menor interesse em debates, baixa adesão em eventos e pouca viralização orgânica de temas mais sérios. É preciso gerar senso de pertencimento com abordagens personalizadas, valorizando o impacto da gestão pública sobre o cotidiano local independentemente da época do ano.

Entre as práticas mais eficientes que já aplicamos estão:

• Campanhas que conectam conquistas da cidade à experiência de turistas

• Depoimentos de novos moradores, mostrando integração

• Enquetes rápidas sobre infraestruturas turísticas e convivência

• Ações colaborativas ente moradores e visitantes (mutirões de limpeza, por exemplo)

Engajamento nasce do pertencimento. E pertencimento exige diálogo.

Desbalanceamento de pautas: o que priorizar?

O gestor precisa decidir entre dar peso às pautas dos residentes ou dialogar com a agenda turística. Nossa orientação é encontrar pontos de interseção – por exemplo, valorizando o comércio local que emprega moradores e atende turistas, ou a proteção do patrimônio ambiental que beneficia toda a cidade.

Já apresentamos mais detalhes sobre como alinhar discurso político ao perfil do eleitor local, gerando sintonia e relevância, no nosso artigo sobre o tema: alinhar discurso político ao perfil do eleitor local.

Quando e como adaptar o plano de comunicação?

Adaptação deve acontecer em várias etapas da campanha:

• Pico de alta temporada: reforço de mensagens de acolhimento, hospitalidade e promoção da cidade no digital

• Baixa temporada: maior foco em demandas estruturais, manutenção de serviços e políticas locais

• Eventos estratégicos (festas, carnavais, shows): diálogo ativo nas redes, inserções “ao vivo” e conteúdos em tempo real que valorizem as melhorias promovidas pelo poder público

• Ao longo do ciclo eleitoral: revezar linguagens formal/informal conforme o público predominante

No artigo da Communicare sobre adaptação de campanhas em cidades com alta evasão digital, mostramos a eficácia de ajustar canais, horários de publicação e até mesmo as mídias escolhidas de acordo com as condições de acesso – algo que também se aplica ao contexto turístico, dadas as diferentes rotinas e perfis de público em circulação.

Mídias locais e digitais: qual o peso real?

Veículos tradicionais de mídia local (rádios, jornais impressos, carros de som) têm influência reduzida em cidades com visitantes constantes e diversos sotaques. Muitas vezes, quem circula não acompanha o noticiário do município. Por isso, campanhas eficazes combinam canais digitais (geolocalização nas redes, anúncios direcionados, grupos em apps de mensagem) a pontos físicos estratégicos (outdoors nos principais acessos, ações em feiras e eventos, parcerias com empresários locais).

No artigo marketing político em cidades pequenas: 7 estratégias práticas apresentamos métodos eficientes para cidades que, apesar do alto fluxo de pessoas, mantêm características de comunicação de comunidades reduzidas – recurso que favorece campanhas segmentadas, porém criativas.

Geofencing: segmentação inteligente no território

Implementar campanhas usando geofencing permite impactar pessoas que estão fisicamente próximas dos pontos turísticos, eventos ou comércio central. Geofencing oferece a oportunidade de enviar mensagens em tempo real para quem está no local certo, na hora certa. Mas vale usar esse recurso com objetivos claros: promoção de ações do mandato, convite para eventos da campanha, ou alertas de prestação de contas.

Para aprofundar no uso do geofencing, recomendamos nosso conteúdo detalhado sobre o tema: geofencing em campanhas políticas locais.

Como construir narrativas que realmente engajam?

A narrativa ideal para cidades turísticas precisa dialogar com orgulho local e hospitalidade, sem ignorar carências históricas da infraestrutura. Temos êxito com conteúdo pautado em histórias reais, casos de sucesso, valorização de iniciativas locais e personagens reconhecidos da comunidade. Vídeos rápidos, depoimentos espontâneos e transmissões ao vivo apresentam alto engajamento.

Se quiser um passo a passo sobre produção de narrativas e técnicas de storytelling político de alta eficiência para territórios fragmentados, indicamos nosso artigo narrativas hiperlocais e engajamento em cidades pequenas.

Narrativa local é a ponte entre a cidade e o visitante.

Eventos e campanhas presenciais: funcionam?

Sim, mas dependem de timing e originalidade. As campanhas em datas de eventos turísticos têm mais impacto quando unem o político, o cultural e o entretenimento. Em nossa experiência, ações como rodas de conversa em feiras, caminhadas ecológicas com apoiadores e participação ativa em programações culturais rendem visibilidade espontânea e engajam tanto moradores quanto visitantes.

Monitoramento contínuo: pequenas mudanças, grande impacto

Medir os resultados constantemente é obrigatório. Nossa recomendação é checar semanalmente o alcance, o engajamento e a percepção sobre cada ação implementada, usando pesquisas rápidas, monitoramento de mídias sociais e feedback direto dos comerciantes e equipes de apoio.

Ajustar rota rapidamente, remover ruídos, experimentar formatos diferentes e valorizar feedbacks espontâneos faz parte da comunicação moderna nas cidades turísticas. Muitas das conquistas que registramos com clientes só ocorreram porque investimos alto em escuta ativa e ajustes de rota a cada nova temporada – especialmente quando o perfil do público muda de uma semana para outra.

Soluções práticas da Communicare para superar os desafios

Para quem vai atuar em cidades turísticas, destacamos orientações que reunimos em nossas experiências de campo, treinamentos e consultorias:

• Aposte em campanhas dinâmicas, com destaque para pautas de interesse comum entre moradores e turistas

• Use geofencing e anúncios digitais hipersegmentados para potencializar impacto rápido

• Valorize agentes comunitários e influenciadores locais para "traduzir" as ações do candidato ou gestor

• Promova eventos híbridos, unindo temas locais, cultura e entretenimento – o engajamento cresce exponencialmente

• Inclua pesquisas rápidas sobre percepção turística e demandas dos residentes a cada sazonalidade

• Mantenha canais digitais ativos e responsivos durante todo o ano, não apenas em época eleitoral

• Invista em storytelling que mostre ao mesmo tempo progresso, acolhimento e preocupação com o futuro da cidade

Esse conjunto de soluções está em linha com nossa proposta de fortalecer a autoridade, o alcance e a reputação de candidatos, mandatos, conselhos e associações que atuam em cidades estratégicas do país. Trabalhar em cidades turísticas é, na prática, inovar todos os dias.

Conclusão

Comunicar-se de forma eficiente em cidades turísticas é reinventar a cada temporada a abordagem, o conteúdo e a forma de medir resultados. O sucesso depende de compreender a pluralidade de públicos, alternar entre agendas imediatas e estruturais, e estar pronto para dialogar em múltiplas frentes – das mídias digitais à praça central.

Na Communicare, temos orgulho de liderar projetos que fortalecem posicionamentos, constroem pontes entre economia e política local e potencializam o alcance de campanhas em cidades que nunca param. Se você quer conhecer mais sobre soluções eficazes em comunicação eleitoral para cidades turísticas e outros desafios do seu território, convidamos a visitar nosso site e preencher o formulário de contato. Nossa equipe está pronta para transformar demandas em resultados reais e mensuráveis.

Perguntas frequentes sobre comunicação eleitoral em cidades turísticas

O que é comunicação eleitoral em cidades turísticas?

Comunicação eleitoral em cidades turísticas é o conjunto de estratégias, ferramentas e conteúdos pensados para campanhas e mandatos em localidades com grande fluxo de visitantes. O objetivo é atingir os eleitores locais, respeitando as dinâmicas de sazonalidade populacional, integrando turistas e moradores temporários e mantendo a mensagem relevante mesmo diante de eventos e distrações típicas do turismo.

Quais os principais desafios na comunicação eleitoral?

Entre os principais desafios estão: identificar o público prioritário em meio à população flutuante, conciliar agendas conflitantes entre residentes e turistas, evitar dispersão da mensagem em períodos de eventos e ajustar constantemente os canais devido à mudança no perfil dos visitantes. É necessário monitorar resultados em tempo real e adaptar a estratégia rapidamente.

Como adaptar campanhas eleitorais para turistas?

Adaptar campanhas para turistas envolve criar mensagens acolhedoras que valorizem as conquistas da cidade e o bem-estar do visitante, sem perder o foco nas pautas de interesse dos moradores. O ideal é conectar experiências positivas dos turistas à qualidade de vida proporcionada pela gestão local e usar canais digitais para atingir quem está de passagem.

Vale a pena investir em mídias locais?

Investir em mídias locais faz sentido para alcançar residentes e comerciantes, mas em cidades turísticas o impacto dessas mídias pode ser limitado por conta da rotatividade de pessoas. Recomendamos equilibrar o investimento em mídias tradicionais com canais digitais, anúncios segmentados por localização e ações presenciais em eventos de grande circulação.

Quais soluções para engajar eleitores temporários?

Para engajar eleitores temporários, sugerimos campanhas que promovam senso de pertencimento, convidem à participação em decisões e destaquem a relevância do voto para melhorias na cidade. Eventos colaborativos, storytelling de integração e pesquisas rápidas são ferramentas que aumentam engajamento e aproximam esses públicos da política local.