
Matriz SWOT: como avaliar candidaturas no marketing político
- Carlos Junior
- 16 de out.
- 8 min de leitura
A cada novo ciclo eleitoral, candidatos, assessores e equipes de campanha buscam métodos confiáveis para analisar as condições reais de uma candidatura. Não basta mais se basear apenas em intuições ou repetir estratégias do passado. O ambiente político brasileiro, tão imprevisível, exige preparo técnico e um olhar detalhista sobre forças e riscos. É dentro desse contexto que a matriz SWOT se apresenta como uma aliada estratégica, capaz de transformar percepções subjetivas em decisões assertivas para o marketing político.
Neste artigo, vamos explicar a matriz SWOT, sua aplicação prática em campanhas eleitorais e mostrar, com exemplos concretos, como esse diagnóstico pode impactar diretamente o resultado das urnas. Trazemos também reflexões do nosso trabalho na Communicare para ajudar lideranças, candidatos ou assessores a tomarem decisões menos emocionais e muito mais racionais.
Entendendo a matriz SWOT na política
A matriz SWOT, também chamada de FOFA em português, é uma ferramenta antiga da administração e do marketing, mas permanece moderna por sua capacidade de enxergar o todo. A sigla vem das palavras em inglês:
Strengths (forças)
Weaknesses (fraquezas)
Opportunities (oportunidades)
Threats (ameaças)
Na prática, ela separa aquilo que está sob o controle direto do candidato e sua equipe (forças e fraquezas), daquilo que é externo e sobre o qual há pouca ou nenhuma influência direta (oportunidades e ameaças).
Ao aplicarmos a matriz SWOT ao marketing político, ganhamos tempo, organização e clareza para que a campanha tenha início com o pé direito.
Sem diagnóstico, qualquer caminho parece servir.
Criando esse mapa, a gestão da comunicação passa a ser orientada por fatos e dados, não por impressões pessoais ou disputas internas.
Separando internos e externos: a chave para um diagnóstico honesto
Uma das armadilhas em avaliações eleitorais é misturar aquilo que depende do candidato com o que foge do seu controle. A matriz SWOT resolve esse problema ao obrigar a equipe a separar:
Forças e fraquezas: são características do candidato, de sua trajetória, de sua equipe e estrutura.
Oportunidades e ameaças: são elementos do ambiente, como adversários, conjuntura partidária, regras eleitorais, contexto socioeconômico da região e tendências do eleitorado.
Quando não fazemos essa distinção, perdemos foco. E, como resultado, estratégias são mal desenhadas, desperdício de recursos se multiplica e o projeto pode perder competitividade antes mesmo de começar.
Um exemplo prático: o candidato jovem, carismático e defensor do progresso
Vamos imaginar juntos um cenário muito comum em cidades médias e pequenas do Brasil. Vamos supor um candidato jovem, de 34 anos, advogado, já foi parlamentar na cidade, com um discurso renovador e uma imagem simpática que se conecta bem com jovens e novos eleitores. Seu lema é o progresso e o desenvolvimento regional.
Ao iniciar as reuniões com a equipe, ele relata sentir percepção positiva nas ruas, especialmente entre os mais jovens. Porém, há resistências em parte dos eleitores mais tradicionais e uma desconfiança velada quanto à sua filiação ao PMDB, partido com imagem desgastada em algumas regiões.
Começamos então a montar a matriz para entender melhor seu cenário real:
Forças do candidato
Histórico como vereador atuante e ficha limpa.
Popularidade alta no interior do município.
Imagem moderna e associada à honestidade.
Facilidade de comunicação presencial, com talento para discursos e palestra.
Rede de apoiadores apaixonados, especialmente entre os jovens.
Aqui está evidente: o candidato tem atributos pessoais e históricos positivos. Mas só isso não garante vantagem.
Força sem mapa vira energia desperdiçada.
Fraquezas do candidato
Associação ao PMDB, partido em crise de imagem nacional.
Baixa familiaridade com redes sociais, especialmente em vídeos e lives.
Dificuldade de criar pontes com lideranças tradicionais da cidade.
Equipe enxuta e com pouco preparo para estratégias digitais.
Pouca penetração em bairros periféricos ou grupos minoritários.
Neste ponto, a equipe percebe lacunas que, se não forem trabalhadas, podem minar a campanha.
Oportunidades externas
Eleitorado jovem crescendo em peso, com baixa identificação com políticos tradicionais.
Descredito crescente com os partidos tradicionais concorrentes.
A integração de cidades vizinhas propiciando novas bases de apoio.
Cenário econômico favorável ao discurso de inovação e progresso.
Crescente insatisfação local por falta de investimento estadual.
Esses são fatores que não dependem apenas do candidato, mas que podem ser aproveitados se o plano de campanha estiver atento.
Ameaças externas
Partido desorganizado localmente, com pouca estrutura e conflitos internos graves.
Adversários experientes e conhecidos da população, especialmente entre a população rural e tradicional.
Campanhas de desinformação e fake news circulando nas redes.
Baixa densidade demográfica em bairros onde o candidato é mais forte.
Possibilidade de judicialização eleitoral envolvendo a chapa do partido.
Ignorar ameaças é um luxo que campanhas políticas não podem ter.
É exatamente nesse ponto que a matriz SWOT vai além dos simples achismos. Passamos a enxergar exatamente onde investir energia e recursos.
O papel das pesquisas: quantitativas e qualitativas
Para que a matriz SWOT traga resultados realmente válidos, precisamos alimentar suas categorias com dados confiáveis. O ideal é que a equipe invista tanto em pesquisas quantitativas como qualitativas. Segundo estudo publicado na SciELO, a análise de conteúdo dos discursos de candidatos colabora para avaliar suas estratégias e sua imagem pessoal perante o eleitorado. (análise de conteúdo dos discursos dos candidatos)
Na prática, defendemos a realização de ao menos uma pesquisa online de baixo custo em paralelo a uma pesquisa presencial (de rua). Vamos comparar:
Pesquisa online: rápida, barata, permite testar várias perguntas em poucos dias, mas pode ser enviesada se a amostra não incluir todos os segmentos relevantes.
Pesquisa de rua: dá um retrato mais fiel da base eleitoral, mas é cara, lenta, exige logística e planejamento.
Um cruzamento de métodos entrega respostas mais sólidas.
A integração desses resultados permite validar ou ajustar a matriz SWOT. Verificamos se aquilo que o candidato considera força realmente bate com a percepção do eleitor. Ou ainda, identificamos fraquezas que não estavam claras apenas com debates internos.
Da análise à ação: o que fazer com a matriz SWOT?
O grande mérito da matriz está em transformar análise em ação concreta. Após preencher cada quadrante com sinceridade, voltamos à velha pergunta: “E agora, para onde ir?”
As forças devem ser exploradas ao máximo, ocupando o centro das mensagens da campanha e sendo repetidas em diferentes formatos, do discurso ao material online.
As fraquezas exigem planos de correção rápida ou, se impossível, uma estratégia para desviá-las do debate – por exemplo, investindo em capacitação digital do candidato.
As oportunidades precisam ser identificadas e ocupadas primeiro, antes que os adversários percebam o vazio.
As ameaças pedem ações preventivas: negociação política interna, elaboração de respostas para fake news, amparo jurídico e reforço do diálogo em regiões críticas.
Diagnóstico só é valioso se se traduzir em movimento.
Outro aspecto prático que as equipes mais experientes reconhecem é a necessidade de antecipar conflitos internos e externos. A matriz SWOT permite, por exemplo, prever tensões dentro do partido e agir antes que uma crise exploda durante a campanha.
Já discutimos em detalhes alguns destes pontos no nosso guia completo sobre estratégias eficazes de marketing político.
Campanhas racionais: evitando envolvimento emocional excessivo
É comum, nos bastidores, presenciarmos equipes tomarem decisões por impulso. A paixão pelo candidato, a vontade de derrotar adversários ou até a pressão por resultados rápidos podem gerar ações irracionais e mal dimensionadas.
Por isso, defendemos que, após o diagnóstico da matriz SWOT, a equipe crie um “escudo racional” no planejamento. O que isso significa? Que nem tudo será executado com a emoção da campanha, mas sim com base em dados e cenário traçado.
Campanha não é guerra de torcida. É gestão estratégica de mensagens e recursos.
Para evitar decisões ruins:
Reunir a equipe para revisar a matriz SWOT periodicamente, à luz de pesquisas e fatos novos.
Delimitar claramente o papel de cada membro, reduzindo ruídos e vaidades.
Buscar apoio externo, de consultorias como a Communicare, para trazer vozes neutras e pontos cegos ao diagnóstico.
Conquistar disciplina para dizer não a ideias mirabolantes que surgem no calor dos debates.
Esse distanciamento saudável é o que dá, por exemplo, condições para campanhas enfrentarem crises de imagem com profissionalismo. Indicamos um olhar atento ao nosso material sobre gestão de crises de imagem – fundamental para todo quadro de ameaças na matriz SWOT.
Mapeando as condições: do mailing às disputas internas
Depois de identificar corretamente forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, chega o momento de traçar as ações prioritárias do marketing político:
Investir em base de contatos (mailing), conectando as potencialidades já mapeadas nos simpatizantes e nas redes do candidato.
Resolver tensões internas no partido, antecipando possíveis sabotagens antes que elas cresçam.
Criar rotinas de treinamento digital para o candidato, principalmente se ele enfrentar bloqueios em canais como vídeo e lives.
Aproveitar oportunidades em eventos e debates na região, associando sempre mensagens principais à identidade já feita.
Monitorar ameaças externas, planejando respostas em articulação com a equipe jurídica e de comunicação.
Toda eleição é antes de tudo um grande exercício de autoconhecimento coletivo.
É fundamental que a equipe mantenha o foco no racional mesmo diante de ataques e reviravoltas, para que cada passo seja dado com base no mapeamento realizado.
Caso o tema seja novo para sua equipe, vale conferir nosso artigo sobre marketing eleitoral para iniciantes, que aprofunda conceitos básicos essenciais para o planejamento.
Conclusão: racionalidade e preparo para um ciclo eleitoral eficiente
Em todos esses anos de atuação, percebemos que a matriz SWOT, quando aplicada com seriedade, transforma campanhas. Não apenas orienta os passos do marketing político, mas ajuda a evitar erros primários, desperdício de recursos e acirramento de disputas internas. É um instrumento de planejamento que deixa claro que vencer eleições exige diagnóstico, método e, acima de tudo, distanciamento psicológico das vaidades e expectativas pessoais.
Na Communicare, lidamos diariamente com equipes de candidatos, partidos, associações e conselhos de classe que enfrentam exatamente os dilemas citados neste texto. Nossa proposta é trazer a matriz SWOT para o centro do planejamento, conectando-a a pesquisas, construção de mailing, formação de equipe e resolução de desafios do marketing político moderno. Confira também nosso conteúdo sobre o que é marketing político e como ele pode ajudar candidatos a dar o próximo passo.
Se você acredita que sua candidatura, entidade ou equipe pode crescer com uma análise profissional, fale conosco pelo formulário. Estamos prontos para ajudar no que é mais necessário: criar campanhas técnicas, racionais e alinhadas à realidade local. Dê esse passo com a Communicare, e prepare-se para um planejamento eleitoral que realmente faz diferença!
Perguntas frequentes sobre matriz SWOT no marketing político
O que é matriz SWOT no marketing político?
Matriz SWOT é uma ferramenta estratégica que mapeia forças, fraquezas, oportunidades e ameaças específicas da candidatura. Ela permite enxergar, de forma organizada, pontos positivos internos, fragilidades, oportunidades externas e riscos que podem afetar o sucesso da campanha eleitoral.
Como aplicar a SWOT em candidaturas políticas?
O primeiro passo é levantar dados sobre o candidato, sua equipe e contexto, usando pesquisas, reuniões e análise do ambiente político. Em seguida, preenchemos as quatro categorias: forças e fraquezas (internas) e oportunidades e ameaças (externas). Com isso, montamos um diagnóstico e definimos estratégias de ação para potencializar forças e neutralizar riscos.
Quais são os benefícios da matriz SWOT?
O principal benefício é a clareza para tomada de decisões, com base em fatos e não suposições. A ferramenta reduz desperdícios de recursos, antecipa possíveis crises, orienta alocação de investimentos e fortalece o alinhamento interno das equipes. Além disso, gera um planejamento mais preparado para imprevistos comuns em campanhas políticas.
Quando usar a matriz SWOT em campanhas?
A matriz deve ser usada no início do planejamento eleitoral, mas também pode – e deve – ser revisitada ao longo da campanha, especialmente após eventos que mudem o cenário (pesquisas, debates, crises). Seu uso recorrente ajuda a equipe a ajustar ações e evitar reações impulsivas.
A matriz SWOT realmente faz diferença em eleições?
Sim, a experiência mostra que equipes que adotam a matriz SWOT têm campanhas mais planejadas, menos sujeitas a improviso e erros de percurso. Ela não garante vitória, mas aumenta muito as chances de sucesso ao transformar informação em estratégia.




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