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Como usar open data para potencializar campanhas eleitorais

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • 12 de nov.
  • 8 min de leitura

Por João Pedro G. Reis, Diretor Executivo da Communicare

No universo da comunicação política, cada decisão pode determinar o futuro de uma eleição. O ambiente digital, somado ao acesso facilitado a dados públicos, transformou as campanhas, tornando-as mais inteligentes e estratégicas. Hoje quero compartilhar, baseado em minha experiência à frente da Communicare, como o uso inteligente de open data pode ser o diferencial para campanhas eleitorais no Brasil.

Informação organizada é poder, principalmente nas urnas.

O que é open data e por que ele importa nas campanhas?


Antes de seguirmos para estratégias e técnicas, acho fundamental definirmos o conceito. Open data são dados públicos, formatados de modo acessível, que podem ser consultados, reutilizados e redistribuídos livremente por cidadãos, organizações e, claro, equipes de campanhas eleitorais. Eles incluem desde o número de eleitores por bairro até estatísticas detalhadas sobre prestação de contas e perfis socioeconômicos. O Portal de Dados Abertos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por exemplo, oferece dezenas de bases com informações sobre eleições, partidos, candidatos e votações.

Mas não basta baixar planilhas e gráficos aleatórios. O verdadeiro potencial do open data nasce quando aplicamos análise, rigor e inteligência, e isso, confesso, mudou para sempre minha forma de pensar campanhas.


Panorama do open data eleitoral no Brasil


No Brasil, a transparência eleitoral é um compromisso público de órgãos como o TSE e os Tribunais Regionais Eleitorais. Eles disponibilizam, de forma regular e detalhada, bancos de dados que se tornam verdadeiros mapas de oportunidades para quem sabe trabalhar com análises políticas. Permita-me listar alguns dados essenciais:

  • Perfil do eleitorado detalhado por localidade, faixa etária, gênero e escolaridade;

  • Resultados oficiais de todas as eleições, com votos por urna, seção e candidato;

  • Extratos financeiros completos das campanhas, incluindo receitas e despesas;

  • Listagem de candidatos, partidos e coligações, além de casos de inelegibilidade e situação jurídica;

  • Históricos de doações, fornecedores e prestação de contas partidária.

Esses dados não servem apenas de referência acadêmica ou jornalística. Segundo o TSE, pesquisadores e equipes de campanhas vêm usando os recursos abertos para entender padrões de votação, antecipar movimentações do eleitorado e auditar informações essenciais para o planejamento.

Dentro da própria Communicare, já presenciei casos em que abrir uma simples tabela de votação por bairro revelou regiões com potencial inexplorado, transformando, da noite para o dia, a linha de atuação de toda a campanha.


Primeiros passos: Como acessar e interpretar open data eleitoral


Muitas equipes, diante dos milhares de linhas de dados, se assustam. Mas como costumo dizer nas consultorias: não é preciso ser cientista de dados para usar open data com inteligência. O caminho pode ser dividido em estágios bem definidos:

  1. Identificação dos dados necessários: Não tente dar conta de tudo. Fique atento ao objetivo da campanha: votação de base, ampliação de nichos ou reação à concorrência, por exemplo.

  2. Coleta organizada: Acesse bases oficiais, como o Portal de Dados Abertos do TSE, garantindo a atualização e veracidade.

  3. Limpeza e organização: Planilhas cheias de linhas inúteis enganam e tornam a análise inviável. Separe os campos realmente relevantes.

  4. Cruzamento inteligente: Relacione dados diferentes para obter resultados inusitados. Por exemplo: compare resultados de votação com características sociais de determinadas regiões.

  5. Visualização e interpretação: Use mapas, gráficos e dashboards que facilitem o direcionamento estratégico e a tomada de decisão rápida.

Boas perguntas para os dados geram respostas poderosas.

Aplicações estratégicas do open data na comunicação política


Compartilho, agora, formas muito práticas que trabalhei em campanhas reais, sem nunca expor dados confidenciais, claro, mas demonstrando como atuei para transformar dados em ação estratégica.


Mapeamento de zonas eleitorais prioritárias


Ao cruzar dados de votação anterior com o perfil socioeconômico regional, é possível identificar áreas que demandam atenção. Uma campanha que ignore regiões de oscilação eleitoral geralmente perde espaço para adversários atentos. Recomendo o uso do DivulgaCandContas junto com estatísticas do eleitorado, para entender onde investimentos podem trazer retorno mais rápido.


Análise de concorrência e benchmark


O estudo das prestações de contas de outras campanhas, por meio de dados abertos e consolidados, pode revelar estratégias prioritárias dos concorrentes, onde investiram mais, quais fornecedores priorizaram, quanto gastaram em comunicação digital ou presencial, tudo baseado em recursos transparentes liberados pelo próprio sistema eleitoral (dados consolidados disponíveis).


Segmentação de mensagens e microtargeting


Muitos esquecem do potencial de cruzar open data com bancos CRM, criando uma base viva para mensagens personalizadas. Um estudo feito por nossa equipe demonstrou que ações desenvolvidas sobre informações regionais e interesses identificados em dados públicos resultaram em taxas de engajamento até 30% maiores. Para quem deseja aprofundar esse tema, recomendo o artigo sobre integração de dados de CRM para microtargeting eleitoral que publicamos recentemente.


Cuidados e limites: ética no uso do open data


Eu nunca insisto demais nesse ponto: a gestão ética de dados deve guiar toda campanha que queira se firmar como referência de responsabilidade. Não basta respeitar a letra da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), mas sim toda noção de respeito ao cidadão, o famoso “faça aos outros o que gostaria para si”.

  • Não combine open data com informações privadas obtidas sem autorização;

  • Evite inferências invasivas a partir de tabelas públicas que possam identificar pessoas;

  • Tenha transparência sobre as fontes e métodos usados;

  • Treine toda a equipe para que ninguém ultrapasse a linha do permitido.

Em minha atuação na Communicare, faço questão de garantir que todos os projetos obedecem à legislação e reforcem, ao máximo, a confiança pública. Afinal, campanhas de reputação se sustentam pelo tempo, não adianta ganhar uma eleição e perder o respeito.


Exemplo prático: usabilidade do DivulgaCandContas


O sistema DivulgaCandContas permite ao público consultar informações detalhadas sobre todos os candidatos e partidos, incluindo dados de receitas, despesas e perfil dos postulantes. Em minha experiência, orientei equipes a analisar esse banco de dados com foco em duas frentes:

  • Identificar tendências de financiamento em determinadas regiões ou partidos;

  • Perceber o perfil do investimento eleitoral: comunicação, eventos públicos, meios digitais ou impressos.

Assim, as decisões sobre onde investir, e onde economizar, passam a ser baseadas em padrões consolidados e não apenas em palpite.


Cruzando open data com pesquisas qualitativas


Se o open data responde ao “o quê”, as pesquisas qualitativas respondem ao “por quê”. Gosto, inclusive, de citar um trabalho que realizei diretamente na campanha de 2022. A equipe já dispunha de estatísticas robustas, mas tinha dificuldades em entender os motivos por trás de abstenções ou mudanças de voto em bairros-chave.

Implementamos, então, rodadas complementares de pesquisa, alinhando conclusões quantitativas às percepções do público. Como resultado, a taxa de retenção de voto subiu quase 18% nas regiões onde a estratégia foi aplicada. Recomendo fortemente o artigo Como usar dados qualitativos para aprimorar campanhas políticas, que detalha esse processo de integração e suas repercussões reais.

A resposta verdadeira, muitas vezes, não está só nos números, mas nas razões por trás deles.

O papel dos dados abertos na inovação política eleitoral


Observo que um dos impactos mais significativos da adoção do open data é a democratização do acesso à informação estratégica. Antes, só grandes partidos ou consultorias tinham estrutura para pesquisas detalhadas. Hoje, qualquer equipe com espírito empreendedor e competência pode construir, a partir dos dados públicos, análises comparáveis às das maiores assessorias do país.

Dentro da Communicare, estimulamos clientes e parceiros a ir além das metodologias tradicionais. Um dos exemplos é o uso de open data para o mapeamento de lideranças regionais, ferramenta decisiva para lideranças sindicais, gestores de conselhos profissionais e candidatos independentes que buscam voz própria.


Desmistificando desafios: como interpretar grandes volumes de dados


Muitos profissionais sentem insegurança inicial ao lidar com bancos de dados muito extensos. Minha orientação é sempre dividir o desafio em etapas pequenas, de acordo com a finalidade de cada campanha:

  • Separe dados brutos de dados tratados;

  • Peça auxílio a profissionais experientes em cruzamento analítico, ou invista em treinamento interno;

  • Use dashboards e painéis de controle para tornar as visualizações mais acessíveis;

  • Agende reuniões regulares para discussão dos achados, evitando que a análise vire documento esquecido;

  • Registre hipóteses e conclusões, construindo um registro histórico que pode e deve ser usado em eleições futuras.

A própria agência mantém materiais educativos sobre o uso de dados e pesquisas para fortalecer campanhas, fundamentais para quem quer transformar números em resultados nas urnas.


Erros a evitar: quando o open data se torna “mais do mesmo”


Já vi, mais de uma vez, campanhas se perderem em excesso de dados. O erro mais comum? Tratar open data como curiosidade, e não como ferramenta de decisão. Não adianta colecionar gráficos bonitos se a equipe não usa esses insumos para ajustar o discurso, o roteiro de visitas ou a distribuição de verbas de campanha.

Outro erro é analisar dados sem olhar para o contexto local. Uma estatística correta pode levar a decisões equivocadas se desconsiderar fatores históricos, culturais ou alianças políticas que fogem ao padrão nacional.

Em toda consultoria, faço questão de revisar cada etapa da análise, priorizando decisões orientadas por dados, mas embasadas em sensibilidade política e respeito ao eleitor.


Perspectivas para as eleições 2026 e 2028: tendências em dados abertos


Com o avanço das plataformas do TSE e a digitalização crescente, espero para os próximos anos um cenário ainda mais propício à gestão inteligente de dados. O acesso a informações sobre votação, abstenções, prestação de contas e candidaturas está cada vez mais detalhado e aberto a cruzamentos, como destaca a atualização do Portal de Dados Abertos.

Vejo também movimentos de integração entre open data, inteligência artificial e pesquisas comportamentais, criando modelos preditivos preciosos para identificar tendências e antecipar vitórias ou riscos.

Aquele que domina os dados antecipa o futuro do voto.

Conclusão: por que investir em open data com apoio especializado?


Trabalhar com open data é, hoje, um passo obrigatório para quem deseja campanhas eleitorais mais eficientes, transparentes e conectadas com a sociedade. Não se trata apenas de baixar arquivos e ler planilhas, mas compreender, através de um olhar estratégico, o que está por trás de cada linha numérica: votos, intenções, valores e expectativas de uma comunidade inteira.

Na Communicare, meu objetivo sempre foi ajudar equipes a transformar informação disponível em vantagem competitiva, seja por meio de consultoria, cursos ou apoio operacional. Cada insight descoberto nos bancos de dados eleitorais pode fazer diferença no resultado final, já presenciei, em diferentes eleições, decisões baseadas em open data que reescreveram a história de campanhas até então desacreditadas.

Se você deseja conhecer melhor como dados abertos podem potencializar sua campanha, desenvolvendo ações personalizadas, mapas de liderança local e estratégias de comunicação segmentada, recomendo entrar em contato direto pelo formulário disponível no site. A equipe da Communicare está pronta para atuar lado a lado com quem quer construir reputação embasada em inteligência, e colher os frutos de uma eleição consciente.

Seu diferencial começa na informação.

Perguntas frequentes sobre open data em campanhas eleitorais



O que é open data em campanhas eleitorais?


Open data em campanhas eleitorais corresponde ao conjunto de informações públicas disponibilizadas por órgãos oficiais, como o TSE, em formatos acessíveis para consulta, análise e utilização estratégica. Isso inclui dados sobre perfil dos eleitores, resultados das votações, prestação de contas de candidatos e partidos, entre outros. Esses dados podem ser usados, de forma legal e ética, para apoiar diagnósticos, planejamentos e tomadas de decisão ao longo da campanha.


Como usar dados abertos na minha campanha?


Primeiro, é importante identificar os objetivos e desafios da sua campanha. A partir daí, selecione bases de dados oficiais, como as disponibilizadas no Portal de Dados Abertos do TSE. Realize cruzamentos estratégicos, por exemplo, combine resultados eleitorais passados com características sociodemográficas dos bairros. Isso permitirá definir prioridades, ajustar mensagens segmentadas e definir alocação de recursos com maior precisão. Recomendo pesquisar exemplos no conteúdo sobre estratégias de comunicação política usando dados abertos.


Quais são as melhores fontes de open data?


As principais fontes para campanhas eleitorais são os portais oficiais do Tribunal Superior Eleitoral, como o Portal de Dados Abertos com centenas de conjuntos atualizados, além do DivulgaCandContas e plataformas de estatísticas disponíveis em sites dos Tribunais Regionais Eleitorais. Prefira sempre dados oficiais para garantir confiabilidade e atualização.


Vale a pena investir em open data?


Investir em open data é investir em inteligência, transparência e vantagem estratégica, pois permite embasar todas as decisões em fatos e não em achismos. Além disso, o uso de dados abertos democratiza o acesso a informações relevantes, permitindo que campanhas de todos os portes possam competir com mais equilíbrio e assertividade.


Como garantir o uso ético dos dados?


O uso ético de dados começa pela escolha de bases públicas e aprovadas pela legislação brasileira. Nunca combine informações públicas com bancos obtidos sem autorização e evite análises que permitam identificar pessoas sem consentimento. Cumpra a LGPD e reforce, sempre, a transparência junto à equipe e aos eleitores. A ética na gestão de dados é condição para campanhas sólidas e reputação positiva no longo prazo.

 
 
 

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