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Como escolher métodos de segmentação geográfica em campanhas

  • Foto do escritor: João Pedro G. Reis
    João Pedro G. Reis
  • há 19 horas
  • 9 min de leitura

A segmentação geográfica representa um dos pilares mais estratégicos para campanhas eleitorais, institucionais e sindicais no Brasil. Escolher adequadamente os métodos para identificar, analisar e agir sobre territórios pode redirecionar resultados e economizar recursos em cenários onde, muitas vezes, cada voto faz diferença.

Neste artigo, nós, do time da Communicare, vamos compartilhar nossas experiências e aprendizados sobre como decidir entre diferentes ferramentas e técnicas de segmentação territorial. Nosso objetivo é ajudar candidatos, assessores, entidades de classe e equipes de mandatos a criar estratégias que sejam realmente aplicáveis à realidade brasileira, levando em conta dados, mapas, pesquisas de campo e métodos inovadores de engajamento. Não vamos nos limitar apenas à teoria. Aqui, buscamos traduzir cenários, mostrar cases e contextualizar com a prática.


Por que segmentação geográfica faz sentido nas campanhas?


Já ouvimos muitas vezes a dúvida: por que investir tempo e dinheiro em segmentação territorial? Seria só para delimitar bairros ou cidades? De forma alguma. A segmentação geográfica serve para aumentar a efetividade do contato com eleitores ou públicos estratégicos, otimizando esforços segundo as características e necessidades reais de cada região.

Conforme destaca o Anuário Estatístico do Brasil 2023 do IBGE, a movimentação eleitoral no país revela diferenças marcantes de perfil e comportamento entre municípios, zonas e até entre seções eleitorais de uma mesma cidade. Isso impacta diretamente no design das campanhas, seja pela disparidade do acesso à informação, questões culturais, economia local ou mesmo infraestrutura de comunicação.

Escolher o território certo vale mais do que tentar abraçar o Brasil inteiro.

O modo como o território é recortado influencia tudo: do tom da mensagem até as ferramentas usadas para chegar ao público. É por isso que tantas campanhas acertam onde investem, mas perdem tempo e verba em regiões pouco alinhadas com suas propostas, um erro comum, mas reversível com uma análise cuidadosa.


Os principais métodos de segmentação geográfica aplicáveis no Brasil


Ao lidarmos com diferentes realidades brasileiras, aprendemos a combinar, e às vezes confrontar, metodologias para recortar o território. Não existe fórmula fixa, mas sim adaptações que fazem sentido a depender do contexto eleitoral, orçamentário e dos objetivos da disputa.

  • Dados públicos demográficos e eleitorais

  • Mapas interativos e sistemas de geolocalização

  • Pesquisas de campo qualitativas e quantitativas

  • Ferramentas de microtargeting e hipersegmentação

  • Recortes por grupos de interesse, comunidades ou temas

A seguir, mostramos como funciona cada alternativa, com vantagens, limites e custos, e, sempre que possível, trazemos exemplos que acompanhamos ao longo das campanhas.


1. Uso de dados públicos demográficos e eleitorais


O acesso a bases de dados públicas, como os censos do IBGE e listas da Justiça Eleitoral, permite traçar um panorama inicial do território. Essas informações mostram não só o total de habitantes e eleitores, mas também distribuições por sexo, faixa etária, escolaridade e até renda.

O Anuário Estatístico do Brasil exemplifica bem como esses números são fundamentais. Eles servem de base não só para identificar onde está o maior número de votantes, mas também para cruzar perfis, um município com proporção maior de jovens ou de população idosa pede estratégias distintas, inclusive na linguagem e nas plataformas de divulgação.

Entre as vantagens, destacamos:

  • Custo zero ou baixo para obtenção dos dados

  • Abrangência nacional e regional

  • Facilidade para identificar tendências de comportamento eleitoral

Limitações:

  • Atualização pode ser lenta em algumas bases

  • Nem sempre traz nuances culturais ou específicas da localidade

  • Dados brutos exigem análise complementar para gerar insights

Na nossa experiência, lançar mão dos relatórios do IBGE e cruzá-los com números oficiais de zonas eleitorais costuma ajudar bastante, ao menos como ponto de partida. Mas, claro, há situações em que é preciso avançar com técnicas mais refinadas.


2. Mapas interativos e sistemas de geolocalização


Com as plataformas digitais ganhando relevância, plataformas de mapas interativos e ferramentas de georreferenciamento se tornaram essenciais. Esses sistemas permitem visualizar o território, filtrar áreas conforme critérios demográficos/sociais e simular impactos de campanhas segmentadas nessas regiões.

Vantagens:

  • Visualização rápida de áreas prioritárias

  • Facilidade para sobrepor dados de diversas fontes (idade, renda, infraestrutura, acesso à internet, etc.)

  • Permite testar cenários e simular impulsionamentos digitais por região

Limitações:

  • Exige conhecimento técnico mínimo para operar

  • Dependência de boa base de dados para ser realmente eficaz

  • Pode ter alto custo de licenciamento em recursos premium

Por aqui, costumamos usar mapas para delimitar trajetos de carreatas, listar bairros para ações de panfletagem estratégica e até testar diferentes alvos de impulsionamento digital, como mostramos no artigo sobre direcionamento de impulsionamento pago para sindicatos.


3. Pesquisas de campo: ouvindo para além dos números


Nem sempre só olhar para mapas e relatórios resolve. Muitas campanhas se beneficiam ao investir em pesquisas de campo, escutando presencialmente cidadãos ou realizando sondagens digitais altamente localizadas. Isso porque informações não-estruturadas e percepções locais, com frequência, fogem do padrão dos dados oficiais.

No geral, as pesquisas de campo podem ser:

  • Quantitativas (formulários estruturados, coleta de respostas objetivas por bairro, distrito, zona eleitoral ou rua)

  • Qualitativas (entrevistas, grupos focais, mapeamento de lideranças, observação de eventos e dinâmicas locais)

Custos variam muito. Pesquisas simples podem ser realizadas por voluntários, mas formatos mais robustos exigem mão de obra qualificada, treinamento da equipe, deslocamento e instrumentos próprios.

O Boletim de Notícias do IBGE detalha, por exemplo, como o padrão de votos brancos e nulos pode variar de bairro para bairro. Uma pesquisa de campo bem desenhada pode ajudar a identificar onde o desinteresse é maior, orientando ações que busquem reverter esses percentuais.


4. Microtargeting, hipersegmentação e recortes estratégicos


Aqui entram as abordagens mais sofisticadas. Microtargeting e hipersegmentação buscam fatiar ainda mais o território, não só considerando espaço, mas características socioculturais, hábitos digitais, filiações comunitárias e demandas históricas. O objetivo é atingir eleitorados específicos quase “cirurgicamente”, aumentando a taxa de resposta em públicos selecionados.

Essas práticas utilizam:

  • Bancos de dados cruzados (incluindo históricos de votação, ações sociais, consumo de mídia, etc.)

  • Recortes por grupos, comunidades, microterritórios ou até condomínios

  • Plataformas digitais para anúncios, grupos segmentados e disparos de mensagem

Normalmente, os custos são proporcionais à sofisticação da segmentação, mas os impactos podem ser robustos. É possível direcionar campanha para quem realmente está aberto à mudança, ou, ao contrário, reforçar base já consolidada.

Pesquisadores da Universidade Federal do Pampa mostraram que campanhas com padrão geográfico mais concentrado apresentam menor gasto, enquanto aquelas com padrão disperso gastam bem mais.

Quanto menor o recorte, maior o poder de diálogo.

Como escolher o método mais adequado?


A grande questão, ao final, é decidir o que combina com seus objetivos, orçamento e contexto local. Sabemos que cada cenário pede um tipo de abordagem, mas há caminhos que podem ajudar na tomada de decisão:

  • Defina claramente o público e o território de interesse. Muitas campanhas erram porque partem para a ação sem delimitar, de fato, para quem querem falar e onde estas pessoas estão.

  • Meça o tamanho do desafio. Nas eleições sindicais, por exemplo, mobilizar uma categoria pulverizada é muito diferente de trabalhar com um conselho regional altamente concentrado.

  • Avalie recursos disponíveis. Se há pouca verba, priorize métodos que aproveitem bases abertas e trabalho voluntário, se puder investir mais, aposte na personalização das mensagens e em segmentação fina.

  • Misture métodos, se possível. Um levantamento inicial em dados públicos, visão local por pesquisa de campo e segmentação específica por comunidades são combinados valiosos.

  • Considere a tecnologia de comunicação disponível localmente. Em áreas rurais, por exemplo, o WhatsApp pode ser mais eficaz do que e-mail ou anúncios pagos.

Com o auxílio de equipes especializadas, como a da Communicare, é possível desenhar diagnósticos rápidos e testar diferentes métodos com agilidade.


A influência dos dados e da tecnologia na segmentação


A tecnologia tem tornado a segmentação mais acessível e inteligente. Plataformas de gestão eleitoral, sistemas de mapas interativos, bancos de dados integrados e até soluções de inteligência artificial estão cada vez mais disponíveis.

O Programa Nacional de Inteligência e Governança Estatística do IBGE mostra como a integração de bancos de dados públicos e o uso de inteligência artificial podem aprimorar, e muito, a precisão estatística e geocientífica para campanhas.

Além disso, o Plano de Desenvolvimento da Produção 2024 do IBGE reforça que é necessário compreender valores humanos e culturais ao olhar para aspectos geográficos na segmentação. Não adianta só trabalhar com os dados frios: é preciso ir além, criando pontes reais com quem está ali.


Desafios a observar


Nem tudo são flores. Vemos desafios como:

  • Desatualização ou falta de granularidade nos dados oficiais

  • Sensibilidade para captar singularidades culturais, históricas e políticas

  • Resistência de equipes tradicionais ao uso de novas ferramentas

  • Dificuldade de medir retorno exato da segmentação

Mas, efetivamente, a experiência mostra que quando superamos essas barreiras, os resultados aparecem: mais engajamento, melhor uso da verba, aumento da identificação local com a mensagem e menos desperdício.


Caso prático: segmentação em campanhas sindicais


Vamos a um exemplo para tangibilizar o que discutimos. Participamos de campanhas sindicais em que a segmentação equivale à própria sobrevivência do projeto. Divisões regionais dentro de uma cidade exigem abordagens distintas: filiados de uma área central, em geral, querem temas específicos para eles; na periferia, as reivindicações mudam por completo.

Utilizamos mapas, listas de filiados, análises de grupos de WhatsApp (como detalhamos em como criar grupos de WhatsApp para campanha sindical), pesquisas rápidas por telefone e até visitas pontuais. Os resultados? Mais adesão, eventos lotados onde antes havia baixa participação, redução de votos brancos e nulos conforme indicado nos boletins do IBGE já citados.

Este case ilustra como a segmentação geográfica, combinada a canais de mobilização e análise de dados, potencializa campanhas e engaja públicos que antes ficavam “invisíveis” aos olhos de quem disputa espaço político ou institucional.


Como mensurar o impacto da segmentação?


Medir se a segmentação foi acertada ou não exige monitoramento constante. É fundamental acompanhar:

  • Volume de adesão nos eventos por região

  • Resposta às mensagens em canais digitais/localizados

  • Evolução na participação ou votação em cada recorte do território

  • Feedbacks espontâneos dos atores locais

  • Comparação de custos versus resultados em cada território

Avaliando essas métricas, é possível ajustar rota rapidamente e decidir por insistir, ampliar ou trocar a abordagem em tempo real. Essa análise contínua é um diferencial em campanhas modernas.


Critérios práticos para escolher a metodologia ideal


Em experiências dentro da Communicare, listamos critérios práticos que sempre consideramos no planejamento das campanhas:

  1. Amplitude do território: quanto maior o espaço, mais relevante o uso de mapas digitais e sínteses estatísticas.

  2. Disponibilidade de dados confiáveis e atualizados: donde não há informação, a pesquisa de campo é indispensável.

  3. Tempo disponível: campanhas longas podem alternar táticas, enquanto nas rápidas o foco deve ser em ações de impacto em territórios estratégicos.

  4. Capacidade de mobilização local: é viável envolver lideranças, grupos organizados ou representantes comunitários?

  5. Orçamento: recursos escassos pedem criatividade. Às vezes, misturar métodos gera mais retorno do que apostar todas as fichas em uma tecnologia de alto custo.

  6. Estrutura de comunicação: rádio comunitária, WhatsApp, reuniões presenciais ou anúncios digitais? A escolha do canal também impacta o tipo de segmentação.

Na dúvida, comece testando uma ação piloto em território limitado e expanda conforme os aprendizados reais, nunca apenas por intuição.

Para saber como formar grupos segmentados e promover mobilização direcionada, sugerimos nosso conteúdo sobre criação de grupos segmentados para mobilização eleitoral. Ali mostramos como reunir públicos específicos e gerar engajamento sustentável nas comunidades-alvo.


Erros mais comuns e como evitá-los


Ao longo dos anos, percebemos algumas armadilhas recorrentes, que podem ser evitadas com planejamento e atenção:

  • Basear a segmentação só na intuição dos coordenadores

  • Assumir que todos os bairros de uma mesma cidade são homogêneos

  • Ignorar núcleos de resistência ou de baixa penetração do discurso

  • Exagerar no uso de tecnologia, esquecendo do contato real e do calor humano

  • Subestimar a necessidade de atualização dos dados durante toda a campanha

O equilíbrio está em ouvir a comunidade local, checar os dados e, sempre que possível, ajustar os planos conforme os sinais do território.


Conclusão: segmentação geográfica é ponte para resultados estratégicos


Chegando ao fim desta jornada, fica cada vez mais claro para nós, da Communicare, que a segmentação geográfica representa uma ponte entre estratégia e resultado real em campanhas políticas, institucionais e sindicais.

Não se trata apenas de “dividir para conquistar”, mas de conectar-se de verdade com segmentos que muitas vezes permanecem à margem do discurso político nacional. O futuro das campanhas, inclusive para as eleições 2026, conselhos de classe e disputas sindicais, estará nas mãos de quem souber aliar dados, sensibilidade local, criatividade e tecnologia.

Quer que orientemos seu processo de segmentação geográfica? Execute agora estratégias inteligentes para mobilizar sua base, aumentar engajamento e fortalecer sua autoridade digital. Entre em contato pelo formulário da Communicare e descubra como crescer com ações direcionadas à sua realidade.


Perguntas frequentes



O que é segmentação geográfica em campanhas?


A segmentação geográfica em campanhas é o processo de dividir territórios (como bairros, cidades, regiões) para criar ações direcionadas a públicos específicos, buscando maior eficácia no diálogo com os eleitores ou públicos de interesse. É uma ferramenta estratégica que aumenta o impacto das mensagens ao considerar as diferenças culturais, sociais e econômicas entre regiões.


Como escolher o melhor método de segmentação?


Para escolher o melhor método, é preciso avaliar público-alvo, objetivo, orçamento e contexto local. Misturar análise de dados públicos, mapas interativos e pesquisas de campo costuma dar bons resultados. Experimente ações piloto em territórios menores antes de ampliar e adapte conforme os resultados práticos de cada recorte.


Quais são os principais métodos de segmentação?


Os principais métodos são análise de dados públicos (como bases do IBGE ou Justiça Eleitoral), o uso de mapas interativos, pesquisas de campo qualitativas e quantitativas, microtargeting, hipersegmentação e recortes por grupos de interesse ou comunidades específicas. A escolha depende do tipo de campanha, recursos e do território.


Segmentação geográfica vale a pena para meu negócio?


Na grande maioria dos casos, sim! A segmentação geográfica ajuda a investir melhor os recursos, evitando dispersão de esforços e aumentando o engajamento local. Seja para campanhas políticas, sindicais, de conselhos ou associações, identificar os territórios estratégicos permite resultados mais sólidos e personalizados.


Como medir resultados de segmentação geográfica?


Os resultados podem ser medidos acompanhando indicadores como adesão a eventos por região, taxas de resposta em canais digitais, evolução da votação, feedbacks locais e comparação entre custos e resultados em cada território. O monitoramento constante permite ajustes em tempo real e aumenta a efetividade das ações.

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